Uma das rotinas que tive de assumir agora que tenho de
cuidar do pai, é a tal da limpeza diária da casa. Antes, tudo ficava fechado e
faxinar no final de semana era suficiente. Agora, com a circulação de pessoas e
bichos o dia todo na pequena casinha, a sujeira abunda. Então, todos os dias há
que varrer e passar pano. Assim, quando chega lá pelas seis horas começo a
função.
O pai sempre fica agitado quando eu começo a limpar, porque
ele acha que precisa ajudar.
- Que eu posso fazer, filha?
- Nada, pode ficar aí ouvindo música.
Capaz! Ele se levanta e vai para a pia.
- Vou lavar a louça.
- Mas já tá tudo limpo.
- Não tá, não.
Então começa a tirar todas as xícaras de dentro do armário e
lava de novo, uma por uma. Repete o procedimento até que eu encerre a lida. Se
eu demoro ele lava umas duas ou três vezes. Se eu penduro o rodo e recoloco os
tapetes, ele se dá por satisfeito.
- Arrumamos tudo, né?.
- É. Obrigada, querido. Ajudou muito.
Ele fica bem feliz e vai pitar seu cigarrinho.
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