Assisti essa semana o filme Pantera Negra e a despeito da belíssima estética envolvendo os cenários e o figurino, não gostei. Porque, para mim, o filme tem de dizer algo e o que o filme me diz não me agradou. Gosto de filmes de super-heróis, porque eles nos remetem aos sonhos de justiça que temos e que não podemos realizar. São metáforas dos nossos desejos de um mundo bom. Mas, os super-heróis que temos visto no cinema desde algum tempo na nova leva de renascimento dos personagens da Marvel não tem nada de bom. No geral, quando os vejo, acabo assumindo o lado dos “bandidos”, que me parecem mais justos que o tal do herói. Vejam o Homem-de-Ferro, feito lindamente pelo adorável Robert Downey Jr. Fala sério, mano, o cara é comerciante de armas que adora matar árabes. Ele é o “bad gay”. Aí não dá, né? E no Pantera Negra, o gurizinho vê o pai ser assassinado porque queria levar a liberdade a todos os negros da terra, segue no rumo do sonho do pai e ele é o que é bandido? Ah, aí é demais pra mim. Ver o rei de Wakanda voltar ao poder por conta da providencial ajuda de um agente da CIA, que é salvo em nome da “bondade” , foi muito uó. E por que a bondade do rei não se expressou no acolhimento ao primo, revoltado? Gostei não! Gostei não mesmo. E no final, o rei da fantástica Wakanda decidindo abrir um centro de ajuda a menininhos do bairro onde o primo viveu não me comoveu. É fato que nessa hora eu chorei. Mas, chorei de raiva. Filantropia a essa hora do dia. Foda-se! Aí, como eu torci o tempo todo pelo primo do rei bundão, o bandido, fui atrás de saber quem era aquele garoto lindo. Michael B. Jornan, sublime! Então vi que ele protagonizou a nova versão do clássico de Ray Bradbury “Fahrenheit 451”. E aí sim vi a representatividade negra necessária. Ele faz o papel de Montag, o herói da trama. Heróis sem ser super. Herói na sua humanidade desesperada. Herói porque se entrega para salvar o sonho de um mundo bom. A ficção de Bradbury fala de um mundo sem livros. E onde as pessoas que os possuem são presas. E Montag é um bombeiro que vive de atear fogo nos livros, até que se encontra com as palavras. É uma história fantástica. A nova versão para o cinema foge um pouco do livro, mas mostra o nosso tempo de internet, telas gigantes e esquecimento do sentido de comunidade. Ficou bom. Gostei. Também gostei de Montag ser representado por um negro. Creio que é por aí que se valoriza de fato a representatividade do povo negro. Um negro valoroso, um homem do bem, que entrega sua vida por uma comunidade que quer pensar livremente. Ah, que belezura. Esse sim me comoveu, bem mais do que o tecnológico e caridoso rei de Wakanda. Recomendo fortemente essa bela nova versão do “Fahrenheit 451”, protagonizada por esse garoto espetacular, Michael B. Jordan. Ele é maravilhoso, e a história melhor ainda. É desses heróis que precisamos. Aqueles que a despeito de não terem nada a lhes proteger, se atiram no abismo em nome da justiça.
Elaine Tavares. Jornalista. Humana, demasiado humana. Filha de Abya Yala, domadora de palavras, construtora de mundos, irmã do vento, da lua, do sol, das flores. Educadora, aprendiz, maga. Esperando o dia em que o condor e a águia voarão juntos,inaugurando o esperado pachakuti. Contato: eteia@gmx.net / tel: (48) 99078877
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Este é o pressuposto teórico básico do jornalismo praticado pela autora deste blog. Seguindo a senda da Filosofia de Libertação, que busca olhar o mundo a partir do olhar da comunidade das vítimas do sistema capitalista, o jornalismo de libertação se compromete em narrar a vida que vive nas estradas secundárias, nas vias marginais. O jornalismo de libertação não é neutro nem imparcial. Ele se compromete com o outro oprimido e trata de, na singularidade do fato, chegar ao universal, oferecendo ao leitor toda a atmosfera que envolve o assunto tratado. (Jornalismo nas Margens. Elaine Tavares. 2004)
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