A violenta repressão às comunidades não é coisa só do Brasil, como pudemos conferir no desastroso despejo de mais de nove mil pessoas em Pinheirinho. Também em várias partes de “nuestra” América a luta social segue sendo caso de política, com ataques violentos, prisões e até mortes. Uma região que tem vivido dias de intensa mobilização e conseqüente repressão é o norte da Argentina. Lá, as comunidades lutam contra o desenvolvimento da mineração que chegou com força a alguns anos, provocando intensa destruição ambiental e humana.
Na semana passada o movimento contra as mineradoras saiu às ruas realizando um corte de estradas e foi reprimido com brutalidade, encerrando com um saldo de mais de 20 pessoas feridas. A população trancava a estrada visando impedir que os caminhões das mineradoras chegassem a Catamarca. O conflito se deu na estrada 60, que leva a mina Bajo de la Alumbrera ( que opera desde 1997, com capital estrangeiro aliado ao governo federal), detentora de uma dos principais reservas metálicas do mundo, próxima a cidade de Tinogasta, a 1.400 quilômetros de Buenos Aires. E esse foi apenas mais um protesto no bojo de uma série de manifestações que vêm sendo feitas contra a mineração a céu aberto na Argentina.
A manifestação na “ruta 60” estava sendo feita por ambientalistas e gente das localidades vizinhas que não querem mais saber de destruição. Mas, a força policial, aliada a jagunços dos mineradores não quiseram nem saber. Dispersaram o povo com bombas e balas de borracha, ferindo até crianças. O governo da região de Catamarca se defende dizendo que só cumpriu ordens da justiça porque não podia permitir que os caminhões, que contém carga tóxica, ficassem parados na estrada.
Na região de Catamarca os protestos têm sido constantes desde que a mina começou a funcionar, pois são visíveis os estragos que a mineradora provoca ao meio ambiente. Além disso, ela não cumpre o que havia prometido, que era de dar vida melhor ao povo do lugar. Pelo contrario. Há destruição da cordilheira e os lucros gigantescos que a mineradora aufere escorrem para fora do país.
Logo após o protesto e o desalojo dos manifestantes sob muita violência a presidente Cristina Kirchner declarou que será necessário exigir qualidade ambiental das empresas e pediu que os ambientalistas fossem também mais responsáveis, uma vez que o trabalho das empresas traz trabalho a milhares de pessoas. Essas declarações foram duramente rebatidas pelos manifestantes que não aceitam ser chamados de irresponsáveis. Quem é irresponsável é o governo ao permitir que essas empresas de capital estrangeiro destruam o ambiente e a vida das gentes. O fato é que, conforme denunciam as lideranças, a conversa de Cristina é para boi dormir. Ao mesmo tempo em que diz que é preciso rever os contratos ela deu liberdade total aos governadores para que sigam subscrevendo acordos de exploração com as companhias mineradoras.
A questão da exploração mineira na Argentina não é coisa de agora. Já há vários anos que os movimentos estão denunciando. Também na província de La Rioja a comunidade está mobilizada contra a construção de minas a céu aberto para retirada de ouro, prata e cobre. “Estamos voltando aos tempos da colônia, quando toda nossa riqueza sangrava para a Espanha. Hoje ela sangra para vários outros países e aos trabalhadores só resta a doença e a morte causadas pela forma de trabalho e pela brutal contaminação dos recursos naturais”.
A empresa canadense Osisko Mining Corporation, responsável pelas operações diz que a mina não causará danos ao ambiente, apesar de se saber que ela utilizará cianureto em toneladas, o que certamente haverá de contaminar o solo e a água que serve às comunidades. A proposta das mineradoras é explorar o cerro de Famatina, cujos glaciares alimentam todo o circuito hídrico da região andina de La Rioja.
Qualquer ambientalista sabe que a mineração a céu aberto é muito mais impactante que a feita de forma subterrânea. A produção de resíduos é bem maior e a paisagem é alterada de forma brutal. Os aqüíferos da região fatalmente são contaminados pondo em risco a flora, a fauna e os seres humanos. Gases, pó, ruídos, vibração da maquinaria e explosões também trazem prejuízos à saúde de todos, causando sérios problemas respiratórios aos trabalhadores e a população local.
Esse final de semana, na localidade de Algarrobo, Catamarca, aconteceu uma assembléia a favor das mineradoras, formada por alguns trabalhadores que temem perder os empregos. Eles argumentam que as denúncias dos ambientalistas não são reais, assumindo o discurso da empresa. Por outro lado, manifestantes se postaram na beira da estrada e denunciam que as empresas estão enviando jagunços armados para colocar medo nas pessoas e nos ambientalistas. A coisa ficou tensa e até os jornalistas foram impedidos de acompanhar a movimentação porque, segundo o pessoal das mineradoras, tem havido muita manipulação da informação. O certo é que as empresas estão fazendo o que lhes cabe: dividir a população para fazer com que tudo siga igual. De qualquer sorte, a estrada 40 ficou cerrada e a polícia não veio com toda a sua ferocidade retirar os manifestantes, até porque eram favoráveis às mineradoras, o que mostra os dois pesos e duas medidas.
Os trabalhadores que estão fechando a estrada que dá acesso a Andalgalá agem com intimidação, praticamente sitiando a cidade, e não permitem que nenhum morador com aspecto “hippie” se aproxime do lugar. Segundo os ambientalistas a polícia faz vista grossa aos gestos de intolerância e, na prática, está custodiando o movimento promovido pelas mineradoras, bem diferente da atitude tomada quando os protestos são contra as empresas poluidoras.
