A mulher xokleng não se intimidou com a presença dos
policiais que chegaram tentando destrancar a estrada. “Nós também temos o
direito de fazer manifestação, cada povo tem o direito de mostrar seu
sofrimento”. E assim, por duas horas, as três etnias de Santa Catarina,
Guarani, Xogleng e Kaigang, com a solidariedade dos militantes da causa
indígena, realizaram nesse dia 11, um grande ato na BR 101, bem em frente a Aldeia Itaty, no Morro dos Cavalos.
Com a ocupação da estrada, nas duas pistas, eles estenderam
seus cartazes, faixas e fizeram o toré. Danças rituais que desvelam a cultura
viva, ainda resistindo, mesmo com mais de 500 anos de massacre.
Esta já é a terceira manifestação que as três etnias
realizam juntas, o que mostra também uma crescente integração na luta pelos
direitos. Ainda que estejam separados por longas distâncias, como é o caso dos
Kaikang, que vivem no oeste, os povos originários do estado têm buscado uma
articulação cada vez mais forte porque entendem que só unidos podem garantir
suas demandas.
Com esse ato que durou toda a manhã, iniciando às dez horas
com os rituais de proteção e boas vindas, passando pela ocupação da estrada por
duas horas seguidas, os povos indígenas de Santa Catarina uniram-se ao
movimento nacional desse dia 11 de novembro. Em todos os estados eles deram seu
grito de protesto contra a PEC 215 que dá ao Congresso Nacional o poder de
remexer nas demarcações de terra já realizadas, não só de indígenas mas também
dos quilombolas e de povos tradicionais, e definir daqui para frente as novas
demarcações. Como a bancada ruralista é maioria e quer domínio sobre as terras
indígenas, ninguém tem dúvidas dos interesses que estão pro trás dessa mudança.
“Nós vamos fazer essa luta até o último índio. Ninguém vai
nos calar”, insistiu Woie Patté. A luta segue até que se arquive
definitivamente a PEC 215.
ResponderExcluirum abraco solidario!!!