domingo, 22 de novembro de 2009

O futuro da espécie


Nestes dias em que as tormentas e os tufões fazem morada pelo nosso Estado tenho lido coisas que me fazem pensar. Primeiro são as que se remetem ao tempo mesmo. Parece até que estas desgraças causadas pelos ventos e chuvas são coisas que brotam do chão. Como se houvesse um deus vingador que, de repente, resolvesse jogar sobre a terra todas as maldições. Ora, as loucuras do tempo são obras humanas. É o domínio sobre a natureza, a destruição, o tal do progresso que não leva em conta o necessário equilíbrio que precisa haver entre as coisas vivas. E, é claro, a hegemônica ação de um sistema no qual para que um viva outro tenha de morrer.

O sistema capitalista que destruiu o feudalismo na Europa e depois se estendeu para o mundo todo tinha uma promessa bonita demais. Com o desenvolvimento das forças produtivas, com o progresso, a humanidade iria chegar a um tempo de fartura e saciedade como nunca tinha sonhado. E grande parte das pessoas entrou nessa onda. Pois bem, a promessa não se cumpriu. A fartura veio apenas para alguns e a multidão dos demais é o bagaço moído que possibilita a saciedade dos poucos. E, neste simulacro de beleza, estes poucos foram destruindo a vida mesma. Daí todas estas mudanças no planeta, resultado visível e “sentível” da sanha acumuladora.

Pois no meio destas tragédias ambientais uma coisa me chamou a atenção. Numa destas passagens de tufão, o Estado ficou dois dias sem luz. Os jornais, como sempre estúpidos e incapazes de narrar os contextos dos fatos, deram destaque ao fato de que a falta de energia deixou muitas famílias sem comida, uma vez que: “tudo que havia nos frízeres e congeladores tinha se estragado”. Fiquei a pensar. É da natureza do sistema capitalista a lógica da acumulação. Daí o uso do frízer ( escrevo assim mesmo, abrasileirado). A pessoa compra muito mais do que vai comer e acumula, acumula e acumula. “Tinha promoção”, “se não comprar agora fica mai caro depois”, estes são os argumentos que aparecem e são mesmo muito válidos. Mas, o que salta aos olhos é isso mesmo: acumulação.

Quando não se tinha geladeira a gente buscava a comida do dia. Nada de acumulações. As coisas eram frescas e saudáveis, e se não houvesse energia ninguém perdia suas provisões. Agora aí está. A natureza anda cobrando as contas. A ganância humana está botando o planeta a perder. Talvez fosse hora de as pessoas pensarem firmemente num outro modo de organizar a vida. Quando o mundo feudal estava em pleno vigor, ninguém imaginava que podia acabar e vir um outro tempo. Agora também é assim. As pessoas pensam que o capitalismo é inevitável, eterno. Bom, não é! E, ou a gente muda a vida, ou nossa raça se extingue. E essa decisão pertence a todos nós.

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