Eu sou apaixonada pelo inverno. Meu sonho mesmo era viver na Finlândia, 10 meses de inverno e 15 graus no verão. Ah... Todo ano me preparo para esse momento único de introspecção e sentimentos oceânicos. Mas, esse ano, o inverno miou. Tem uma pandemia que colocou o mundo todo patas arriba, e tem o pai, cujo corpinho frágil preciso proteger. Não tem sido fácil. Os dias são complicados, mas as noites superam tudo. São terríveis. O pai não se adapta com as fraldas e esqueceu como é que faz para fazer xixi. Ele não consegue, em meio a tanta roupa, levantar o casaco, baixar a calça e fazer o xixi. O resultado é que acaba se molhando todo. Durante o dia resolvi com calças de tactel. Molham e logo secam... Mas, ainda assim é foda. Já durante a noite, o problema fica gigante. Com muito custo consegui fazer com que ele usasse fraldas. Há noites que consigo que coloque, outras não. Mas, não resolve. Quando vem a vontade de fazer xixi ele levanta e quer usar o banheiro, vai daí que faz uma bagunça com a fralda. E acaba molhando a cama, o quarto, o banheiro. É um salseiro. Eu corro atrás com os paninhos, mas não tem jeito. Molha tudo, inclusive as calças. No frio das noites é muito doido que ele fique molhado. E o bichinho é marrento. Não deixa que eu troque as calças. A solução foi tirar as fraldas que a confusão fica menor. Minha singela alegria é quando molha apenas três lençóis por noite. Fora as calças que tenho de enxugar enquanto ele vai andando do banheiro para a cama. Um bailado doido que se repete cinco ou seis vezes na noite. Consigo tirar o excesso, mas ainda assim fica molhado, e ele nem aí. Deita, se tapa e fica brabo se eu falo em trocar a calça. De manhã é outra novela. Fazer com que ele troque a roupa me toma quase duas horas num moroso processo de negociação. Tem dias que consigo fácil, outros não. O velhinho é brabo. O resultado de tudo isso é a minha aflição. Ele dorme molhado e eu temo que ele se resfrie, pegue uma pneumonia ou algo assim. Acaba que eu nem durmo, fico ali, olhando pra ele, vendo respirar. O foda da doença não é nem o cuidado que a gente precisa ter com eles, é essa teimosia danada que torna uma simples troca de calça uma batalha de Ayacucho. Essa semana o calorzinho tem me dado trégua e eu me pego gostando dele. Logo eu, que abomino o verão. E fico rezando para que o frio não volte para que o seu Nelson possa ficar menos desconfortável. E fico triste por ter de passar pelo inverno assim, querendo que ele se vá. Ah.... Valamideuzi.
Elaine Tavares. Jornalista. Humana, demasiado humana. Filha de Abya Yala, domadora de palavras, construtora de mundos, irmã do vento, da lua, do sol, das flores. Educadora, aprendiz, maga. Esperando o dia em que o condor e a águia voarão juntos,inaugurando o esperado pachakuti. Contato: eteia@gmx.net / tel: (48) 99078877
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Este é o pressuposto teórico básico do jornalismo praticado pela autora deste blog. Seguindo a senda da Filosofia de Libertação, que busca olhar o mundo a partir do olhar da comunidade das vítimas do sistema capitalista, o jornalismo de libertação se compromete em narrar a vida que vive nas estradas secundárias, nas vias marginais. O jornalismo de libertação não é neutro nem imparcial. Ele se compromete com o outro oprimido e trata de, na singularidade do fato, chegar ao universal, oferecendo ao leitor toda a atmosfera que envolve o assunto tratado. (Jornalismo nas Margens. Elaine Tavares. 2004)
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