Alzheimer/Velhice

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Declarações de Fidel Castro

A atenção a outros assuntos agora prioritários me afastaram de momento da freqüência com que elaborei reflexões durante o ano 2010, contudo, a proclama do líder revolucionário Hugo Chávez Frias na passada quinta-feira 30 me obriga a escrever estas linhas.

O presidente da Venezuela é um dos homens que mais tem feito pela saúde e a educação do seu povo; como são temas nos quais a Revolução cubana tem acumulado mais experiência, gostosamente colaboramos ao máximo em ambos os campos com esse país irmão.

Não se trata em absoluto de que esse país carecesse de médicos, antes pelo contrário, possuía-os em abundância e inclusive entre eles profissionais de qualidade, como em outros países da América Latina. Trata-se duma questão social. Os melhores médicos e os equipamentos mais sofisticados poderiam estar, como em todos os países capitalistas, ao serviço da medicina privada. Às vezes nem sequer isso, porque no capitalismo subdesenvolvido, como o que existia na Venezuela, a classe rica contava com meios suficientes para recorrer aos melhores hospitais dos Estados Unidos ou da Europa, algo que era e é habitual sem que ninguém possa negá-lo.

Pior ainda, os Estados Unidos e a Europa têm-se caraterizado por seduzir os melhores especialistas de qualquer país explorado do Terceiro Mundo para que abandonem sua pátria e emigrem às sociedades de consumo. Formar médicos para esse mundo nos países desenvolvidos implica fabulosas quantidades que milhões de famílias pobres da América Latina e do Caribe que não poderiam pagar nunca. Em Cuba acontecia isso até que a Revolução aceitou o desafio, não só de formar médicos capazes de servir o nosso país, mas a outros povos da América Latina, do Caribe ou do mundo.

Jamais temos arrebatado as inteligências a outros povos. Em câmbio em Cuba formaram-se gratuitamente dezenas de milhares de médicos e outros profissionais de alto nível para devolvê-los a seus próprios países.

Graças a suas profundas revoluções bolivarianas e martianas, a Venezuela e Cuba são países onde a saúde e a educação se têm desenvolvido extraordinariamente. Todos os cidadãos têm direito real a receber gratuitamente educação geral e formação profissional, algo que os Estados Unidos não têm podido nem poderão garantir a todos seus habitantes. O real é que o governo desse país investe cada ano um milhão de milhões de dólares no seu aparelho militar e nas suas aventuras bélicas. Além disso, é o maior exportador de armas e instrumentos de morte e o maior mercado de drogas do mundo. Devido a esse tráfico, dezenas de milhares de latino-americanos perdem a vida cada ano.
É algo tão real e tão conhecido, que há mais de 50 anos, um Presidente de origem militar denunciou, com tom amargo, o poder decisivo acumulado pelo complexo militar industrial nesse país.
Estas palavras estariam demais se não mediasse a odiosa e nojenta campanha desatada pela mídia da oligarquia venezuelana, ao serviço desse império, utilizando as dificuldades de saúde que atravessa o Presidente bolivariano. A ele nos une uma estreita e indestrutível amizade, surgida desde que visitou por primeira vez nossa pátria, a 13 de dezembro de 1994.

A alguns lhes resultou rara a coincidência de sua visita a Cuba com a necessidade de atendimento médico que aconteceu. O Presidente venezuelano visitou nosso país com o mesmo objetivo que o levou ao Brasil e ao Equador. Não trazia intenção alguma de receber serviços médicos em nossa pátria.

Como se sabe um grupo de especialistas cubanos da saúde prestam, há anos, seus serviços ao Presidente venezuelano, que fiel a seus princípios bolivarianos, jamais viu neles estrangeiros indesejáveis, senão filhos da grande Pátria Latino-americana pela qual lutou o Libertador até o último alento de sua vida.

O primeiro contingente de médicos cubanos partiu rumo à Venezuela quando aconteceu a tragédia no estado de Vargas, que custou milhares de vidas a esse nobre povo. Esta ação de solidariedade não era nova, constituía uma tradição enraizada em nossa pátria desde os primeiros anos da Revolução; desde que há quase meio século médicos cubanos foram enviados à recém-independente Argélia. Essa tradição se aprofundou na medida em que a Revolução cubana, no meio de um cruel bloqueio, formava médicos internacionalistas. Países como o Peru, a Nicarágua de Somoza e outros do hemisfério e do Terceiro Mundo, sofreram tragédias por terremotos ou outras causas que precisaram da solidariedade de Cuba. Assim nossa pátria se tornou na nação do mundo com mais alto indicador de médicos e pessoal especializado em saúde, com elevados níveis de experiência e capacidade profissional.

