Lidar com meu velhinho não é moleza. Os dias são difíceis e tensos, porque a demência é coisa dura de lidar. Mudanças rápidas de humor, a ideia fixa de ir embora, o pega-pega de coisas, o ir e vir sem parar. Uma rotina que não dá folga, ainda mais agora na pandemia. Mas, tem também seus momentos engraçados e mostra o quanto a gente tem a capacidade de se reinventar, ou de descobrir habilidades jamais imaginadas. Uma delas é o radar do movimento. Durante a noite, deito na cama ao lado do pai e quando ele adormece, eu também durmo. Mas, ao menor movimento, mesmo que eu esteja em alfa, acordo. Ele levanta umas quatro vezes para ir ao banheiro e é sempre um salseiro. Mas, eu não falho. A outra habilidade que descobri em mim é a do olfato apurado,praticamente felino. Como agora ele não se dá mais conta que está fazendo cocô, se desobriga a qualquer momento, sem ir ao banheiro. Nos primeiros dias era aquela confusão, cocô por todo o lado, uma sujeirada. Tentei as fraldas. Não deu. Resolvi colocar nele só calças de pernas bem largas, então, se ele se aliviava, a coisa caia pelas pernas e eu corria para limpar. Estava dando certo. Mas, agora, eu adquiri a capacidade de sentir quando o processo começa. Então eu sinto o cheirinho e já saio correndo com os lencinhos umedecidos para aparar na saída, sem que ele chegue a sujar as calças. É incrível. Estou infalível, como um gato. É uma aventura e tanto. E engraçado. Porque ele sempre faz aquela cara de surpresa intensa. - Mas, o que é isso? - Nada não, só um cocozinho. - Mas que barbaridade. E assim, seguimos...
Elaine Tavares. Jornalista. Humana, demasiado humana. Filha de Abya Yala, domadora de palavras, construtora de mundos, irmã do vento, da lua, do sol, das flores. Educadora, aprendiz, maga. Esperando o dia em que o condor e a águia voarão juntos,inaugurando o esperado pachakuti. Contato: eteia@gmx.net / tel: (48) 99078877
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Este é o pressuposto teórico básico do jornalismo praticado pela autora deste blog. Seguindo a senda da Filosofia de Libertação, que busca olhar o mundo a partir do olhar da comunidade das vítimas do sistema capitalista, o jornalismo de libertação se compromete em narrar a vida que vive nas estradas secundárias, nas vias marginais. O jornalismo de libertação não é neutro nem imparcial. Ele se compromete com o outro oprimido e trata de, na singularidade do fato, chegar ao universal, oferecendo ao leitor toda a atmosfera que envolve o assunto tratado. (Jornalismo nas Margens. Elaine Tavares. 2004)
Moda Inviolada: uma história da música caipira
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2 comentários:
Incrível a capacidade do ser humano de se adaptar às mais adversas situações. Minha vó tb estava assim. Mas ela usava fraldas. 😌
Elaine, você é uma figuraça! Admiro-a.
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