Lembro bem, quando ainda estudava, das conversinhas de corredor falando mal das aulas de algumas delas, porque davam muita teoria, ou porque falavam de assuntos que não tinham “nada a ver” com jornalismo. Ora, o nada a ver era a discussão da arte, da cultura, da literatura, do simbólico, elementos que são fundamentais para a formação de um jornalista, para que seja capaz de ler o mundo com mais competência. Neila Biachin, Aglair Bernardo, Sônia Maluf, Carmem Rial e minha adorada mestra Gilka Girardello pavimentaram um caminho que se descortinou extraordinário. Na época em que cursei jornalismo tinha o grupo dos “políticos” e o dos “culturais” e havia essa rivalidade boba, tão redutora, que depois evoluiu para a perversidade.
Por sorte conseguimos conviver com essas mulheres generosas e criativas, fora das caixinhas da normose. Como mulheres foram particularmente ridicularizadas e sofreram inúmeras violências. Mas, alguns homens também tiveram sua cota de sofrimento, como foi o caso do Henrique Finco, do Mauro Pommer, que também faziam parte do grupo dos “culturais”, e eram igualmente professores instigantes e criadores. E até o Sérgio Weiggert, que era da turma dos “políticos”, sofreu na mão de alguns perversos, tirado como louco. Um gênio, que abriu mundos em nós. Eu mesma tenho ele e a Gilka como minhas referências eternas - mudaram meu rumo.
Ontem vendo aquela mesa bonita, com aquelas mulheres corajosas, que a despeito de tudo que viveram ali, seguiram seus caminhos construindo maravilhas, me emocionei demais. Que bom que a turma do curso de hoje teve a coragem de trazê-las e prestar essa homenagem. O passado não se apaga, foi duro e triste, mas o presente mostra claramente o tamanho da contribuição destes professores - mulheres e homens – que nos guiaram pelo labirinto do fazer jornalístico. Eu os reverencio e os honro! E agradeço por ter tido a sorte de tê-los no meu caminho...
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