Chamada por um grupo de técnico-administrativos, professores
e estudantes, aconteceu nessa quinta-feira, dia 07 de novembro, uma reunião
pública para discutir a possibilidade de uma candidatura para as eleições na
UFSC. A discussão foi chamada tendo como referência o nome de Irineu Manoel de
Souza, que participou da última consulta, na qual saiu vencedor Luiz
Cancellier.
As eleições na UFSC acontecem de maneira atípica, depois da
tragédia que vitimou Cancellier. Preso pela Polícia Federal, sofreu violência e
humilhações, sendo também impedido de entrar na universidade, sob uma acusação de
tentativa de obstrução de Justiça, sem qualquer prova ou embasamento. Premido
pela humilhação pública ele acabou se matando. Com sua morte veio a necessidade
de substituição legal.
Como a UFSC não tem nos seu estatuto uma regra clara para a
transição em caso de morte do reitor, adveio uma grande confusão. A
vice-reitora, apesar do apoio recebido de toda a comunidade para seguir com o
mandado, acabou pedindo licença de 60 dias e deixou a universidade sem direção.
A partir daí abriu-se o debate para novas eleições diretas. E foi o que acertou
o Conselho Universitário.
Na reunião realizada no CSE, com a presença de um bom número
de trabalhadores e estudantes, as falas que se seguiram apontaram a necessidade
de uma candidatura que seja firme na defesa da universidade pública, hoje sob forte
ataque por parte do governo e das forças da repressão. O programa apresentado
por Irineu nas últimas eleições ainda segue bastante atual nessa conjuntura
porque aponta para a necessidade do aprofundamento da democracia, para a
transparência, para a participação efetiva dos trabalhadores e estudantes no
comando da instituição. Tem posição clara quanto ao Hospital Universitário, a
pesquisa, a extensão, pelas 30 horas e contra o ponto eletrônico.
Foi lembrado também que a conjuntura é bastante favorável
para uma candidatura que seja bastante radical, no sentido de não abrir mão da
defesa intransigente de uma universidade visceralmente ligada aos interesses da
comunidade onde está inserida.
As forças que compõe o poder na UFSC estão em movimento.
Possivelmente haverá uma candidatura da direita tradicional, que na última
eleição foi representada pelo professor De Pieri, a qual virá para defender os
interesses de grupos bem específicos dentro e fora da UFSC. Também haverá
candidatura representando o grupo de Cancellier, representando a continuidade
do projeto que estava em curso, alinhado aos ditames do governo e sem uma
postura mais radical com relação aos grandes problemas estruturais da
universidade.
A candidatura de Irineu Manoel de Souza pretenderá ser essa
radicalidade. Uma candidatura sem ambiguidades. Capaz de dialogar sem medo com
os trabalhadores, de caminhar segura no sentido de garantir a permanência dos
estudantes e de constituir com os professores propostas vinculadas a vida da
cidade e do país. O reitor necessário agora, nessa conjuntura, é o que fala
claro e aprofunda os processos participativos de decisão. Um dirigente que
seja capaz de discutir em profundidade a questão das Fundações e que dirija um
processo nacional de construção de outro projeto de universidade, popular,
nacional e transformadora.
Essa é nossa hora histórica. Momento único de garantir que a
universidade de Santa Catarina seja o motor da mudança. São tempos difíceis que
exigem posturas radicais. O grupo reunido no CSE indica o nome do Irineu para
comandar esse processo.
A partir de agora, devem se realizar novas reuniões, visitas
aos setores e a reconstrução coletiva do projeto apresentado na última eleição.
A conjuntura não é mais a mesma de um ano e meio atrás. Vivemos um processo de
golpe no qual a universidade vem sendo alvo de ataques e o Banco Mundial indica
sua destruição. Não é tempo de vacilações ou meias-palavras. É tempo de firmeza
e de clareza política.
Vamos com Irineu rumo à universidade necessária.
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