O fato é que essa é uma batalha que ainda não terminou e promete muita agitação na região norte do país.
Na semana passada o movimento contra as mineradoras saiu às ruas realizando um corte de estradas e foi reprimido com brutalidade, encerrando com um saldo de mais de 20 pessoas feridas. A população trancava a estrada visando impedir que os caminhões das mineradoras chegassem a Catamarca. O conflito se deu na estrada 60, que leva a mina Bajo de la Alumbrera ( que opera desde 1997, com capital estrangeiro aliado ao governo federal), detentora de uma dos principais reservas metálicas do mundo, próxima a cidade de Tinogasta, a 1.400 quilômetros de Buenos Aires. E esse foi apenas mais um protesto no bojo de uma série de manifestações que vêm sendo feitas contra a mineração a céu aberto na Argentina.
A manifestação na “ruta 60” estava sendo feita por ambientalistas e gente das localidades vizinhas que não querem mais saber de destruição. Mas, a força policial, aliada a jagunços dos mineradores não quiseram nem saber. Dispersaram o povo com bombas e balas de borracha, ferindo até crianças. O governo da região de Catamarca se defende dizendo que só cumpriu ordens da justiça porque não podia permitir que os caminhões, que contém carga tóxica, ficassem parados na estrada.
Na região de Catamarca os protestos têm sido constantes desde que a mina começou a funcionar, pois são visíveis os estragos que a mineradora provoca ao meio ambiente. Além disso, ela não cumpre o que havia prometido, que era de dar vida melhor ao povo do lugar. Pelo contrario. Há destruição da cordilheira e os lucros gigantescos que a mineradora aufere escorrem para fora do país.
Logo após o protesto e o desalojo dos manifestantes sob muita violência a presidente Cristina Kirchner declarou que será necessário exigir qualidade ambiental das empresas e pediu que os ambientalistas fossem também mais responsáveis, uma vez que o trabalho das empresas traz trabalho a milhares de pessoas. Essas declarações foram duramente rebatidas pelos manifestantes que não aceitam ser chamados de irresponsáveis. Quem é irresponsável é o governo ao permitir que essas empresas de capital estrangeiro destruam o ambiente e a vida das gentes. O fato é que, conforme denunciam as lideranças, a conversa de Cristina é para boi dormir. Ao mesmo tempo em que diz que é preciso rever os contratos ela deu liberdade total aos governadores para que sigam subscrevendo acordos de exploração com as companhias mineradoras.
A questão da exploração mineira na Argentina não é coisa de agora. Já há vários anos que os movimentos estão denunciando. Também na província de La Rioja a comunidade está mobilizada contra a construção de minas a céu aberto para retirada de ouro, prata e cobre. “Estamos voltando aos tempos da colônia, quando toda nossa riqueza sangrava para a Espanha. Hoje ela sangra para vários outros países e aos trabalhadores só resta a doença e a morte causadas pela forma de trabalho e pela brutal contaminação dos recursos naturais”.
A empresa canadense Osisko Mining Corporation, responsável pelas operações diz que a mina não causará danos ao ambiente, apesar de se saber que ela utilizará cianureto em toneladas, o que certamente haverá de contaminar o solo e a água que serve às comunidades. A proposta das mineradoras é explorar o cerro de Famatina, cujos glaciares alimentam todo o circuito hídrico da região andina de La Rioja.
Qualquer ambientalista sabe que a mineração a céu aberto é muito mais impactante que a feita de forma subterrânea. A produção de resíduos é bem maior e a paisagem é alterada de forma brutal. Os aqüíferos da região fatalmente são contaminados pondo em risco a flora, a fauna e os seres humanos. Gases, pó, ruídos, vibração da maquinaria e explosões também trazem prejuízos à saúde de todos, causando sérios problemas respiratórios aos trabalhadores e a população local.
Esse final de semana, na localidade de Algarrobo, Catamarca, aconteceu uma assembléia a favor das mineradoras, formada por alguns trabalhadores que temem perder os empregos. Eles argumentam que as denúncias dos ambientalistas não são reais, assumindo o discurso da empresa. Por outro lado, manifestantes se postaram na beira da estrada e denunciam que as empresas estão enviando jagunços armados para colocar medo nas pessoas e nos ambientalistas. A coisa ficou tensa e até os jornalistas foram impedidos de acompanhar a movimentação porque, segundo o pessoal das mineradoras, tem havido muita manipulação da informação. O certo é que as empresas estão fazendo o que lhes cabe: dividir a população para fazer com que tudo siga igual. De qualquer sorte, a estrada 40 ficou cerrada e a polícia não veio com toda a sua ferocidade retirar os manifestantes, até porque eram favoráveis às mineradoras, o que mostra os dois pesos e duas medidas.
Os trabalhadores que estão fechando a estrada que dá acesso a Andalgalá agem com intimidação, praticamente sitiando a cidade, e não permitem que nenhum morador com aspecto “hippie” se aproxime do lugar. Segundo os ambientalistas a polícia faz vista grossa aos gestos de intolerância e, na prática, está custodiando o movimento promovido pelas mineradoras, bem diferente da atitude tomada quando os protestos são contra as empresas poluidoras.
O fato é que essa é uma batalha que ainda não terminou e promete muita agitação na região norte do país.
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