quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Chegou a Pobres 29

Escrita a favor da vida

Moradia, cidade, sistema prisional... vida...



Ao chegar na marca de 29 edições, a revista Pobres & Nojentas, que circula a partir desta semana, traz reportagens que, de um modo ou de outro, se relacionam com temas sobre os quais tratamos nas 28 outras edições. São temas que também aparecem nos grandes meios de comunicação, mas que aqui são contados de outra forma, sob outro olhar. E é bom terminar 2012 com mais uma edição, porque a equipe da revista bem que gostaria de garantir a periodicidade da publicação, de dois em dois meses. Mas não dá para prometer isso.

Assunto é o que não falta, mas a Pobres sai quando é possível. E, como escreve a jornalista Elaine Tavares, procuramos oferecer um conteúdo que leve à crítica desta sociedade e à transformação. Está também visceralmente vinculada à nossa proposta editorial a ideia de que a palavra rebelde, criadora, subversiva precisa de espaço para se expressar. Por isso a revista se faz de um jeito aparentemente errático. Não é que a linha editorial seja confusa ou amadora. É porque faz parte do conceito editorial ser um espaço livre das palavras de quem não tem ainda onde clamar.

Em novembro, a revista Veja publicou reportagem racista e preconceituosa sobre o povo Kaiowá e Guarani. A Aty Guasu Guarani e Kaiowá e a Comissão de Professores Guarani e Kaiowá estão exigindo direito de resposta aos Guarani e Kaiowá. Vale conhecer um trecho da carta escrita pela Comissão:

“Os jornalistas precisam estudar mais um pouco. Conhecer o que é índio, o que é cultura, o que é tradição, o que é história, o que é língua, o que é Bem-Viver. A terra, para nós, é o nosso maior bem viver, coisa que ainda a imprensa não entendeu muito bem. Não entendeu que é possível escrever coisa boa sem prejudicar.

O povo pobre não tem acesso à imprensa, quem tem são os latifundiários e os empresários. São eles que comandam. Nós somos brasileiros, somos filhos da terra. É preciso valorizar todas as culturas, o que a imprensa não faz. Mas precisava fazer.

O direito à terra é um direito conquistado pelo povo brasileiro que precisa ser cumprido. E é possível fazer essa luta com solidariedade, com amor, com carinho, que é a competência do ser humano. Não é com maldade, como fez essa reportagem.

A matéria quer colocar um povo contra outro povo. Quer colocar os não-índios contra os índios. Essa matéria não educa e desmotiva. Ao invés de dar vida, ela traz a morte. Porque a escrita, quando você escreve errado, também mata um povo”.

Aqui na Pobres & Nojentas, é isso o que esperamos: que a escrita esteja sempre a favor da vida.

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