As greves sempre nos reservam surpresas, afinal, é um tempo em que trabalhadores de diferentes setores se juntam para as atividades do dia a dia. Então, a gente acaba descobrindo coisas que jamais pensáramos. Singelas informações sobre a vida pessoal, sobre os sonhos, as indignações. Assim, os dias que se arrastam sem negociação com o governo, se revelam momentos de fraterno e, às vezes, até de emocionantes encontros.
Na semana passada , quando boa parte da categoria estava em Brasília, na caravana, me surpreendi com uma cena na cozinha. Aquele é o espaço das mulheres. São elas que, no dia a dia da greve, tomam conta das refeições. Elas preparam o café, os sanduiches, o almoço, os lanches. Já ficou familiar observar o pequeno grupo delas a reinar sobre o setor de alimentação.
Mas, naqueles dias de caravana, quem toma conta do espaço são os homens. Marcelo, Fúlvio, Daniel, João Maria e Antônio. Eles escolhem as verduras, cortam, refogam, fritam e preparam as delícias que sustentam o corpo dos que estão em luta. Quietos e reservados, eles não fazem alarde. Apenas, generosamente, oferecem seu trabalho de cozinheiros. E é bonito de ver quando a panela, fumegante, vai para a mesa e a fila se forma, o orgulho indisfarçável e a alegria que se explicita no rosto de cada um.
São essas pequenas coisa que tornam a greve um momento pedagógico. Apagam-se as fronteiras dos grupos políticos, se desfazem os rancores causados pelas divergências e rompem-se os preconceitos. São momentos bonitos em que a face solidária de cada um assoma e permanece.
Os homens da cozinha nos enchem de amorosa gratidão.
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