Alzheimer/Velhice

sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Aventuras no Busão


O pai saliva muito de noite e por conta disso eu preciso trocar os travesseiros seguidamente e lavá-los. Como não é fácil secar, o jeito é ter vários deles para repor enquanto os outros secam. Assim que hoje eu fui ao centro para comprar mais alguns. Fiz meu recorrido tradicional e parei na Ki Lojão, onde comprei dois travesseiros. Achei grande, mas a moça disse que era padrão. Tudo bem. Saí de lá com um saco que era praticamente do meu tamanho. Eu podia entrar dentro dele e vir disfarçada. Foi engraçado. 

Segui em direção ao Ticen para pegar o Rio Tavares. A fila já estava enorme e eu com aquele sacão. Pensei:, vou ter de ir em pé e com esse saco enorme. Caracoles. Lá fui eu. Por um milagre dos deuses consegui um banco e me enfiei ali com o saco, incomodando um pouco o vizinho. Até ali, beleza. O trânsito lento e eu rezando para o busão chegar antes das duas e meia, horário da saída do Gramal. Chegou duas e meia. Saltei correndo quase tropeçando no saco, mas não consegui pegar o maldito ônibus. O motorista já arrancava e não parou. . O próximo só sairia em 25 minutos e era Eucalipto, o que significaria uns 40 minutos zanzando pelo bairro, pelos Morros da Pedras até voltar pela Gramal. Sem saída fui do outro lado pegar um Caieira da Barra do Sul que saía as 14 e 35. A fila imensa. Esperei todo mundo entrar e fiquei em pé perto da porta com o enorme saco da Ki Lojão. Um entra e sai de gente e eu me espremendo nos travesseiros a cada um que passava. Pra piorar tive de ouvir duas mulheres falando do ônibus cheio assim: "É ruim, mas a gente se diverte". Quem se diverte, querida?, pensei e mandei pra elas um olhar de monstra.

Quando chegou o Trevo do Erasmo, saltei. Dali até minha casa são 17 minutos andando. E lá fui eu me arrastando com o saco de travesseiros. Sou fraca de músculo então a cada tanto tinha que dar uma parada para trocar de mão. Os travesseiros, apesar de não muito pesados, incomodavam pelo volume. Toca andar e andar até que finalmente enxerguei o portão de casa. Ô glória! Votidizete uma coisa... essa vida de pessoa que usa drogas, no caso o transporte desintegrado da cidade amada. Isso acaba com um cristão! E o que me dá mais raiva é saber que o povo ainda pode votar num disgrama que não está nem aí para o nosso sofrimento. Valei-me São Pancrácio...


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