Foi embora meu velhinho, bem na hora noa - três da tarde. Dormitava. Respirou acelerado três vezes e, num pequeno suspiro, se foi. Os cachorros ressonavam no pé da cama e os gatos estavam enrodilhados no sofá ao lado. Eu estava ao seu lado, ouvindo com ele as melhores de Liu e Leo, sua dupla caipira preferida. Era esperado, mas foi um espanto e abriu-se um vazio. Todas as palavras fogem e meu coração diminui as batidas. Foram horas e horas de trâmites burocráticos pelos quais vamos passando em roldão. Só agora, apascentando a tristeza da ausência me permito rememorar os momentos mais alegres que passamos nesses oito anos de enfrentamento do Alzheimer, e foram tantos. Porque o que vai ficar é a alegria. Escrevo para informar aos amigos que ao longo desses anos acompanharam sua peripécias e nossa jornada, juntos, nessa turbulenta doença. Escrevo para agradecer a companhia, as mensagens, o apoio, que me chegou de gente completamente desconhecida e que ainda assim encheu meu coração de ternura e desse sentimento grandioso que é o de se sentir agasalhada pelo amor. Gracias, gente querida... O pai agora está na outra casa da beleza porque, de alguma forma, aqui, no nosso ranchinho, a beleza também já vivia ao seu lado...
A despedida será no Crematório Catarinense, amanhã dia 2, das 13 as 16h, lá em Palhoça.