terça-feira, 8 de outubro de 2024

Um ano do massacre palestino

Todos os dias a mídia mundial publica os números. Massacres e massacres se sucedem. As notícias aparecem como pequenas gotas, sem que se apresentem a visão do oceano. Ontem, dia 07 de outubro completou-se um ano, um ano inteiro de ataques de Israel contra o povo palestino. As ações mais violentas, selvagens e cruéis. Escolas bombardeadas, hospitais, pessoas em corredores humanitários, espaços de abrigo. Nenhum lugar é seguro. As bombas descem sem parar. Para os jornalistas da mídia comercial, Israel se defende. Uma versão invertida dos fatos. Os malvados são os “terroristas”. E é por isso mesmo que os números que crescem dia após dia não significam nada. 

Uma região inteira foi destruída, cidades, memórias. Já são 50 mil mortos diretos, 17 mil são crianças. Isso sem contar os que vão morrer depois, em consequência dos danos, num número que quase chega a 200 mil. Um ano inteiro de bombas e terror. Mas, ao que parece, esses números não tocam o coração de quase ninguém. Mergulhados na versão de Israel de que os palestinos não são gente, as pessoas assistem ao bombardeio na tela do celular como se fosse apenas um jogo de vídeo game. Já foi assim no Iraque, na Líbia, no Afeganistão. Os que tombavam, atingidos pelas bombas ou pelos tiros estadunidenses eram “apenas” árabes, não-seres, terroristas. 

Nas redes sociais também prolifera a versão de Israel, porque é a que é divulgada pelos Estados Unidos e toda a sua corja de bocas-alugadas. Israel se defende, dizem. Os árabes são terroristas desde criancinhas, insistem. E a massa informe engole, ávida, reproduzindo a exaustão o mantra do imperialismo. No Brasil vemos pessoas bramindo a bandeira de Israel como símbolo do cristianismo e da paz. Uma bizarrice abissal. Nessa gente as imagens das crianças queimadas e destruídas pelas bombas não provocam qualquer acontecimento. São pequenos terroristas, têm o que merecem. Nem mesmo a morte de brasileiros no bombardeio do Líbano provocou comoção. Entre os jornalistas tampouco se percebem olhos lacrimejantes como vimos durante meses durante a cobertura da guerra na Ucrânia. Ali eram “pessoas boas” morrendo. 

É incrível que tenha passado um ano. Um ano inteiro de bombas, massacres, terror. E os governantes do mundo salvou algumas abordagens – se mantiveram impávidos, apoiando as ações de Israel, esperando uma completa desaparição do povo palestino. Mesmo Lula, que faz discursos contra o genocídio enquanto segue negociando com Israel e não rompe relações políticas. Agora, que discursos contra é esse? Palavras ao vento. 

A Palestina foi invadida em 1948, a partir da criação artificial de outro estado promovido pela ONU. Não era uma terra sem gente. Milhares de famílias foram expulsos de suas casas. E depois disso, tantas outras foram sendo dizimadas ou banidas de seus lares enquanto Israel tomava o território. Terras roubadas, muros erguidos, ódios construídos. Então, se alguém está defendendo essa história, não é Israel. Israel é o agressor. Nenhum discurso bonito pode mudar isso. A informação está aí. Ninguém pode dizer que não sabe. 

Passou-se um ano. E praticamente o mundo todo é cúmplice.

Eu que não acredito em justiça dividida, espero que ela chegue pela mão do povo palestino que haja de resistir. A Palestina não ataca Israel. Ela resiste. Ela responde ao terror. Ela luta. 

Que viva o povo palestino!  


As eleições municipais 2024

Prefeito/empresário 


 As eleições legislativas são sempre uma conversa para o que virá no próximo pleito presidencial. No Brasil, país que tem mais de 217 milhões de habitantes e um colégio eleitoral de 156 milhões de pessoas e embate já nem é mais entre direita e esquerda, mas sim entre a extrema direita, os conservadores e em menor medida os liberais. Isso foi organizado na apresentação de candidaturas para prefeituras e Câmaras de Vereadores de 5.569 cidades. Propostas de esquerda não chegaram a 1% dos votos. O tom das eleições foi uma espécie de terceiro turno das presidenciais de 2022: bolsonarismo ou lulismo. E como já era esperado, foram as candidaturas mais à direita que acabaram vencendo em quase todo o país.  

Os partidos que formam o chamado “centrão”, PSB, MDB, PP e União Brasil abocanharam 54% das prefeituras (mais de três mil municípios), com o PL (partido de Bolsonaro) e os Republicanos (ligados à Igreja Universal) registrando significativamente alta . O PT ficou como a nona força política e o PSDB registrou queda. O PDT foi o que mais caiu. Isso significa que a disputa é centrada no espectro da direita, com o avanço cada vez mais expressivo dos evangélicos, que crescem em mais de 100%. 

Santa Catarina se consolidou como o segundo estado mais bolsonarista do país, garantindo 90 prefeituras para o PL, fora as que foram conquistadas em parceria ou aproveitando possível apoio do “mito”. São Paulo foi o estado onde o PL mais prefeituras eleito: 102.

Florianópolis não fugiu a regra, elegendo Topázio Neto (PSD) já no primeiro turno com 58% dos votos, mostrando que diante de um possível segundo turno com Marquito (PSOL) a direita preferiu unir as forças, deixando a ver navios candidatos como Dário Berger e Pedrão, que também representavam frações da classe dominante. Quase 11 mil votos nulos e oito mil votos em branco também demonstraram a completa insatisfação de parte dos florianopolitanos diante da política atual e do processo eleitoral. Topázio teve o apoio seguro do atual governador bolsonarista Jorginho Mello, bem como de todas as frações do empresário, visto que a proposta é continuar vendendo a cidade, o que garantirá altas taxas de lucro.

Na Câmara de Vereadores tampouco qualquer surpresa. Figuras anônimas, mas pródiga em recursos, como o candidato Gemada, do PL, vitória elevada, e políticos envolvidos em corrupção, como o Gui Pereira, também. A chamada esquerda local – PT e PSOL – conseguiu aumentar a bancada em um vereador, tendo agora cinco. O PT, que já tinha Carla Ayres, ganhou reforço com a entrada de Bruno Ziliotto, de forte militância sindical, uma representação sincera de trabalhadores. Já o PSOL manteve Afrânio Boppré e elegeu Ingrid Sareté-Mawé e Camasão, candidaturas vinculadas a causas. A maioria da casa, obviamente, será totalmente favorável ao prefeito, sendo PL e PSD os que garantiram maior número de cadeiras. 

O fato é que esta campanha foi caracterizada pela falta de grandes projetos de transformação e pela timidez da esquerda em assumir um discurso de classe. E, diante disso, é o radicalismo proto-fascista que avança, porque na direita a classe vem em primeiro lugar. A classe dominante se protege, se junta e garante a sua perpetuação, sempre alavancada no poder do dinheiro.  

No caso da nossa aldeia é bom saber que o Topázio não está nem aí para a política. Ele é um homem dos negócios, do bussines. Não estará nem aí para participação popular, para os dramas da população. Vai passar um montado boiada no bonde do cimento.