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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SINTUFSC – segue o coronelismo



A chapa 2, que representa a situação, venceu as eleições no Sindicato dos Trabalhadores da UFSC:  592 a 441. Serão mais três anos de conservadorismo e esvaziamento das lutas. Muitas festas, prêmios, brindes e viagens com diárias gordas. A velha prática coronelista.

Mas, apesar do resultado que determina a vitória do continuísmo, a campanha eleitoral apresentou uma novidade. A juventude da UFSC despertou e está de pé. Essa nova geração de trabalhadores que chegou nos últimos cinco anos compreendeu que a vida de todos passa pela ação coletiva e colocou o pé na realidade da UFSC.

Durante a campanha, quando percorreram cada cantinho da universidade, puderam perceber o quanto os trabalhadores estão desmotivados, descontentes e sem esperanças na luta sindical. Tanto que a maioria dos novos colegas não está filiada e tampouco quer estar filiada num sindicato que não os representa.

Ou seja, a UFSC não está descolada da realidade brasileira. De fato, nos últimos 15 anos, o sindicalismo passou por fases bem demarcadas:  domesticação, cooptação e guinada para a direita.

Como já ensinou o velho Marx, qualquer análise dos fatos precisa ser precedida com uma mirada firme na vida concreta, na realidade. E o que nos diz a realidade na UFSC?

A categoria dos técnico-administrativos configura a chamada classe-média, este estamento da classe trabalhadora que sempre funciona como um fiel de balança, ora pendendo para a esquerda,   ora para a direita, sempre levando em conta seus interesses particulares.

A universidade passou muito tempo sem concurso público, então a categoria envelheceu sem vivenciar a oxigenação necessária do trabalho conjunto com uma nova geração.

Os concursos só voltaram na era Lula e num contexto de crescimento econômico. A maioria dos novos concursados entraram na UFSC apenas como um degrau para novos concursos, em categorias mais rentáveis. Então, boa parte dos trabalhadores não se identificava com a universidade ou as lutas coletivas corporativas. Estavam de olho em outros mundos. Sindicalizar-se não fazia parte dos planos porque a qualquer momento o trabalhador ou a trabalhadora estaria saindo para novos lugares.

No segundo governo Dilma, o espetáculo do crescimento acabou. A crise econômica mundial alcançou o Brasil e, com ela, também a possibilidade dos voos para novas funções. Os concursos públicos escassearam e, com o novo governo golpista, a tendência é acabar com tudo isso.

Então, quem conseguiu seu emprego público terá que se conformar com ele. Haverá pouca margem de manobra para migrar para outras categorias, mais bem remuneradas. Logo, a nova geração que agora vive sua vida laboral na UFSC terá de assentar a cabeça e vivenciar a dor e a delícia de ser um trabalhador da universidade. Não haverá saída.

Talvez por isso mesmo a oposição tenha avançado tanto. Nas últimas eleições para o SINTUFSC, quando o grupo de oposição ainda era formado pela velha geração - na maioria – a disputa foi menos acirrada. Os trabalhadores técnico-administrativos da UFSC eram os mesmos de sempre e não houve engajamento da nova geração, que preferiu trilhar o caminho da ação administrativa no conhecido Grupo Reorganiza, esperançosos de que a nova reitora – recém eleita e do campo da esquerda – haveria de encaminhar as resoluções que visavam a implantação das 30 horas.

A história mostrou que os avanços dos trabalhadores nunca aconteceram na paz. Sempre foi preciso muita luta e sacrifício para que as demandas fossem atendidas e as vitórias só são garantidas com batalhas duras, por vezes cruéis.

Os novos tempos da política e o mergulho na realidade mostrou a essa nova geração que o caminho coletivo tinha de se dar pelo sindicato, ainda um instrumento importante na luta dos trabalhadores.

Mas, como vencer as eleições do sindicato se a maioria dos novos trabalhadores não está sindicalizada? Ou seja, os votos potenciais não poderiam ser dados. Então, começou o trabalho de organização interna. Um trabalho de formiguinha, que precisa de tempo. Recuperar  o sentido do sindicato não é coisa fácil num tempo em que as pessoas estão tão distraídas caçando pokemons e postando no facebook.

Só que, como diz Marx, a realidade é o único elemento que suleia a ação humana. E essa realidade vem e pega todo mundo pelo pé. Ainda que sejam caçados milhares de pokemons, hora virá que os trabalhadores terão de enfrentar o achatamento salarial, a perda de direitos históricos, a superexploração, a dificuldade para encerrar o mês. Então, não haverá outra coisa a fazer senão lutar.

O caminho trilhado por essa nova geração de lutadores da base do Sintufsc é um caminho sem volta. 

Quem acompanhou a energia e a força de pessoas como a Brenda, o Luiz Artur, a Marina, a Dalânea, o Hélio, o Bruno, o Rodrigo, a Carla, a Selma, a Camila, o Jorge, o João Henrique, o Renato, a Simone, o Luciano, a Marilene, a Marina, o Fernando, a Cristina e o Eduardo, sabe: essa é uma gente que não vai mais ficar quieta, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar. Não! Esse é um pessoal que vai seguir lutando, construindo a base para um novo sindicalismo.

A chapa vencedora – que representa o conservadorismo, o autoritarismo, o coronelismo, as práticas nefastas da direita –  recebeu 592 votos dos mais de três mil trabalhadores. Há um universo imenso de colegas para ser navegado, para além dos 441 que já confiaram e acreditaram nesse grupo novo, de TAEs LIVRES. Há sim o bonde dos descontentes que ficarão ainda mais descontentes com o passar do tempo. Porque a realidade virá cobrar pedágio e será essa mesma realidade a que empurrará esse povo todo na direção da luta, porque não haverá outra saída. Então, a ação coletiva será diferente.

Claro, há que ter paciência histórica. Como teve Marx, indo para a biblioteca de Londres. Nossos companheiros e companheiras que tão lindamente percorreram as veredas da UFSC para anunciar seus desejos de luta sabem que é o trabalho cotidiano que muda o mundo. E não ficarão parados.

Todos nós, velhos e novos, que temos consciência de classe sabemos que é a luta renhida que faz avançar os direitos e as conquistas dos trabalhadores. E estaremos de pé. Juntos, unidos. Com risos, com estudo, com debates, com lágrimas, com esperanças, fazendo o bom combate.

Nesse dia 10 de agosto nós oferecemos aos trabalhadores da UFSC uma alternativa: guerreira, alegre, consciente. E seguiremos, porque somos assim, forjados na certeza de que a luta coletiva é o único caminho para a emancipação dos trabalhadores.

Agradecemos a todos os que confiram na Chapa 1 e reafirmamos o compromisso de não esmorecer. Porque a luta não se esgota numa eleição.




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