Alzheimer/Velhice

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Os patinetes e as ciclovias



Pois os patinetes voltaram a aparecer por toda a cidade. E têm feito a alegria da garotada. Na UFSC é possível ver muita gente pra lá e pra cá com aquelas coisinhas amarelas ou verdes. E é bom, porque no trânsito caótico da cidade acaba sendo uma forma bem rápida de se mexer. A mobilidade só piora, então aparecem as “alternativas”. Dizer o quê? Na UFSC, que é uma universidade onde circulam mais de 30 mil pessoas por dia a gente pode ficar numa parada de ônibus por até 40 minutos. É sim! Por isso mesmo que a gurizada pede ciclovia e agora acha bacana esse lance dos patinetes. A turma saúde pedala e os mais preguiçosos andam nas maquininhas de duas rodas, que sequer pedem esforço. 

Não sou contra ciclovia nem contra os patinetes. Há que desenvolver técnicas de sobrevivência no caos. Mas é preciso ultrapassar o limite das pautas pequeno-burguesas que clamam por ciclovias e outros tipos de transporte individuais. E por que digo isso? É simples. Os trabalhadores são seres que moram quase sempre muito longe de seus locais de trabalho. Eles não têm como fazer 30 ou 40 quilômetros em cima de um patinete (seria desconfortável e caro), muito menos pedalar tudo isso para ir e para vir. Imagine uma senhora como eu, prá lá dos 60, como vai pedalar todo esse trajeto depois de um dia estafante de trabalho, num trânsito que mata? Que tipo de governante pode conceber isso? 

Os trabalhadores precisam de transporte de massa. Repito. Transporte de massa. Com qualidade e de preferência com tarifa zero. Porque 90% das pessoas que usam o transporte se deslocam para engordar a conta do capital, o mesmo que lhes suga a vida e ainda permite que percam de duas a três horas no inferno do transporte desintegrado. Eu quero um ônibus bom e rápido, um trem de superfície, qualquer coisa que nos transporte num átimo para onde nosso coração clama: a casa, aconchegante morada. 

O transporte individual, seja o carro, a bicicleta, o patinete, a moto, resolve a vida de muitos. Mas não da maioria. Fosse assim não teríamos mais de 200 mil pessoas se aglomerando nos ônibus todos os dias, padecendo com falta de linhas e horários. 

Pois bem, vêm aí as eleições municipais. De novo vamos ver propostas mirabolantes e muitas historinhas no tik tok. Não se enganem. Para nós, trabalhadores, a única proposta realmente séria é o transporte de massa, bom, rápido e barato, senão gratuito. Fora isso são arranjos individuais, que não servem à maioria. Temos amargado prefeito após prefeito o descuido com nossa vida cotidiana. Não podemos dar nosso voto para quem nos engana.

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