O primeiro de janeiro é a celebração do início do ano legado
pelo calendário gregoriano, imposto ao mundo ocidental pelo papa Gregório XIII em
1582, quando ele substituiu o calendário Juliano, definido por Julio César,
ainda no Império Romano. Como a Europa acabou sendo o espaço do mundo que impôs
os padrões do mundo ocidental, esse tem sido o calendário que rege o ano civil
da maioria das nações no globo.
Mas para o povo aymara que conforma boa parte dos Andes, o ano
começa no 21 de junho, sempre no solstício de inverno, quando o sol (Tata Inti)
fica mais longe da terra, esperando que as gentes façam oferendas e dancem
chamando-o de volta. É nesse período que também começa o período das semeaduras
que terá seu auge no dia 24, durante o Inti Rayme, a celebração mais importante
do povo dos Andes. Para os aymaras e quéchuas o ano que começa é o 5525.
Para os que ainda cultivam as tradições e os deuses velhos,
esse 21 de junho foi dia de visitar a porta do sol em Tiahuanaco, centro
sagrado da cultura antiga, e render homenagens a Tata Inti. É ali que se reúnem
os amautas (sacerdotes) reverenciando Pacha (tudo que vive). Nos primeiros raios
da manhã que se divisam através do portal os camponeses e os indígenas renovam
as esperanças na unidade do universo. É uma hora única, sagrada, na qual se
anuncia o eterno retorno de Inti para que a vida siga se fazendo.
O centro cerimonial e Tiahuanaco faz parte das ruínas de uma
das cidades mais antigas da parte sul de Abya Yala, hoje no centro da Bolívia.
No solstício o lugar se enche de cantos e oferendas a Inti e Pachamama. Ali,
com a invocação da fertilidade da terra as gentes esperam que a vida siga se
reproduzindo sob as bênçãos do sol.
Jallalla, hermanos. Estamos juntos na vibração
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