quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Abandono do Essencial



Tenho por hábito olhar as páginas dos sindicatos, até porque tenho um programa de rádio e hoje a turma parece que só se comunica pelas redes sociais.... Fico estarrecida em ver que praticamente nenhum tem discutido seriamente a Reforma Administrativa que está por vir. Ontem, recebi uma mensagem do meu sindicato, o Sintufsc, chamando para um ato no centro da cidade. Um chamado protocolar, um dia antes, sem que a gente possa se organizar. Creio que atos são importantes, mas antes de qualquer um deles é preciso explicar para os trabalhadores o que está por vir com a Reforma. Afinal, é quase certo que ela passe, dada a configuração do Congresso nacional.

O projeto de Reforma Administrativa data de 2020, não é do Lula, mas certamente que o governo vai apoiar. O ministro da Fazenda já falou sobre isso. Todos usam o argumento de que é preciso modernizar o serviço público. Então, se até os do governo são à favor, qual a nossa chance em barrar isso? Sem compreensão do que é essa reforma e sem ação na vida real, creio que a chance é bem pequena.

A reforma retoma velhas ideias de Bresser Pereira, que já queria fazer isso lá no governo de FHC. Só que naquele tempo, a gente estava em luta, na rua, e conseguiu barrar. A grosso modo, o projeto acaba com a carreira do servidor público. Prioriza os que estão em "cargos típicos de Estado" e os demais joga na lata do lixo. Nós, das universidades, por exemplo, não estamos nessa categoria de "típicos". Com a reforma, a estabilidade só será dada aos "típicos de Estado", uma perda grandiosa, porque deixa o trabalhar público a mercê da política.

Outra coisa que o projeto define é o trabalhador temporário, que poderá ser contratado em caso de greve, por exemplo. Desejo antigo dos governantes, mesmo os ditos de esquerda. Vai permitir também que as instituições públicas compartilhem estrutura física e pessoal com entidades privadas, em parcerias (?). Aponta novas regras na previdência e muitos mais. É um verdadeiro massacre dos direitos dos trabalhadores.

Então, há que esmiuçar isso, detalhar cada ponto, discutir com os trabalhadores público e também com os demais, que não são públicos, porque lá na ponta ele é atingido também. Limitar o servidor público é apostar no atendimento privado, o que significa prejuízo em todos os espaços públicos.

Enfim, essa deveria ser a luta mais importantes dos trabalhadores no momento,. Mas, o que se vê é uma turma lacrando nas redes com posts anti-fascistas ou anti-bozistas. A vida real nos engolindo, a vida real nos engolindo... As nossas redes deviam inundar o espectro e os trabalhadores deveriam estar no cangote dos deputados... Mas, qual!



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