Havia tempos que eu não passava pela Mauro Ramos. E, assim,
de chofre, amuei. Lá estava a lógica dos espigões colocando abaixo mais algumas daquelas
casas típicas, açorianas, que um dia fizeram a paisagem da rua. Poucas restam
agora. Sempre me encantei com aquelas que ficavam ali próximas da Fecesc, três,
grudadinhas, parede com parede. Agora não há mais.
Uma delas foi preservada para servir de fachada a um destes
monstros de cimento. O pastiche de um tempo que não existe mais. Uma casquinha
ritual, absolutamente perdida de sua beleza e historicidade, tal como ficou a Casa do Barão.
Casas que um dia pertenceram aos mais ricos, claro, por isso
tão bonitas e cheias de rococós. E que poderiam servir de casas de cultura,
cinema, pontos de cultura, sei lá. A gente se apossando dos espaços que no
passado nos eram negados. Mas, não. Eles continuam não sendo nossos e mesmo
fazendo parte de toda uma arquitetura típica ficam ali, como uma farsa.
Parei diante da casinha verde, que parecia gritar de medo e
de solidão, e chorei. Minha cidade vai sumindo na bruma dessa modernidade
burra. Logo, logo não haverá na Mauro Ramos mais que prédios e templos.
Um comentário:
Elaine, que triste coincidência. Passei ontem, por ali, com uma amiga. Falammos a mesma coisa.Um crime sem fim...depois vão á Europa e voltam de lá maravilhados com a conservação da História...
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