Oscar Oliveira é um lutador social da maior importância na Bolívia, tendo sido uma das lideranças da famosa "guerra da água", que aconteceu em Cochabamba colocando em xeque o processo de privatização da água naquele país. Hoje, ele atua uma escola rural onde ensina as crianças a conviver de maneira harmônica com a terra.
Esteve na Grécia visitando experiência de lutas dos trabalhadores e traz aqui suas impressões sobre o que viu.
"Esta é uma primeira entrega de uma série de pequenos testemunhos sobre o que pude perceber e sentir na longínqua, mas tão próxima Grécia.
Relatarei o que vi em uma Cooperativa de consumo, em um parque autônomo de Atenas, a entrevista com um jornalista e com a gente simples e trabalhadora das ruas.
Não serão artigos, mas uns versos anarquistas (sem regras ou padrões literários), apenas palavras de esperança, inspiração e criação.
PARTE 1
Grécia- Tessalônica-Atenas
Tive o privilégio de visitar, compartilhar e sentir o que acontece no território sem partido, sem caudilhos nem patrões, na fábrica Vio.Me (Bio. Me, em grego), em Tessalônica, Grécia.
Território que está sendo construído desde baixo, a partir das angústias, da estafa do capital frente a inoperância, temor e burocracia estatal e com um grande sentido de irmandade, solidariedade, alegria, risos e esforços por parte de um punhado de trabalhadores que, tendo perdido seus empregos, decidiram estabelecer um espaço produtivo, não apenas para sobreviver a crise grega, mas principalmente mostrar que é possível construir no caminho o processo revolucionário com as mãos calosas e o coração grande em meio a tormenta.
Esses trabalhadores conseguiram estabelecer laços fraternos e práticos com os trabalhadores e trabalhadoras de Zanón, na Argentina, assim como uma rede importante do movimento social internacional, que já manifestou seu apoio pleno à construção da autonomia.
Antes fabricavam artigos para construção, agora fazem artigos para limpeza de casas, cuja estrela é um pequeno sabão que se faz grande pelo conteúdo do trabalho, esforço, suor, de cisão e dignidade.
Tivemos um importante diálogo, quase sem falar, porque nem necessitava. Trocamos alguns presentes. As palavras estavam ditas e escritas no nosso olhar, nas nossas mãos, nos nossos sorrisos e na alegria de compartilhar, não só esses momentos, mas esses espaços que antes eram de exploração e de ditadura do capital e patronal, e que hoje são cheios de carinho, reciprocidade e esperança.
Vio. Me é nossa!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário