Alzheimer/Velhice

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

As casas choram...



Havia tempos que eu não passava pela Mauro Ramos. E, assim, de chofre, amuei. Lá estava a lógica dos espigões colocando abaixo mais algumas daquelas casas típicas, açorianas, que um dia fizeram a paisagem da rua. Poucas restam agora. Sempre me encantei com aquelas que ficavam ali próximas da Fecesc, três, grudadinhas, parede com parede. Agora não há mais.

Uma delas foi preservada para servir de fachada a um destes monstros de cimento. O pastiche de um tempo que não existe mais. Uma casquinha ritual, absolutamente perdida de sua beleza e historicidade, tal como ficou a Casa do Barão.

Casas que um dia pertenceram aos mais ricos, claro, por isso tão bonitas e cheias de rococós. E que poderiam servir de casas de cultura, cinema, pontos de cultura, sei lá. A gente se apossando dos espaços que no passado nos eram negados. Mas, não. Eles continuam não sendo nossos e mesmo fazendo parte de toda uma arquitetura típica ficam ali, como uma farsa.

Parei diante da casinha verde, que parecia gritar de medo e de solidão, e chorei. Minha cidade vai sumindo na bruma dessa modernidade burra. Logo, logo não haverá na Mauro Ramos mais que prédios e templos. 


Um comentário:

  1. Elaine, que triste coincidência. Passei ontem, por ali, com uma amiga. Falammos a mesma coisa.Um crime sem fim...depois vão á Europa e voltam de lá maravilhados com a conservação da História...

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