sábado, 1 de agosto de 2015

Homenagem II - Antônio Carlos Silva




















É sempre assim. Eu entro na reitoria e fico procurando pelas paredes aquela arte que sempre mobilizou nossas greves. Não há mais. Charges, desenhos, frases de efeito, tudo muito bem pensado entre o engraçado e o crítico. Uma linguagem única, feita por alguns traços e cores. Assim era o trabalho realizado pelo nosso querido guru, Antonio Carlos Silva, que, inclusive foi imortalizado num livro editado pelo Sintufsc.  Durante os anos em que atuou na UFSC, como arquiteto, ele nunca faltou a um movimento de luta. E mais, ele foi um dos que, junto com outro ícone da luta na UFSC, Manoel Arriaga, iniciou todo o processo de discussão de organização dos trabalhadores pela esquerda. Com eles, nasceu o Movimento Alternativa Independente, o MAI, que mudou a cara da UFSC. Com seu jeito meio tímido, discreto, ele agigantou a luta política de tal maneira, que desse criadouro nasceram inúmeras lideranças que fizeram história na universidade.

Pois com o Silva era assim, bastava eclodir um movimento grevista e lá estava ele com suas tintas e pincéis. Sempre disposto ao trabalho coletivo. Ele desenhava as charges e a galera fazia as pinturas, em manhãs e tardes de puro contentamento. Assim a greve sempre assumia aquele aspecto de arte, alegria e compromisso. Os imensos desenhos, ironizando os governantes, os reitores, os pelegos, depois de pintados eram pendurados por toda a UFSC. E, nas reuniões de comando, que aconteciam todos os dias, lá estava ele, fazendo sua análise, construindo a política.  Um homem completo. Imprescindível.

Há poucos anos ele se aposentou. E, sem ele, os movimentos grevistas da UFSC perderam muito em beleza e em alegria. Artista plástico de reconhecida competência, ele segue por aí fazendo seus desenhos, pintando suas telas. Mas, nós, na UFSC, ficamos órfãos, e não apenas de sua arte. Mas, também do seu sorriso de menino e da sua lucidez.

Minha homenagem de hoje vai para esse homem. Colega, amigo, companheiro, fazedor de mundos. Sim, sentimos sua falta, mas temos sua arte e sua ternura marcadas em nós de maneira indelével. Sabemos que está bem feliz curtindo seu tempo de livre das pressões do trabalho cotidiano. E eu, do fundo do meu coração quero dizer obrigada. Por ter nos ensinado tanto, por ter tido a paciência de trabalhar com os mais jovens, por iluminar nossa UFSC com a beleza que criava no papel.


Antônio Carlos Silva, guru, mestre, amigo, um ser especial. Obrigada por tudo!!!




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