Remexendo as gavetas achei essa foto do aniversário de um ano do meu irmão, o que está nos braços de minha irmã mais velha, Nara. Encantei-me com essa guriazinha fazendo um muxoxo, de olhos tão graúdos. Imagino eu que estava louca para que acabasse o bochicho das fotos para comer os docinhos. Gostei tanto de vê-la que divido com vocês. Não. Não sinto saudade dela, porque continuamente a sinto viva em mim com esse mesmo olhar de “vai demorar muito, é?”.
quarta-feira, 18 de setembro de 2024
terça-feira, 17 de setembro de 2024
TV Bordel
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
Vitrine da Carne
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
Quem são os donos do cabaré
Sou vizinho do cabaré da bola e espio pelas frestas para ver o que acontece. Vejo a festa dos donos da maior empresa de jogadores do planeta, capatazes dos pé-de-obra. Observo como eles mandam e desmandam em todo o país. Mandam nos clubes e na seleção brasileira e embolsam imensos lucros. Conheça quem são. Comentário de Nilso Ouriques, no Programa Campo de Peixe da Rádio Comunitária Campeche. (24.08.2024)
As precursoras do Curso de Jornalismo da UFSC
Lembro bem, quando ainda estudava, das conversinhas de corredor falando mal das aulas de algumas delas, porque davam muita teoria, ou porque falavam de assuntos que não tinham “nada a ver” com jornalismo. Ora, o nada a ver era a discussão da arte, da cultura, da literatura, do simbólico, elementos que são fundamentais para a formação de um jornalista, para que seja capaz de ler o mundo com mais competência. Neila Biachin, Aglair Bernardo, Sônia Maluf, Carmem Rial e minha adorada mestra Gilka Girardello pavimentaram um caminho que se descortinou extraordinário. Na época em que cursei jornalismo tinha o grupo dos “políticos” e o dos “culturais” e havia essa rivalidade boba, tão redutora, que depois evoluiu para a perversidade.
Por sorte conseguimos conviver com essas mulheres generosas e criativas, fora das caixinhas da normose. Como mulheres foram particularmente ridicularizadas e sofreram inúmeras violências. Mas, alguns homens também tiveram sua cota de sofrimento, como foi o caso do Henrique Finco, do Mauro Pommer, que também faziam parte do grupo dos “culturais”, e eram igualmente professores instigantes e criadores. E até o Sérgio Weiggert, que era da turma dos “políticos”, sofreu na mão de alguns perversos, tirado como louco. Um gênio, que abriu mundos em nós. Eu mesma tenho ele e a Gilka como minhas referências eternas - mudaram meu rumo.
Ontem vendo aquela mesa bonita, com aquelas mulheres corajosas, que a despeito de tudo que viveram ali, seguiram seus caminhos construindo maravilhas, me emocionei demais. Que bom que a turma do curso de hoje teve a coragem de trazê-las e prestar essa homenagem. O passado não se apaga, foi duro e triste, mas o presente mostra claramente o tamanho da contribuição destes professores - mulheres e homens – que nos guiaram pelo labirinto do fazer jornalístico. Eu os reverencio e os honro! E agradeço por ter tido a sorte de tê-los no meu caminho...
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
Levantes na África
Nos últimos meses temos visto na imprensa notícias esparsas sobre golpes e revoltas em países da África como o Mali, Niger e Burkina Faso, que já foram colônia da França e ainda estavam sobre seu domínio econômico e cultural. As informações são totalmente desprovidas de contexto e – no que tange a grande mídia – eivadas de mentiras e preconceitos. Buscamos então trazer uma boa análise sobre a realidade daquela região da África para que se possa entender o que acontece, de fato, por lá.
Há que se ter em conta que o continente africano foi retaliado pelas grandes potências e explorado sistematicamente até os anos 1960, quando então começaram a ser vitoriosos os movimentos de libertação. Desde aí, as movimentações populares na região para garantir soberania têm sido frequentes, visto que tantos os Europeus como os Estados Unidos seguem com suas garras afiadas sobre o continente. Neste vídeo o jornalista e professor Pedro António dos Santos, que é natural da Guiné Bissau, faz uma robusta análise sobre os movimentos que hoje se consolidam no Mali, no Niger e em Burkina Faso, trazendo também o contexto das lutas.
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
O assédio moral é um projeto
Foto: Patrícia Krieger
O Sintufsc trouxe o professor e educador popular Emílio Genari para conversar com a categoria sobre o assédio moral, uma vez que o final da greve acabou por expor essa terrível chaga que atualmente dilacera os trabalhadores. Foi um momento bastante importante de reflexão para que os trabalhadores possam compreender qual o papel do assédio neste momento específico do modo capitalista de produção.
Genari deixou claro que até pouco tempo o assédio moral era algo bastante pontual. Acontecia aqui e ali. O mais comum era a figura de um chefe autoritário capaz de cometer alguma violência verbal. Mas, com o passar do tempo, o que era uma violência ocasional passou a se conformar num projeto de controle dos trabalhadores. Segundo ele, o assédio moral é hoje parte da lógica do capital. É preciso pegar um trabalhador “para Cristo”, uma vítima em potencial, para desmontar e desestimular qualquer ação reivindicatória ou de protesto. “Hoje, os chefes são treinados para assediar moralmente, para desintegrar o trabalhador”. Assim, o trabalhador assediado vira um exemplo e faz com que os demais busquem distância daquela “morte em vida”. Um jeito bastante eficaz para evitar qualquer rugosidade no ambiente.
Genari mostrou que os tempos atuais são geridos por um individualismo exacerbado. O sentido de comunidade e de pertencimento a um grupo foi esmigalhado. O sistema precisa que o trabalhador atue na solidão, sem criar laços. “Até pouco tempo, se um trabalhador era agredido ou assediado, logo os demais colegas se levantavam em protesto. Hoje não. A pessoa sofre sozinha e o colega finge que não vê. Isso destrói a pessoa completamente”. Ele deixou claro que a única saída é definitivamente desmontar essa prática na ação coletiva. Daí a importância do sindicato. Ressaltou que a batalha contra o assédio não passa por cartilhas nem por discursos, mas sim pela construção de uma resposta efetiva contra esse projeto do capital.
O que ficou bastante claro é a necessidade de se compreender a trama urdida pelo capital para melhor controlar o trabalhador e recusar, de maneira prática, essa receita. Para isso há que se recuperar o sentido de coletivo, de comunidade, de solidariedade. Um trabalhador assediado precisa ser imediatamente protegido pela ação dos demais colegas. Daí também o cuidado que é preciso tomar com relação aos projetos de organização do trabalho que vão sendo apresentados pelo sistema e assumidos sem crítica. Um bom exemplo é a lógica do trabalho remoto. Sozinho, em casa, sem o olhar do colega, o trabalhador é uma presa em potencial do assédio moral.
Agora, mais do que nunca, mais do que a denúncia sistemática desta violência cotidiana é preciso reordenar o sentido de comunidade. Um desafio e tanto que passa por compreender nos seus mais recônditos espaços, o sistema capitalista que domina e explora o mundo.