quinta-feira, 5 de julho de 2012

Fortalece a greve na UFSC




O movimento de greve na UFSC está diferente e isso se pode notar com uma simples espiada nas assembleias. Os novos trabalhadores, contratados nos últimos anos, aparecem em grandes grupos. Muitos deles foram militantes do movimento estudantil e isso só fortalece a luta. Outros, nunca colocados diante das lutas trabalhistas, percebem que só com a batalha firme podem chegar a garantir direitos. O cenário mudou.

Isso pode ser percebido na última assembleia quando um grupo de trabalhadores propôs o vale-almoço, argumentando que as pessoas ficam aqui o dia inteiro e precisam de um incentivo para permanecer no campus. Foram os trabalhadores mais jovens que se levantaram contra a proposta. Pagar para lutar? Financeirizar a greve? A discussão pegou fogo na assembleia e estabeleceu um divisor de águas. A proposta passou, mas o movimento fortaleceu com os trabalhadores mais novos definindo melhor seu campo de luta. Também é desse sangue novo que nascem as propostas de atividades da greve, coisa que já andava esquecida. Tem cine-pipoca, tem debate sobre carreira, as 30 horas, discussão sobre os espaços de decisão na UFSC. E em todos esses fóruns se percebe a presença maciça da juventude.

Na manhã de quinta-feira a universidade amanheceu fechada. Desde a madrugada o grupo do ato-surpresa fechou todas as entradas do campus e quando o sol apareceu – e com ele os seres-carro – a confusão começou. O entorno da UFSC é um caos cotidiano de trânsito porque boa parte dos professores, alunos e técnicos vêm de carro. E, com o trancamento das rótulas e passagens, não havia onde estacionar. Desde as sete horas os engarrafamentos aumentavam.

Com a ação do movimento também não foram poucos os conflitos. Pessoas há que precisam estacionar os carros na porta do local de trabalho, andar alguns passos, nem pensar... Sobram gritos, xingamentos, ameaças. Tudo como sempre foi. Os trabalhadores resistem com cantos, danças e café quentinho. A polícia chega, fica um pouco, observa, mas não intervêm. O dia promete ser longo.

Os trabalhadores da UFSC, novos e velhos, prometem manter a greve com muito gás, o que já é uma coisa boa demais. Quando tem atividade, debate, ação, as pessoas se sentem mais comprometidas e comparecem. A greve tem como pauta a arrumação do Plano de Cargos e Salários e a luta contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. É a velha luta do trabalho contra o capital. E, por esses dias, com muito mais beleza por conta da renovação dos trabalhadores. A universidade viveu quase 15 anos sem que entrassem novos trabalhadores para o quadro. Agora, a UFSC vive uma primavera. É coisa muito linda de ver.

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