terça-feira, 28 de agosto de 2018

O Xangô do São Francisco



Era assim. Todas as tardes era hora de ir ao Xangô, um espaço de bar/discoteca/ salão que havia na beira do Rio São Francisco, em Pirapora. Por volta das cinco horas o tempo era de um banho nas duchas do rio e depois ficar à toa, pernas para o ar, vendo o pôr-do-sol, aquela quenturinha envolvendo o corpo. 
A vida passava devagar naquelas lindas paragens das Minas Gerais. 

Uma cuba libre, a cabeça tonteada. A cidade toda passava por ali, pelo menos a que nos interessava. O flerte, o olhar oblíquo, aquela coisa morna do norte de Minas. Um deixar-se estar, apenas fruindo o som do rio, passando devagar. Tudo era devagar. Por vezes um beijo, um volteio de corpo, o mergulho nas águas profundas. Pirapora. Pira Poré. 

E no som que ecoava das caixas do Xangô, Alceu... E a belle de jour... as tardes de dias azuis... Era bom! E a gente, no azul, também viajava. Saudades daqueles verdes anos!

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