quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Estados Unidos e Afeganistão



Na segunda-feira passada, dia 19, o Afeganistão celebrava o centenário de sua independência da Grã-Bretanha, mas ainda mergulhado na tragédia que tem sido a vida da população depois da invasão estadunidense em 2001. O país foi invadido depois do ataque de 11 de setembro, quando a culpa recaiu sobre o grupo Al Qaeda que, conforme os Estados Unidos, tinha uma base naquele país.

Pois, em vez de festa nesse centenário os afegãos tiveram de viver uma série de atentados com bombas explodidas em restaurantes e outros espaços públicos na cidade de Jalalabad, deixando mais de 60 feridos. No sábado anterior, outro atentado, reivindicado pelo Estado Islâmico, foi registrado em Kabul durante um casamento, no qual morreram 63 pessoas e 200 ficaram feridas. Uma rotina macabra que assola a vida dos civis.

A invasão do Afeganistão pelos EUA, baseada em mentiras, tinha como proposta levar a “liberdade e a democracia” ao país, derrubando o governo dominado pelo Talibã. Nada disso aconteceu. O que se deu foi o aprofundamento de uma luta fratricida sem fim, com o fortalecimento do Talibã, que tem resistido numa guerra de guerrilha, e ainda com a criação do Estado Islâmico, outro grupo fundamentalista. Atualmente os Estados Unidos está sendo obrigado a negociar com o Talibã um acordo de paz que inclui a retirada das tropas estadunidenses do país depois de 18 anos fomentando o caos. O governo legalmente constituído, e apoiado pelos Estados Unidos, não participa das negociações.

Ou seja, o Afeganistão se configura mais uma derrota gigantesca para os Estados Unidos, visto que em 18 anos de invasão os soldados estadunidenses não conseguiram derrotar os talibãs. Hoje, os Estados Unidos têm cerca de 14 mil soldados no país e nesses quase vinte anos consumiu quase dois trilhões de dólares para manter a guerra. O departamento de Defesa dos Estados Unidos divulga que mais de dois mil soldados estadunidenses morreram no Afeganistão, enquanto que os mortos da força afegã aliada somam 45 mil. A ONU aponta perto de 200 mil mortos desde o início da invasão.

Os EUA levaram o terror para um povo sem qualquer outro motivo senão o de garantir poder geopolítico e roubar as riquezas. E, agora, 18 anos depois, pretendem sair do país, deixando uma nação destruída e, de novo, na mão do Talibã. Não responderão por isso em nenhum tribunal, ainda que sejam criminosos.

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