Alzheimer/Velhice

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O muro das lamentações

Por Thiago "Plaz" Mendes
Homenagem ao III Fórum Mundial das Migrações

O direito de ir e vir & Muros, barreiras, cercas...

Muitos muros foram quebrados com o projeto Globalizador, o lucro parece não ter qualquer problema para atravessá-los, pois é uma pena que poucos olhos fitarão a cor das verdinhas.

O verde dos pastos das fazendas “Sossego”, onde cercas ainda protegem o improdutivo e o produtivo povo morre de fome.

As barreiras desfeitas pela economia, mas refeitas para os migrantes, reféns de um sistema opressor que os empurra, e amputa suas chances...

Já vimos essa história antes... E não é o fim da história, mas talvez da geografia 1.

“Os migrantes são pessoas, sujeitos de direitos, e não podem ser tratados como mercadorias, como moeda de troca e devem ter os direitos reconhecidos em qualquer lugar que se encontrem. A diversidade de raças, etnias, países, a perspectiva de gênero e a variada gama de entidades e movimentos sociais, foi uma das marcas deste Fórum” 2

A geografia desumana onde pesa mais na balança dinheiro do que vida, lucro do que amizade, externalidade do que alteridade.

“Com as distâncias não significando mais nada, as localidades, separadas por distâncias também perdem seu significado. Isso, no entanto, augura para alguns a liberdade face à criação de significado, mas para outros pressagia a falta de significado. Alguns podem agora se mover para fora da localidade — qualquer localidade — quando quiserem. Outros observam, impotentes, a única localidade que habitam movendo-se sob seus pés”. 3

Porque esses muros parecem ter vida, ora são minguantes, ora são gigantes...Talvez por que mãos humanas os constroem. E mentes viciadas pelo lucro, visando apenas o “seu”, sejam donas dessas mãos.

Sob o lema “nossas vozes, nossos direitos, por um mundo sem muros, uma só voz, um só grito foi ouvido nas ruas de Madrid: “En el sur somos explorados y en el norte expulsados;” “Nenhum ser humano es ilegal, ciudania universal.” 4

Talvez a única coisa universal, o único cidadão universal, ou melhor, o único muro universal, seja aquele feito de vidro e com uma grande logomarca brilhante de algum banco por sob nossas cabeças, enquanto nossos olhos despejam lágrimas, rezando por um novo empréstimo ou diminuição de divida.

“O muro que protege, também aprisiona”. 5

Escreve para o blog : http://plaz.zip.net/

Notas:

1.Bauman, Z. Globalização: As conseqüências humanas.Pág 16
2.Luiz Bassegio, Luciane Udovic. Retirado do site Alainet: http://alainet.org/active/26392&lang=es
3.Bauman, Z. Globalização: As conseqüências humanas.Pág 22
4.Luiz Bassegio, Luciane Udovic. Retirado do site Alainet: http://alainet.org/active/26392&lang=es
5.Engraçado que a frase veio-me na cabeça e não sei ao certo o nome do autor, peço desculpas pela omissão.

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