terça-feira, 3 de maio de 2016

Por que precisamos nos afirmar belos?



Ali estão, no meio da Biblioteca Central. Impossível passar incólume. Penduradas, rodando, estaqueadas. As imagens dos negros da UFSC. Um povo que até bem pouco tempo só aparecia na universidade configurando casos bem específicos. Raros, a maioria, africanos. Mas, agora, com o advento das cotas, eles estão por todo lugar, em todos os cursos, expondo suas demandas e sua cultura, rompendo o preconceito, enfrentando o racismo de cada dia.

Não tem sido uma caminhada fácil. O racismo é parte orgânica da sociedade brasileira, que nada tem de cordial e, desde os primeiros passos das cotas para negros, índios e gente da escola pública, que esses estudantes precisam enfrentar a fúria, o escárnio, a discriminação.

Mas, ainda assim, eles avançam, afirmando suas identidades étnicas e encarando as dificuldades como sempre fizeram em todos os espaços da vida. Guerreiros e guerreiras, desde a ancestralidade do grande continente do leste.

O trabalho com as fotos é uma produção do Coletivo Kurima, dos estudantes negros e negras da UFSC, que acabou se expressando na exposição “A beleza de nossos corpos negros”. Um espaço de encanto, formosura, perfeição. 

O trabalho coordenado por Roberta Lira é como uma brisa dentro da BU, um respiro de vento fresco, mostrando que a beleza é algo que está no olho de quem vê. Caminhar por entre os retratos dos corpos negros, do riso, da cor, é trilhar a vereda do verdadeiro encontro humano. Porque somos nada mais que isso - negros, brancos, vermelhos e azuis – “apenas um pequeno gênero humano” como dizia Bolívar. 

Vale a pena visitar esse espaço de afirmação e de maravilhas. Sentar, fruir, sentir, se envolver e, finalmente, responder com profunda honestidade a pergunta inicial e provocativa: por que precisamos nos afirmar belos? Por quê? 

A exposição fica na BU até o dia 15 de maio. 

Concepção e coordenação geral: Roberta Lira
Fotografia: Diana Souza
Realização: Coletivo Kurima (Kurima Bantu)



Nenhum comentário: