Por outro lado vejo figuras como o Orlandinho, e acho muito engraçado. Ao vê-lo em suas dancinhas estranhas, me divirto mesmo e gosto de ver os três fazendo um matuto/moderno descolado. Gosto de muitas músicas da Anitta e até acho que não precisava ela usar tanto a bunda. Tento entender esse lance de bunda, tento mesmo. Sei que é parte constitutiva do imaginário masculino brasileiro e sei que tem a ver também com esse lance de “meu corpo, minhas regras”, mas acho que fica tudo meio misturado. Também percebo que essa coisa da conotação sexual nas músicas sempre houve, embora agora a coisa esteja menos sutil, mais crua mesmo. Vejam a letra da Malvada, cantada pelo Zé Felipe. A música tem três compositores e basicamente só diz que vai ter socadão, sentadinha e rebolada. É a realidade nua e crua do “sexo selvagem” sem qualquer romantismo. Creio que isso diz muito sobre o nosso tempo, como também diz muito da libido de gente jovem. Por isso vasculho, pesquiso, conheço.
Agora encontrei o Xamã, um raper carioca que tem a música mais tocada hoje no Brasil. A mais ouvida. Milhões de vezes em todas as plataformas. O tema igualmente é bunda gostosa, mas também é a realidade do trabalhador comum, o celular sem bateria, a passagem do busão, a malandragem, a tesão. Formas diversas de dizer sentimentos e sensações.
Acho meio blasê algumas pessoas dizerem que não conhecem esse ou aquele que está bombando na cabeça de milhares. Fui criada ouvindo ópera, sertanejo e música cigana, Lupicínio e Agnaldo Timóteo, Leni Andrade, Miguel Aceves Mejia e Jorge Ben. Depois, Elvis, Rick Wakeman, Paulo Sérgio, Fernando Mendes, Vila Lobos, Ovelha, Beto Guedes. O cabeça e o popular, lado a lado. Ora gosto mais de um, ora de outro. E sinto que não é possível desconhecer aqueles que conseguem – por uma coisa ou outra – cair no gosto de tantos.
Sei lá, divagando... e ouvindo o Malvadão...
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