terça-feira, 8 de outubro de 2024

As eleições municipais 2024

Prefeito/empresário 


 As eleições legislativas são sempre uma conversa para o que virá no próximo pleito presidencial. No Brasil, país que tem mais de 217 milhões de habitantes e um colégio eleitoral de 156 milhões de pessoas e embate já nem é mais entre direita e esquerda, mas sim entre a extrema direita, os conservadores e em menor medida os liberais. Isso foi organizado na apresentação de candidaturas para prefeituras e Câmaras de Vereadores de 5.569 cidades. Propostas de esquerda não chegaram a 1% dos votos. O tom das eleições foi uma espécie de terceiro turno das presidenciais de 2022: bolsonarismo ou lulismo. E como já era esperado, foram as candidaturas mais à direita que acabaram vencendo em quase todo o país.  

Os partidos que formam o chamado “centrão”, PSB, MDB, PP e União Brasil abocanharam 54% das prefeituras (mais de três mil municípios), com o PL (partido de Bolsonaro) e os Republicanos (ligados à Igreja Universal) registrando significativamente alta . O PT ficou como a nona força política e o PSDB registrou queda. O PDT foi o que mais caiu. Isso significa que a disputa é centrada no espectro da direita, com o avanço cada vez mais expressivo dos evangélicos, que crescem em mais de 100%. 

Santa Catarina se consolidou como o segundo estado mais bolsonarista do país, garantindo 90 prefeituras para o PL, fora as que foram conquistadas em parceria ou aproveitando possível apoio do “mito”. São Paulo foi o estado onde o PL mais prefeituras eleito: 102.

Florianópolis não fugiu a regra, elegendo Topázio Neto (PSD) já no primeiro turno com 58% dos votos, mostrando que diante de um possível segundo turno com Marquito (PSOL) a direita preferiu unir as forças, deixando a ver navios candidatos como Dário Berger e Pedrão, que também representavam frações da classe dominante. Quase 11 mil votos nulos e oito mil votos em branco também demonstraram a completa insatisfação de parte dos florianopolitanos diante da política atual e do processo eleitoral. Topázio teve o apoio seguro do atual governador bolsonarista Jorginho Mello, bem como de todas as frações do empresário, visto que a proposta é continuar vendendo a cidade, o que garantirá altas taxas de lucro.

Na Câmara de Vereadores tampouco qualquer surpresa. Figuras anônimas, mas pródiga em recursos, como o candidato Gemada, do PL, vitória elevada, e políticos envolvidos em corrupção, como o Gui Pereira, também. A chamada esquerda local – PT e PSOL – conseguiu aumentar a bancada em um vereador, tendo agora cinco. O PT, que já tinha Carla Ayres, ganhou reforço com a entrada de Bruno Ziliotto, de forte militância sindical, uma representação sincera de trabalhadores. Já o PSOL manteve Afrânio Boppré e elegeu Ingrid Sareté-Mawé e Camasão, candidaturas vinculadas a causas. A maioria da casa, obviamente, será totalmente favorável ao prefeito, sendo PL e PSD os que garantiram maior número de cadeiras. 

O fato é que esta campanha foi caracterizada pela falta de grandes projetos de transformação e pela timidez da esquerda em assumir um discurso de classe. E, diante disso, é o radicalismo proto-fascista que avança, porque na direita a classe vem em primeiro lugar. A classe dominante se protege, se junta e garante a sua perpetuação, sempre alavancada no poder do dinheiro.  

No caso da nossa aldeia é bom saber que o Topázio não está nem aí para a política. Ele é um homem dos negócios, do bussines. Não estará nem aí para participação popular, para os dramas da população. Vai passar um montado boiada no bonde do cimento.

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