Os dias 12 e 13 estão sendo dias de matrícula dos alunos novos na Universidade Federal. Coisa boa de ver. Essa gurizada nova, chegando para o início de um novo ciclo na vida. Pelo campus a gente percebe as carinhas cheias de curiosidade, ansiedade e alegria. Não é à toa. Afinal, eles passaram por um funil cruel que é o vestibular. E nestes dias, enquanto eles se preparam para começar um curso que pode lhes mudar a vida, outros mais de 35 mil jovens estão em casa, amargando aquilo que lhes é imposto como “derrota”. Não passaram. Mais um ano “perdido”, esperando a nova chance. Na verdade passaram, só não têm a vaga.
A Universidade Federal é um espaço de educação ainda pública. Digo ainda porque as ameaças são constantes. A cada ano surge um projeto novo, uma idéia nova, buscando entregar para a iniciativa privada aquilo que é um direito das gentes. Então, nestes dias, eu que amo o saber e a universidade como casa onde o saber também vive, saio pelo campus para receber os que chegam pela primeira vez. Gosto de contar-lhes das grandes lutas travadas por trabalhadores e estudantes para que este lugar ainda seja público e eles possam estar aqui, sem pagar mensalidade. Gosto de dizer que precisamos deles para mudar a universidade, torná-la mais próxima da vida real, mais comunitária.
Mas, enfim, nunca canso de me surpreender. A universidade como instituição não recebe o estudante. Não há banda de música, não há portal de flores, não há sequer gente explicando onde são os lugares. O povo fica zanzando com cara de perdido, sem saber para onde ir, parado em frente às placas de localização, mas completamente atônito, sem entender dos caminhos do campus. Muitos vêm com pai e mãe, naquela alegria boa de “entrar na UFSC”. E não há ninguém para um sorriso, um abraço, um “bem-vindo”. Quanta falta de visão, quanta falta de ternura, quanta desimportância. Só os bancos, vampiros, aguardam os incautos nas entradas dos Centros. Espertos.
Caminhando pelo campus, cheio de vida nova, fico a matutar. Como mudar a universidade se ninguém se importa? Como tirá-la do conservadorismo, da opressão mercadológica, desse jeito gris? Difícil. Da minha parte, faço a lição. Ando por aí guiando as gentes perdidas, dando boas vindas, oferecendo sorrisos. Penso, como Mário Quintana: “Quem sabe um dia, quem sabe...”
Olá Elaine,
ResponderExcluirEstive ontem fazendo minha matrícula, sou caloura no Serviço Social, confesso que tive o mesmo sentimento que narras aqui. Total falta de humanização na recepção do pessoal e do prórpio atendimento. Tudo muito frio, tal qual os corredores dos prédios. Está mais do que na hora de colorirmos todo o campus, com as cores do amor, da fraternidade, da solidariedade, cumplicidade, quem sabe uma injeção de flores e cores na chegada podem mudar algumas concepções equivocadas na hora da saída? Amiga... nos encontraremos, com certeza, para essa celebração. Um beijo em seu coração, Schirlei
A vida é um eterno recomeçar, seja para um estudante ou para um livre-docente. E isso é muito bom. Aliás, todos somos eternamente estudantes, e tentamos ser livre-pensadores, mas isso é um caminho que ainda temos que percorrer. Gostei da sua descrição. Bem bolada. Nessa semana, eu escrevi uma poesia no blog, que fala um pouco sobre as superações, as etapadas da vida. Dê uma olhada.
ResponderExcluirVisite minha Casa, quando puder.
O endereço é:
(http://casadojulianosanches.blogspot.com/).
Um grande abraço.