quarta-feira, 25 de abril de 2018

Os cartórios me assombram




Fui ao cartório requerer uma certidão, porque agora elas estão disponíveis no éter, ou na nuvem, ou em algum lugar não sabido. O fato é que podem ser acessadas de qualquer lugar, não sendo necessário viajar até a cidade de origem ou pedir para mandar por correio. Pois não é que, às vezes, a modernidade é legal? Lá fui eu, serelepe. Peguei a senha e esperei, intermináveis minutos. Cartório está sempre cheio.

- Não, não podemos procurar por nome. Tem de trazer os dados, número da folha do cartório, registro etc...
- Mas eu não tenho a certidão. Como vou saber? Se tu entrar no sistema, não acha pelo nome.
- Não senhora, preciso dos dados do registro.

Toda alegria se foi. E agora? Como achar os tais dados? Volta para casa, e  toca ligar para o cartório da cidade de origem. Toda uma algaravia sobre ter perdido a certidão, não ter os dados, recusas, pedidos desesperados. Até que a garota decidiu liberar as informações.

Dia seguinte volta no cartório, já não mais serelepe. Pega a senha, espera, espera e espera. Entrega os dados, espera. A guria vem e diz que a certidão virá em até 15 dias. Oi? 15 dias? Mas, não está no éter?

- Até 15 dias, senhora – responde, monocórdia.
- Quanto custa?
- 70 reais e 20 centavos.
- Mas como, tudo isso? A coisa não tá no éter, vem pelo éter, porque esse custo todo?
- É o custo, senhora.

Porra, porra, porra. Pago. Fazer o quê? Viajar até Uruguaiana sai por uns 600 reais.

No ônibus indo pra casa, vou verificar o recibo. Paguei $22,80 pela materialização. Mas, o que é isso? Deve ser pela aparição da bichinha na tela do computador da moça do cartório de Uruguaiana. Ela materializa e envia pelo éter a certidão. Ai, quando ela chega ao cartório de Florianópolis, eu pago $34,90 para a moça do cartório materializar aqui na capital catarinense. Depois, eu pago 12,50 pela taxa de emissão, que equivale a materialização em papel que eu vou pegar na mão. Somando tudo, são os $70,20.

Vai daí o meu assombro. Esses cartórios lucram demais, não é mesmo? Esse é um tipo de serviço que deveria ser público.

Ah, lá vem aquelas comunistas, estatistas... É, pois é. Sou.

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