O Presidente Chávez se esmerou na atenção de nosso pessoal de saúde. Assim nasceu e se desenvolveu o vínculo de confiança e de amizade entre ele e os médicos cubanos que sempre foram muito sensíveis ao trato do líder venezuelano, o qual por sua parte, foi capaz de criar milhares de estabelecimentos de saúde e dotá-los dos equipamentos necessários para prestar serviços gratuitos a todos os venezuelanos. Nenhum governo do mundo fez tanto, em tão breve tempo, pela saúde de seu povo.

Uma elevada percentagem de pessoal cubano da saúde prestou serviços na Venezuela e muitos deles atuaram também como docentes em determinadas matérias ministradas para a formação de mais de 20 mil jovens venezuelanos que começam a se formar como médicos. Muitos deles começaram seus estudos em nosso próprio país. Os médicos internacionalistas integrantes do Batalhão 51, graduados na Escola Latino-americana de Medicina, têm ganho um sólido prestígio no cumprimento de complexas e difíceis missões. Sobre essas bases se desenvolveram minhas relações nesse campo com o presidente Hugo Chávez.
Devo acrescentar que ao longo de mais de doze anos, desde 2 de fevereiro do ano 1999, o Presidente e líder da Revolução venezuelana não tem descansado um só dia, e nisso ocupa um lugar único na história deste hemisfério. Todas suas energias as tem consagrado à Revolução.

Poderia se afirmar que por cada hora extra que Chávez dedica a seu trabalho, um Presidente dos Estados Unidos, descansa dois. Era difícil, quase impossível, que sua saúde não sofresse algum quebranto e isso aconteceu nos últimos meses.
Pessoa habituada aos rigores da vida militar, suportava estoicamente as dores e moléstias que com freqüência crescente o afetavam. Dadas as relações de amizade desenvolvidas e os intercâmbios constantes entre Cuba e a Venezuela, junto da minha experiência pessoal com relação à saúde, que vivi desde a proclama de 30 de julho do ano 2006, não é raro que me apercebesse da necessidade de um check-up rigoroso da saúde do Presidente. É generoso demais, da sua parte, atribuir-me algum mérito especial neste assunto.

Admito, é claro, que não foi fácil a tarefa que me impus. Não era para mim difícil precatar-me de que sua saúde não andava bem. Tinham decorrido 7 meses desde que se realizou sua última visita a Cuba. A equipe médica dedicada ao atendimento de sua saúde me tinha rogado que fizesse essa gestão. Desde o primeiro momento a atitude do Presidente era informar o povo, com absoluta clareza, a respeito de seu estado de saúde. Por isso, estando a ponto já de regressar, através de seu Ministro de Relações Exteriores, informou ao povo sobre sua saúde até esse instante e prometeu mantê-lo detalhadamente informado.
Cada cura ia acompanhada por rigorosas análises celulares e de laboratório, que em tais circunstâncias se realizam.

Um dos testes, vários dias posteriores à primeira intervenção, deu resultados que determinaram uma medida cirúrgica mais radical e o tratamento especial do paciente.
Em sua digna mensagem de 30 de junho, o Presidente notavelmente recuperado fala de seu estado de saúde com toda clareza. Admito que para mim não foi fácil a tarefa de informar ao amigo da nova situação. Consegui constatar a dignidade com que recebeu a notícia que –para ele com tantas tarefas importantes que levava na mente, entre elas o comício comemorativo do Bicentenário e a formalização do acordo sobre a unidade da América Latina e do Caribe– muito mais do que os sofrimentos físicos que implicava uma cirurgia radical, significa uma prova que como ele expressou a fez comparar com os momentos duros que lhe coube enfrentar em sua vida de combatente irredutível.

Junto dele, a equipe de pessoas que o atendem e que ele qualificou de sublimes, têm levado a cabo a magnífica batalha da qual tenho sido testemunha.
Sem hesitação afirmo que os resultados são impressionantes e que o paciente tem vencido uma batalha decisiva que o conduzirá e com ele a Venezuela, a uma grande vitória.
É preciso fazer com que seu alegado seja comunicado ao pé da letra em todas as línguas, mas sobretudo que seja traduzido e legendado ao inglês, um idioma que possa ser entendido, nesta Torre de Babel em que o imperialismo tem convertido o mundo.

Agora os inimigos externos e internos de Hugo Chávez estão à mercê de suas palavras e suas iniciativas. Haverá sem dúvida surpresas para eles. Ofereçamos-lhe o mais firme apoio e confiança. As mentiras do império e a traição dos vendilhões de pátrias serão derrotadas. Hoje há milhões de venezuelanos combativos e conscientes, que a oligarquia e o império não poderão jamais voltar a submeter.

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