Alzheimer/Velhice

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Com a Rosa dos Ventos


Tem dias em que eu sinto o cheiro ruim. A universidade, às vezes, é podre. Conservadora, reacionária, colonizada. Mas tem dias que ela é pura claridão, com gente alegre, que pensa, que olha o mundo com lentes críticas, que estuda, que compreende, que gargalha, que compenetra. Gosto de andar pelos corredores a sentir essa energia que vem de tantos pontos. Vem do norte, do sul, do leste, do oeste. No meio da mediocridade, a flor.

Ontem, no meio da tarde de uma primavera/verão, com jeitinho de inverno, uma grande rosa girou em frente ao CSE. Era a rosa dos ventos, proposta bonita para o DCE da UFSC. Nada mais necessário. Uma flor, que gira, mas que tem direção. Instrumento de orientação, certeza de precisão, garantia de chegada e com exatidão. Rosa de vento, rosa de riso, rosa de saberes, rosa de comunhão.

Eu conheço aquelas caras, as vejo todos os dias entre livros, teorias, dúvidas, certezas e esperanças. As vejo nos debates, nas ruas, nas lutas, na biblioteca, nos CAs, nas salas de aula. As escuto discutindo política, traçando planos, dando gargalhadas, comentando um autor. Eu sei os seus nomes, reconheço seus sonhos, compartilho de suas esperas. Todos os dias eles e elas me apontam caminhos, porque, vez em quando, os velhos titubeiam. Mas, quando essa hora vem, espreitando nas frestas da burocracia ou da necrosada mentalidade reinante, são eles e elas, que aparecem como a corda que me arrebata da movediça areia da acomodação. Juventude, salvação!

Sei que há muitos bravos estudantes na luta cotidiana, mas, talvez por que os conheça tão bem, sinto-me compelida a seguir com os que estão a soprar a rosa, rosa de ventos, rosa de riso, rosa de saberes, de comunhão. Porque sei do que lhes vai à alma, na cabeça e no coração. Porque compartilho com eles as manhãs, as tardes e algumas noites, na difícil tarefa de pensar o mundo criticamente, sem perder a ternura. Com eles vou... esperando que o porto a ancorar seja o da rebeldia, da mudança, da transformação!

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