Carlos Walter Porto-Gonçalves é assim, um monumento. Geógrafo dos mais importantes não só do Brasil, mas da América Latina, ele não se comporta como um “pescoçudo”, que é como eu chamo os doutores metidos. Bem ao contrário. Ele é risonho e falador. O conheci num evento em Curitiba, junto com a sua companheira Márcia. Fiquei meio tensa porque sempre tenho medo de conhecer quem admiro. Vai que a pessoa é uma babaca. Não foi o caso. Carlos Walter é um fofo, alegre e intenso. Um homem adorável e uma espécie de biblioteca ambulante. Em poucos minutos de conversa e ele já vai te dando a conjuntura, a história atual e passada, números, dados, estatísticas, teses, mas de um jeito tão querido que nunca soa pedante. Ele é um poço de saber e tem prazer em dividir o que sabe. Um ser raro, por supuesto.
Quando comecei meu doutorado, sobre a questão indígena, ele foi o primeiro nome que me veio à mente. Mas, e cadê a coragem para pedir para ser da minha banca? Não fosse minha amada Beatriz Paiva eu não o teria chamado. Ela insistiu e o fiz. Aceitou na hora, com aquele seu sorriso de menino, feliz e satisfeito. Ajudou muito na qualificação, dando dicas de leituras, fazendo observações cirúrgicas. Só enriqueceu. Sempre que eu olho meu trabalho eu fico inflada de orgulho por saber que ele tirou um tempo de sua vida corrida para ler e fazer comentários.
Ele agora está vivendo em Florianópolis e eu posso partilhar de sua amizade e seu convívio. Posso dizer que somos amigos, e isso é incrível. Gosto de estar com ele e ouvir suas inúmeras e maravilhosas histórias. Caminhares de um geógrafo humano que se encanta com as pessoas e os lugares. Um latino-americano. Seu conhecimento não é frio. É quente. Repleto de ternuras e amor pelas gentes e pelos lugares. Quando ele fala o mundo se abre em delicadezas e espanto. O vejo menos que gostaria, mas é bom de saber que ele está aí, bem perto, pronto para a comunhão amorosa dos seus saberes.
No dia que lancei meu livro de crônicas me fez uma baita surpresa. Foi lá, com seu sorriso e seu abraço. Ele, uma espécie de deus, se movendo por uma simples mortal. Encheu meu coração de alegria. Autor de dezenas de livros e artigos ele já foi até Prêmio Casas das Américas. É uma sumidade, mas não ostenta. Quem priva de seu convívio sabe. Fala pelos cotovelos, derrama saberes e nos embriaga com seu conhecimento. É um intelectual generoso, que sabe ensinar e dividir.
Te amo Carlos Walter, és verdadeiramente um ser especial. Te amo pacas...
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