Alzheimer/Velhice

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Palestina: 70 anos de massacre, e resiste!!

Famílias palestinas sendo expulsas de suas terras em 1948
A vida na Palestina hoje

Onde voarão os pássaros depois do último céu? Onde dormirão as plantas depois do último ar? Escreveremos nossos nomes com vapor tecido de vermelho, cortaremos as mãos para que se complete nossa carne. Aqui morreremos. Aqui, nessa última passagem. Aqui ou aí... nosso sangue plantará suas oliveiras. (Mahmud Darwish)

“Ainda verte a fonte do crime” grita o poeta palestino Mahmud Darwish em um dos seus poemas. E é verdade. A fonte de todo o terror, do êxodo forçado, do assassinato, da prisão arbitrária, do roubo das terras, segue jorrando e provocando revolta no meio da vida palestina. É o que acontece desde o ano de 1947, quando em novembro foi divulgado pelas Nações Unidas a criação artificial do estado de Israel na região onde viviam milenariamente as gentes palestinas. Alegando que era preciso reparar o holocausto causado pelos nazistas, os Estados Unidos decidiu que deveria criar um estado para os judeus. Escolheu a Palestina, e não por acaso. A região é geopoliticamente estratégica, visto que é uma espécie de porta para o Oriente Médio, então e ainda berço do maior volume de petróleo no mundo. Alegando que ali era um espaço vazio, nasceu o estado sionista.

Mas, a Palestina não era um espaço vazio. Ali viviam as gentes com suas casas ancestrais, suas oliveiras, seus carneiros, sua história. E, na medida em que chegavam os judeus, iniciava-se o êxodo das famílias palestinas, retiradas de suas terras à força. Agora em maio completarão 70 anos do Nakba, o chamado “dia da catástrofe”, quando Israel começou, 24 horas depois de ser criado, a tentativa de extermínio de toda a gente palestina, promovendo massacres visando expulsar as famílias de suas casas. Muita gente fugiu, mas outras tantas ficaram e lutaram sem parar. Uma luta que segue até hoje.

Primeiro, foi o espanto. Do nada, um novo país se formou dentro de outro que já havia. Depois, começaram as investidas violentas. Do lado palestino crescia o número de vítimas. Gente obrigada a vagar pelo mundo, buscando abrigo longe de suas casas, famílias separadas por cercas e muros, vigiadas por soldados, pessoas sendo mortas como moscas. O caminho previsto por Israel era o extermínio. “Limpar a área”, fazer sumir do mapa o mundo palestino.

Depois do espanto, veio a organização. O povo palestino haveria de lutar para garantir a sua vida e o seu território. Assim, em janeiro de 1965 nascia oficialmente o Movimiento de Libertação da Palestina, uma organización revolucionária que tinha como líder Yasser Arafat. Foi esse movimiento que empreendeu a primeira resposta militar organizada contra o estado de Israel, visando defender o direito do povo palestino de viver em paz nas suas terras. Uma reação legítima e necessária.

A luta iniciada por Arafat cresceu, envolveu a gente palestina, e acabou gerando a OLP (Organização para Libertação da Palestina), com maior espectro que o de apenas um grupo de resistência. Tomou corpo e se encravou na vida palestina como um movimento necessário para o enfrentamento da violência sistemática de Israel que sempre teve como aliado militar e político os Estados Unidos. Inimigos de peso que não podiam ser enfrentados apenas com os corpos nus em sacrifício.

E foi essa luta que foi abrindo passo no mundo, mostrando o delírio do estado sionista, e garantindo junto aos demais países a legitimidade da resistência do povo palestino. Tanto que foi possível o reconhecimento do Estado Palestino bem como a participação de seus representantes em organismos internacionais. Por muito tempo Arafat e seus companheiros foram considerados “terroristas” porque precisaram abrir caminho com violência. Mas, poucos entendiam da extrema violência que vivia o povo palestino.

Hoje, passados 70 anos do começo de todo esse terror, que ainda assola a vida das gentes palestinas, a resistência segue. E não é fácil. O território da Palestina está cada dia menor e fatiado. Há pequenos espaços cercados por muros onde as famílias vivem segregadas como se fosse um campo de concentração. Vivem cotidianamente a violência, tendo de apresentar documentos e passar por revista para um simples ir e vir ao trabalho ou às compras. O maior pedaço é a Faixa de Gaza, onde se concentram quase dois milhões de pessoas em apenas 365 quilômetros quadros. Vivem sob bombardeios e ataques de toda sorte. É o terror diário.

Setenta longos anos de puro terror.

Na televisão, todos os dias, há notícias sobre o drama palestino. Mas, o que aparece é o seu contrário. A mídia comercial mostra a luta de resistência de um povo atacado como se fossem os palestinos os vilões. Eles são os violentos. Eles são os terroristas. A verdade já desapareceu completamente ao longo de todas essas décadas. Para o senso comum, o que acontece naquelas longínquas terras é um briga religiosa: árabes contra judeus. Nada pode ser mais falso.

O conflito na Palestina diz respeito a território, a riquezas, a roubo, a usurpação. Em nome de um sofrimento vivido na segunda grande guerra, os judeus sionistas – o que significa que não são todos os judeus – repetem o mesmo sofrimento, desta vez como verdugos. Fazem com o povo palestino o que os nazistas fizeram com seus parentes. Tudo em nome do poder e da ganância. Os Estados Unidos garantindo seus interesses no Oriente Médio, e os sionistas enchendo os bolsos. Tudo isso representa a trama bem urdida da acumulação capitalista. Rapinagem das terras e das riquezas das gentes para usufruto de alguns.

Setenta anos de dominação genocida. O terror. Mas, ainda assim, o povo palestino resiste, sobrevivendo a todas as tentativas de extermínio. Já enfrentou massacres massivos e segue enfrentando sistemáticos bombardeios, assassinatos cirúrgicos, prisão de crianças, terror cotidiano.

Nesse ano de 2018, quando maio chegar, e Israel comemorar os 70 anos da invasão, lá estarão os palestinos, vivos e resistentes, junto com todas as gentes no mundo que os apoiam, celebrando o levante e a luta. O Estado Palestino é um direito e haverá de vingar. Passaram-se 70 anos e o extermínio não se completou. Porque enquanto houver uma vida palestina pulsando no mundo, a resistência seguirá.

Agora, para “celebrar” essas décadas de massacre, o presidente estadunidenses, Donald Trump, decidiu desferir mais um golpe, declarando a cidade santa de Jerusalém, que sempre foi a capital palestina, como a capital de Israel. Mais uma imposição do império. Mais uma violência. Mais uma provocação. Tudo o que querem é provocar a reação para justificar o assassinato recorrente.  

Mas, se uma verdade pode ficar escondida por algum tempo, uma hora ela vem à tona. É impossível parar o conhecimento sobre a realidade. Hora virá que o mundo inteiro compreenderá o que realmente passa na Palestina. Reconhecerá o criminoso (Israel) e se juntará ás vítimas (Palestina).

Com a Palestina estamos, e seguimos. Liberdade, território e direito de gerir a própria vida. Fora Israel. Fora sionistas. Viva a Palestina Livre.




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