segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Haiti: mais desgraças


Não bastasse toda a tragédia que tem se abatido sobre o Haiti, com golpes de estado, exército interventor nas ruas, terremoto e epidemias, agora mais um fantasma aparece para tornar as coisas ainda mais difíceis e perigosas. Em meio ao caos de país, retornou, no último domingo, o ex ditador Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier, depois de ter sido expulso pelo povo em luta há 25 anos, ao final de um regime que mergulhou o Haiti no terror. “O avião aterrizou” – anunciavam os veículos de imprensa – “ele está nos assentos 3A e 3B”. No desembarque, aquele que, com seu pai, foi o responsável por anos e anos de atraso e medo no país disse, cinicamente: “Vim ajudar”. Resta saber como foi possível esta volta, uma vez que ele saiu corrido do país.

Pouco depois de descer do vôo da Air France, o tristemente famoso “Baby Doc” seguiu para um hotel cinco estrelas na cidade de Porto Príncipe, que passou a ser protegido pela polícia hatiana e também por soldados da ONU. Mais um absurdo.

Duvalier foi sacado do poder em 1986 depois de manifestações gigantescas contra seu governo que era acusado de saquear as reservas do país e praticar o terror contra a população, causando mais de 30 mil mortes só no “reinado” do filho. Ele estava vivendo em Paris desde há 25 anos e hoje conta com 59 anos de idade. A chegada de Baby Doc ao Haiti pode colocar mais fogo na já “caliente” conjuntura haitiana que vive hoje suas eleições presidenciais. O primeiro turno, em 20 de dezembro de 2010, não garantiu vencedor e a segunda volta será agora, no dia 20 de janeiro.

Baby Doc, que com seu pai, submeteu o país a uma sangrenta ditadura de décadas, ajudado pelo governo estadunidense, ainda tem seu seguidores no Haiti e é óbvio que a sua presença no país só serve para provocar mais tensão e emoções viscerais. Fragilizadas por todas estas tragédias que já duram quase uma década, as gentes podem optar por um retorno ao passado, o que tornará a vida dos haitianos ainda mais dolorosa. É verdadeiramente dramática a conjuntura do Haiti neste início de 2011.

Nenhum comentário: