O Brasil se prepara para uma greve geral no dia 28 de abril.
E não é por acaso. Passado um ano do processo que retirou do poder a presidenta
Dilma Roussef, conduzido por um Congresso corrupto e baseado unicamente num
desejo de vingança do então presidente da casa, Eduardo Cunha, o país vive uma
vertiginosa ação de desmonte. Sem nenhum prurido, a classe dominante assumiu o
controle, impondo uma avassaladora derrota aos trabalhadores no que diz respeito
aos direitos conquistados com longas e dolorosas lutas. Não que essa gente não
estivesse no controle, durante os governos petistas, mas as coisas caminhavam
mais devagar, com possibilidade de organização e luta. Agora, sem freio e com
seus gerentes bem afiados, o processo de desmonte de direitos acontece sem
máscaras e de maneira muito rápida.
O Congresso Nacional tem sido o protagonista principal nesse
teatro de horrores. Com uma maioria expressiva, desde o próprio processo de
impedimento, vem aprovando tudo o que o novo presidente quer. E o que Temer
quer é o que quer o conglomerado empresarial industrial e agrário. Às claras,
aqueles que deveriam representar a maioria da população, simplesmente viram as
costas, ficam surdos às vozes das ruas, e legislam para os pequenos grupos de
poder que os elegeram. Votam leis que fortalecem unicamente a classe dominante.
Sem máscaras.
Com as denúncias realizadas no âmbito da operação Lava-Jato,
a população finalmente se informa, com dados e números, sobre a realidade que
desde sempre andamos denunciando: o estado nada mais é do que o comitê de
negócios do capital. O estado existe para garantir que os ricos e poderosos
sigam ricos e poderosos, seja pela expropriação de direitos dos trabalhadores,
seja pela entrega das riquezas nacionais, seja pela sucessão de benesses
oferecidas aos empresários nacionais e estrangeiros. Não é sem razão que todas
as lutas travadas pelos trabalhadores encontram firme repressão. Vez em quando,
se há algum crescimento nos lucros, a classe dominante permite uma ou outra
proteção social. Mas, basta que caia a taxa de lucros para que tudo seja
retirado. E aí, compram-se os deputados, os senadores, os vereadores, os
governantes. Tudo é passível de suborno e corrupção. Ou seja, é da natureza do
estado capitalista a corrupção.
Mas, todo o midiático escândalo da Lava-Jato é apenas uma
agulha no “generoso” palheiro do sistema capitalista de produção. As propinas
distribuídas aos legisladores, ministros e outros dirigentes do balcão do
estado, são café pequeno diante das grandes quantias garantidas aos
conglomerados nacionais e internacionais. Assim, enquanto os jornalistas de boca-alugada
gritam histericamente sobre pagamentos de 10 milhões, dois milhões, 100
milhões, o estado brasileiro vai perdoando dívidas de empresas no valor de 26
bilhões – como é o caso do ITAU – ou 100 bilhões, como o caso das teles. Esse sim
dinheiro gordo, que deixa de ser investido na saúde, educação, segurança,
moradia, para encher as burras dos capitalistas.
Só que enquanto a mídia coloca no poste, para justiçamento,
os peixes pequenos, os graúdos seguem nadando de braçada nas verbas do estado. Apenas
o pagamento dos juros da dívida pública leva do orçamento brasileiro quase a
metade de tudo que se arrecada. E sobre isso não se vê matéria na TV, nem comentários
indignados dos jornalistas das grandes redes, acostumados a serem valentes
contra os pobres e os trabalhadores. E uma auditoria nos contratos dessa dívida
já deixaria claro o tanto de roubo, de corrupção e de entrega de riquezas se
perpetrou desde a ditadura militar, momento em que a dívida começou a crescer
vertiginosamente.
Os meios de comunicação não se preocupam em informar à
população a totalidade do processo de corrupção que é natural no capitalismo.
Limitam-se a fazer barulho com pequenos factoides, mostrando uma ou outra
punição, como se isso fosse suficiente. Não é. A grande corrupção segue firme e
a todo vapor. Ela é inerente ao sistema. E enquanto o estado perdoa dívidas dos
empresários em valores estratosféricos, impõe aos trabalhadores o pagamento de
toda essa conta, com aprovação de leis que tiram direitos e enxugam os serviços
públicos.
Só no ano de Temer os congressistas congelaram, a seu
pedido, os gastos públicos em 20 anos, condenando a maioria da população ao
sucateamento de toda rede de serviços de saúde, educação, moradia, segurança,
ciência, arte. Aprovaram o projeto das terceirizações que precariza ainda mais
a vida do trabalhador e destrói tudo o que é público. Insistem na
contrarreforma da previdência que tira o direito da aposentadoria, obrigando o
trabalhador a contribuir 49 anos para então pleitear o direito de se aposentar.
E, para fechar com chave de ouro, querem realizar uma contrarreforma
trabalhista, destruindo tudo o que foi conquistado com sangue no último século.
Aos trabalhadores resta a luta e a organização. Antes de
tudo é preciso totalizar esse cenários de desmonte e corrupção. Montar o
quebra-cabeças inteiro e não apenas uma parte. A operação Lava-Jato - essa peça
midiática - é só a ponta do iceberg da
corrupção do estado burguês. Há que mergulhar no mar de lama do capital e
conhecer cada centímetro desse corpo que, para ser forte, precisa do trabalho e
da vida do trabalhador.
Só os trabalhadores podem cortar a fonte do crime. Por isso,
no dia 28, dia da Greve Geral, é preciso parar a produção, cada máquina, cada
empresa, cada espaço de produção de valor. Se são os trabalhadores os que geram
a riqueza, só os trabalhadores podem estancar a sangria. Parar é fundamental. Parar
geral, travar a máquina do capital, mostrar força e organização. Essa é a única
arma capaz de vencer a classe dominante. Há que lembrar: os que dominam
conformam apenas 1% da população, os trabalhadores são 99%. Geram a riqueza e
são a maioria, logo, o poder é deles. É tempo de usar essa força e esse poder.
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