Sempre me causaram profunda angustia as cenas – apenas vislumbradas - de soldados estadunidenses estuprando mulheres árabes após a invasão do Afeganistão ou do Iraque. Essa violência abissal contra o corpo, que é o último reduto do ser. A humilhação do uso instrumental do sexo, apenas pelo poder de fazer. Grupos de homens armados devassando um espaço que é considerado quase sagrado pelas mulheres muçulmanas. Não bastava matar seus homens, seus filhos, destruir suas casas, era preciso invadir seus corpos, entre risadas e obscenidades.
Mas as cenas dos “marines” não são cenas isoladas. Em qualquer conflito esse rasgo de vontade de poder aparece e se constitui. Nas guerras, as mulheres acabam sendo as presas mais cobiçadas. Isso desde os primórdios dos tempos, seja para servirem de escravas, seja para serem humilhadas e vilipendiadas. Seus corpos viram troféus, seus sexos lugares de despejo de ódio. O verbo “foder” assume seus contornos mais pesados. Penso no terror das mulheres das pequenas aldeias invadidas e tomadas pelas hordas, seja no oriente, no grande continente africano, ou mesmo na Europa, como se viu na guerra entre a Bósnia e a Sérvia, e como se vê hoje na Ucrânia. A certeza da violação, quando surpreendidas sozinhas e vivas no campo da morte.
Aí aparecem essas mulheres curdas, da cidade de Kobane. Elas entenderam que a guerra, sem vem, deve ser enfrentada no coletivo, como gênero humano. Formaram uma frente de mulheres, para garantir a autodefesa e se integraram às forças de combate. Luta feminina, luta de classe, luta política, tudo junto, misturado. Vejo seus rostos, nas fotos de jornais, sorridentes e altaneiras. Enfrentam hoje o Exército Islâmico, esse grupo extremista criado para espalhar o terror. Armadas de fuzis e de valentia elas marcham, ombro a ombro com os homens na defesa do território, na defesa de seus corpos.
Essas mulheres ensinam uma singela lição. Ninguém é fraco se está junto e hoje a Unidade de Defesa das Mulheres já conta com nove mil guerrilheiras. Ao se protegerem, armadas, elas garantem a liberdade de ser quem são. Não fazem discursos, nem reivindicam diferenças. Elas estão no campo de batalha, elas se protegem e lutam pelo seu espaço geográfico. E, se por um acaso, se encontram desprotegidas diante do inimigo, como foi o caso de Arin Mirkan, de 20 anos, isolada e sem munição, elas sacrificam o corpo em nome do coletivo. Foi o que fez Arin. Envolveu-se em explosivos e explodiu, levando com ela mais 23 jihadistas. Foi a sua decisão. Seu corpo. Sua decisão.
Eu reverencio essas mulheres curdas, que souberam encontrar o caminho da mulheridade, sem perder o conteúdo de classe. São vitoriosas, não apenas por colocarem os extremistas para correr. Mas, por caminharem em comunhão.
Mas as cenas dos “marines” não são cenas isoladas. Em qualquer conflito esse rasgo de vontade de poder aparece e se constitui. Nas guerras, as mulheres acabam sendo as presas mais cobiçadas. Isso desde os primórdios dos tempos, seja para servirem de escravas, seja para serem humilhadas e vilipendiadas. Seus corpos viram troféus, seus sexos lugares de despejo de ódio. O verbo “foder” assume seus contornos mais pesados. Penso no terror das mulheres das pequenas aldeias invadidas e tomadas pelas hordas, seja no oriente, no grande continente africano, ou mesmo na Europa, como se viu na guerra entre a Bósnia e a Sérvia, e como se vê hoje na Ucrânia. A certeza da violação, quando surpreendidas sozinhas e vivas no campo da morte.
Aí aparecem essas mulheres curdas, da cidade de Kobane. Elas entenderam que a guerra, sem vem, deve ser enfrentada no coletivo, como gênero humano. Formaram uma frente de mulheres, para garantir a autodefesa e se integraram às forças de combate. Luta feminina, luta de classe, luta política, tudo junto, misturado. Vejo seus rostos, nas fotos de jornais, sorridentes e altaneiras. Enfrentam hoje o Exército Islâmico, esse grupo extremista criado para espalhar o terror. Armadas de fuzis e de valentia elas marcham, ombro a ombro com os homens na defesa do território, na defesa de seus corpos.
Essas mulheres ensinam uma singela lição. Ninguém é fraco se está junto e hoje a Unidade de Defesa das Mulheres já conta com nove mil guerrilheiras. Ao se protegerem, armadas, elas garantem a liberdade de ser quem são. Não fazem discursos, nem reivindicam diferenças. Elas estão no campo de batalha, elas se protegem e lutam pelo seu espaço geográfico. E, se por um acaso, se encontram desprotegidas diante do inimigo, como foi o caso de Arin Mirkan, de 20 anos, isolada e sem munição, elas sacrificam o corpo em nome do coletivo. Foi o que fez Arin. Envolveu-se em explosivos e explodiu, levando com ela mais 23 jihadistas. Foi a sua decisão. Seu corpo. Sua decisão.
Eu reverencio essas mulheres curdas, que souberam encontrar o caminho da mulheridade, sem perder o conteúdo de classe. São vitoriosas, não apenas por colocarem os extremistas para correr. Mas, por caminharem em comunhão.
2 comentários:
Elaine, sou leitor assíduo do seu blog, mas este é o meu primeiro comentário. Este seu texto, em particular, MUITO me emocionou. Seu humanismo, sua sensibilidade e sua prosa são bálsamos para suportara viver sob o capitalismo. Obrigado!
ni hablar del efecto de esto sobre una mujer...
siempre, y como escribe itarcio, con sensibilidad y maestría, decís lo que una/o piensa y no sabe tal vez expresar.
pero intenta hacer...
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