Foi como sempre é. Estudantes, sindicalistas, lutadores sociais e poucos populares. Em meio ao nada e ao nojo, ali estava, como sempre, a flor. Essa que sempre re-nasce, a despeito de todas as prostrações. Um grupo não tão grande, mas aguerrido e seguro. Uma gente que sabe o que quer e o que não quer. Nesse caso, o da luta pelo transporte público de qualidade, não querem o caos que aí está, e além de tudo caro. E querem o transporte seguro, tranqüilo, ágil, barato.
Ali estavam eles buscando encontrar o apoio das gentes, estas que sofrem o transporte coletivo todos os dias. Os que ficam nas filas, os que amargam o trajeto em pé, no calorão, os que se vêm obrigados a irracionalidade das baldeações. Enfim, os usuários que reclamam nas longas esperas dos terminais. Mas, o que acham os que lutam? A velha lógica da Geni, tal qual cantou Chico. Olhares furiosos, xingamentos, papéis amassados com fúria. “Estão aí atrapalhando tudo”, dispara uma mulher. Jogam bosta na Geni.
Mas, quando a Geni salva o mundo, como na música, e como fizeram os estudantes e outros tantos lutadores anônimos em 2004, na Revolta da Catraca, estes mesmos furiosos usufruem das vitórias. Quem se lembra que em 2004 a passagem mais cara tinha ido para três reais? E que foi a luta das gentes, unidas, que fez a tarifa baixar? Quem se lembra desta estrondosa vitória do povo amalgamado em comunhão? Pois é! O povo unido, venceu... E todos agradeceram àqueles afoitos jovens que se arriscaram, que apanharam e fizeram acontecer a vitória. Tudo bem, a gente sabe o quanto as pessoas são engolidas pela mais-valia ideológica que se expressa na televisão, no trabalho, em casa, na escola. Mas o papel de quem luta é perseverar e buscar desvelar o que está escondido.
Neste primeiro dia de manifestação também foi como sempre é. Em menos de um minuto de junção do povo e lá já estava a polícia, “para manter a ordem”. A ordem dos empresários, dos dirigentes municipais. Não a ordem do povo que quer melhoria e tarifa menor. Eram poucos os milicos, mas do batalhão de choque. Já chegaram empurrando, rasgando faixas, com armas de choque soltando faíscas e aqueles olhares de ódio profundo. Sempre me tocam aqueles olhares. Uma expressão horrenda. São olhos fixos, não vêm em quem batem, estão além do ser. Vazios e cheios ao mesmo tempo. Um paradoxo. Pergunto-me sobre o tipo de treinamento que devem receber. Que coisa tremenda!
A galera não se achica, segue cantando, batucando e ocupa a rua em caminhada. Um P2 filma os manifestantes, um a um, e ri, debochado, quando é apontado como milico. Os soldados do choque acompanham, com aquele mesmo olhar. Depois, na hora da dispersão eles vagueiam pelo terminal de ônibus, ostensivos, buscando os incautos que vão tomar o coletivo sozinhos, sem proteção. É uma boa forma de provocar medo. Também são colocados alguns policias militares nas filas que se avolumam dentro do TICEN. Para que não haja o catracaço (que é quando o povo pula a catraca e não paga a passagem). Uma mulher, com cara de quem chegou de marte, pergunta ao policial.
- O que houve? Alguém morreu?
- Não, são os estudantes.
- Bando de vagabundos.
E segue, na fila, feito um cordeiro, por mais de 40 minutos. Vez em quando ela bufa embora pareça não compreender que “os vagabundos” querem melhorar, inclusive, a vida dela naquele terminal. O dia termina e a gurizada volta pra casa. Olham de soslaio, arredios, procurando os camuflados. Mas, não temem. Sorriem e esperam. Amanhã vai ser maior.
A Frente de Luta Contra o Aumento da Tarifa está chamando manifestação para os dias 6,7, 10, 11 e 12, em frente ao terminal do centro de Florianópolis.
Ali estavam eles buscando encontrar o apoio das gentes, estas que sofrem o transporte coletivo todos os dias. Os que ficam nas filas, os que amargam o trajeto em pé, no calorão, os que se vêm obrigados a irracionalidade das baldeações. Enfim, os usuários que reclamam nas longas esperas dos terminais. Mas, o que acham os que lutam? A velha lógica da Geni, tal qual cantou Chico. Olhares furiosos, xingamentos, papéis amassados com fúria. “Estão aí atrapalhando tudo”, dispara uma mulher. Jogam bosta na Geni.
Mas, quando a Geni salva o mundo, como na música, e como fizeram os estudantes e outros tantos lutadores anônimos em 2004, na Revolta da Catraca, estes mesmos furiosos usufruem das vitórias. Quem se lembra que em 2004 a passagem mais cara tinha ido para três reais? E que foi a luta das gentes, unidas, que fez a tarifa baixar? Quem se lembra desta estrondosa vitória do povo amalgamado em comunhão? Pois é! O povo unido, venceu... E todos agradeceram àqueles afoitos jovens que se arriscaram, que apanharam e fizeram acontecer a vitória. Tudo bem, a gente sabe o quanto as pessoas são engolidas pela mais-valia ideológica que se expressa na televisão, no trabalho, em casa, na escola. Mas o papel de quem luta é perseverar e buscar desvelar o que está escondido.
Neste primeiro dia de manifestação também foi como sempre é. Em menos de um minuto de junção do povo e lá já estava a polícia, “para manter a ordem”. A ordem dos empresários, dos dirigentes municipais. Não a ordem do povo que quer melhoria e tarifa menor. Eram poucos os milicos, mas do batalhão de choque. Já chegaram empurrando, rasgando faixas, com armas de choque soltando faíscas e aqueles olhares de ódio profundo. Sempre me tocam aqueles olhares. Uma expressão horrenda. São olhos fixos, não vêm em quem batem, estão além do ser. Vazios e cheios ao mesmo tempo. Um paradoxo. Pergunto-me sobre o tipo de treinamento que devem receber. Que coisa tremenda!
A galera não se achica, segue cantando, batucando e ocupa a rua em caminhada. Um P2 filma os manifestantes, um a um, e ri, debochado, quando é apontado como milico. Os soldados do choque acompanham, com aquele mesmo olhar. Depois, na hora da dispersão eles vagueiam pelo terminal de ônibus, ostensivos, buscando os incautos que vão tomar o coletivo sozinhos, sem proteção. É uma boa forma de provocar medo. Também são colocados alguns policias militares nas filas que se avolumam dentro do TICEN. Para que não haja o catracaço (que é quando o povo pula a catraca e não paga a passagem). Uma mulher, com cara de quem chegou de marte, pergunta ao policial.
- O que houve? Alguém morreu?
- Não, são os estudantes.
- Bando de vagabundos.
E segue, na fila, feito um cordeiro, por mais de 40 minutos. Vez em quando ela bufa embora pareça não compreender que “os vagabundos” querem melhorar, inclusive, a vida dela naquele terminal. O dia termina e a gurizada volta pra casa. Olham de soslaio, arredios, procurando os camuflados. Mas, não temem. Sorriem e esperam. Amanhã vai ser maior.
A Frente de Luta Contra o Aumento da Tarifa está chamando manifestação para os dias 6,7, 10, 11 e 12, em frente ao terminal do centro de Florianópolis.
Um comentário:
Olá! Gostaria de saber como consigo as fotos das manifestaçoes do passe livre de março de 2009. Obrigada.
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