Bem cedo, acompanhando meu pai nas suas lides radiofônicas, comecei a sonhar com ser jornalista. Esse sempre foi meu objetivo e eu o persegui como uma leoa. Mesmo quando todas as condições diziam que não, eu derrubava os obstáculos e seguia. Tive um grande amor platônico. Saí de casa cedo, com 17 anos. Sempre cuidei de mim, sozinha e quieta. Fiz amigos queridos, amei, trabalhei, lutei e me diverti. Hoje começo a 61ª volta em torno do sol. Estrada longa de uma vida que se faz na plenitude.
De tudo que vivi, relembro sempre as coisas boas e as tristeza deixo numa caixinha bem no fundo da memória, a qual raramente acesso. Aprendi que estamos aqui para desfrutar desse adorável jardim e que só levamos para o fim da vida o que se bebe, o que se come e o que se brinca. Já estou na curva da velhice, tentando me desapegar de muitas coisas que agora parecem não importar. Valorizo o tempo que passo com meu pai, na lentidão de sua des/memória. Valorizo os momentos com os amigos e amigas verdadeiros, aqueles que não te abandonam quando a vida pesa. Valorizo os abraços do meu amor. Valorizo os filhos do coração, os netos emprestados. Valorizo as batalhas que sigo travando para que esse mundo seja melhor e mais feliz.
Gosto de ter essa pitada de Poliana, conseguindo ver as cores e a beleza de se estar vivo, apesar dos escombros. Gosto da pessoa que fui, da que estou sendo e da velhinha que serei, se chegar lá. Sim, carrego ódios e desejos de violência contra os vilões do amor, mas não deixo que isso me impeça de viver o melhor do mundo. Desfruto do pôr-do-sol, da boa música, de uma boa cerveja, do amor dos bichos e das gentes. Ainda tenho sonhos, coisas para realizar. Vejo sistematicamente o Arquivo X e, agora, os Doramas. Gosto da minha forma miúda, do meu cabelo cacheado, dos meus óculos, da minha cara vincada de tanta vida. Faço 61 anos e estou muito bem. Obrigada!
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