Por Leonardo Tolomini Miranda
O seu salmão é o meu feijão com arroz
O seu carro a sua beleza, a rua a minha amiga
Não há nada que você queira, eu quero tudo
Tudo para mim, só para mim
Quero que meus olhos não vejam mais miséria
Que não vejam mais fome e tragédias imbecis
Não quero mais nenhuma mãe ser ter com que alimentar seu filho
Sou egoísta, quero isso para mim, para mais ninguém
Meus olhos e ouvidos não aguentam mais, não é pinico
Minha vida não é joguete se vou ser feliz ou miserável
Quero ter a felicidade, desconstruir a infelicidade
Quero um mundo só para mim, sem você que me perturba
Que dirige esse maldito carro importado, que está na política por dinheiro
Empresário que explora sua mão de obra faminta
Sou egoísta, sou ruim, tenho pesadelos e entro no sonho daqueles malditos
Que assombram meus olhos, que me trancam em quatro paredes
Não quero mais você miséria, muito menos você riqueza
Vocês duas são estúpidas e só andam de mãos dadas, uma dá a porrada
A outra o falso sorriso
Vocês são o caos, o fim do mundo, quero a igualdade só para mim
Para poder descansar um pouquinho à noite e achar que vale a pena viver
Diante da estupidez da miséria passiva e da riqueza brilhante
E um bom foda-se a indústria cultural do pão e circo
Novela e futebol
E enquanto isso o mundo é assim mesmo, a droga está em qualquer esquina
É o meu mundo, porque o mundo é meu, antropocêntrico
Fode-se a cada dia, a cada instante que olho um miserável capitalista ignorante
Que acha que o mundo é seu através das moedas, dos juros, dos bancos, das gerências
O mundo não é deles, o mundo é meu e o meu mundo é igualitário
Declaro guerra a esta gente podre de sentimentos, vazias de qualquer esperança
Pois já possuem tudo, possuem o meu suor em seu copo de vinho
Minha saudade em sua cama
Minha filha em sua esquina
Meu filho de roupas rasgadas
Quero que eles se acabem instantaneamente, assim como o mundo irá se acabar
Se eles continuarem a ditarem as regras
Que regras? Há regras? Nenhuma.
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