Claro, a resposta é uma só: minha avó tinha uma empregada, uma mulher que cuidava da limpeza do apartamento e também cozinhava. Minha tia era bem severa, e todas as manhãs mandava a mulher limpar o banheiro. Meu deus, como aquilo me incomodava. Porque não era um simples limpar, ela esfregava com escova todo o azulejo, a banheira, o vaso, a pia, o bidê. Todos os dias, todos os santos dias. Eu achava aquilo um verdadeiro absurdo. Seria mesmo necessário? Um trabalhão da porra. A lembrança daquela mulher e sua faina diária sempre me fez respeitar sobremaneira a profissão de empregada doméstica ou faxineira. Que troço danado de ruim de fazer.
Por fim eu cresci e, claro, vim a ter meu próprio banheiro. Obviamente que nunca fiz o que fazia a Dona Maria lá da vó. Por não ter muito tempo, por viver na correria, enfim, limpeza só aos finais de semana. Mas, como era de esperar comecei a perceber que banheiros sujam muito mesmo. Três dias sem limpar e lá já vem o mofo no azulejo. Que maçada. Por que raios temos que ter uma coisa assim? A limpeza deveria fazer o favor de durar pelo menos uns 15 dias. Trabalho enfadonho, chato, estraga-mãos. Claro que na minha juventude o banheiro vivia sujo, não digo suuuuuuujo, mas sujinho. Afinal, eu nunca tive uma Dona Maria e havia outras prioridades, como viver, por exemplo.
Hoje, já passando dos 60, ainda me impressiono grandemente quando vou a uma casa e vejo o banheiro impecável. Que tipo de gente é essa? Provavelmente tem empregada, digo dessas que vêm todo dia, porque não é possível. E se a pessoa não tem quem lhe limpe o banheiro, mas ainda assim o mantém impecável, eu desconfio. Não pode ser normal. Ou é feiticeira ou vem de uma galáxia distante. Que gente estranha...
Por isso que o melhor banheiro que já tive na vida foi o de uma casa na qual morei em Caxias do Sul. Nem a parede, nem o chão tinham azulejo, era tudo de cimento rootzeira, e o restante era feito de tábua sem pintura. O chão, mesmo, era incrível, porque eu não precisava de pedra pome para lixar o pé. Era só passar o calcanhar no cimento enquanto banhava e pronto, estava lisinho. Aquilo sim é que era vida...
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