Neste domingo a Venezuela foi às urnas para eleger, entre 2.179 candidatos que se apresentaram, os 165 deputados da Assembléia Nacional e os 12 representantes para o Parlamento Latino-Americano. O dia foi tratado como uma das mais importantes batalhas da república bolivariana. Quase 18 milhões de pessoas estavam aptas para o voto e a expectativa era de que houvesse uma presença massiva nas urnas.
Desde o início do processo eleitoral, a direita venezuelana vem alardeando que iria imprimir uma dura derrota à Hugo Chávez, conquistando pelo menos um terço da futura Assembléia Nacional, o que já seria suficiente para causar muitos estragos, visto que as leis mais polêmicas necessitam de dois terços da assembléia para serem aprovadas. Não é sem razão que o governo também imprimiu fôlego à campanha.
Hoje, ainda de madrugada, Hugo Chávez enviava mensagens pelo twitter conclamando aos venezuelanos para votar e garantir os avanços bolivarianos. Na capital, Caracas, a população foi despertada pelo som das buzinas e sirenes que também chamavam para o comparecimento às urnas. A idéia era de que, com o maior número de militantes na rua, o processo garantisse a vitória ao governo. “Mais de 70% devem votar”, dizia Chávez.
O presidente Chávez tem insistido de que a chamada revolução bolivariana é uma experiência inédita de trânsito pacífico para o socialismo e ele acredita que as conquistas deste processo permitem ao povo venezuelano mais educação e muito mais condição de decidir com clareza os seus destinos. Toda esta preocupação com a eleição aconteceu porque há setores dos movimentos populares que estão pregando a abstenção às urnas, em função das críticas que fazem ao governo. Para Chávez, as críticas não são problema, o que o preocupa é pensar que, por conta de uma incapacidade de diálogo com esses setores, a velha direita possa voltar com força e introduzir, outra vez, as demandas, do velho Estado Venezuelano, barrando as possibilidades de mudança sob o ponto de vista popular. Por isso, as eleições estão com as colorações de uma grande batalha, porque, afinal, neste tabuleiro se estão jogando os destinos da república.
A república bolivariana tem apontado caminhos de transformação nas experiências de organização popular, nas missões, no processo de controle das fábricas por trabalhadores, nos mercados populares, na saúde da família, na educação, na construção dos requisitos básicos para se chegar à propriedade social. Isso não é pouca coisa, são transformações que, de alguma forma, mexem na estrutura. Mas, para alguns setores da esquerda, isso não é suficiente. Há muita crítica com relação ao PSVU, que teria indicado na base do “dedaço” os seus candidatos, o que configura uma prática da velha direita.
A mídia venezuelana, que segue nas mãos das oligarquias, tem feito a campanha da oposição e desde a última semana em um momento falam em empate técnico, noutro acusam Chávez de comprar os votos, de atuar ilegalmente. Enfim, um jogo muito conhecido de tentativa de enredar o espectador nas malhas de uma confusa realidade.
Por outro lado a vida na Venezuela não anda muito tranqüila. Há uma crise de energia elétrica, os preços estão altos, aparecem muitos casos de corrupção dentro da máquina governamental, há problemas nos governos locais cada dia mais enrodilhados em burocracias sem fim. Ainda assim, o governo pede confiança e insiste: só com a vigilância permanente do processo, feita pelos próprios venezuelanos, pode fazer com que os problemas se resolvam.
Desde 1999, quando, depois de eleito Chávez chamou eleição para a formação de uma Constituinte, a Venezuela passou por 15 processos eleitorais.
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