Alzheimer/Velhice

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Jornalismo, 40 anos - o primeiro chefe


Neste ano de 2022 completei 40 anos de atuação no jornalismo profissional. Comecei minha carreira na TV Caxias, em Caxias do Sul, então afiliada da RBS. Na carteira de trabalho o registro foi de locutora-entrevistadora, mas a função era de repórter. Tive a sorte de ter como meu primeiro chefe de reportagem o jornalista Otaviano Fonseca. Era assim uma espécie de anjo. Sempre bem humorado e paciente, ele conseguia lidar bem com a minha inexperiência, evitando assim que eu cometesse muitos erros, afinal, nunca na vida tinha trabalhado em TV, e fazer TV não é coisa fácil. Diferentemente de escrever, que é um ato solitário, fazer TV é coisa coletiva. Tu dependes do trabalho da equipe toda: o motorista, o cinegrafista, o carregador de VT (é, tinha isso) e o editor. 

Pois o Otaviano me ensinou tudo sobre a reportagem em televisão. Tudo. E sempre com muita delicadeza. Eu o amava por isso. Guardo até hoje as orientações que ele me passou quando fui fazer o primeiro enterro de político. Bah, eu fiquei em pânico. O que eu ia fazer? O que perguntar numa hora dessas para não parecer idiota? Quem entrevistar para não ser invasiva e inoportuna?  E ele, pacientemente fez uma espécie de roteiro, tudo escritinho à mão. Além das manhas da reportagem ele também me ensinou a editar naquelas imensas ilhas de edição, com as fitas U-Matic, e em pouco tempo eu já editava minhas matérias e a de outros colegas. Tenho por ele o maior amor do mundo e todos os dias da minha vida eu agradeço por ter sido ele o meu primeiro chefe. 

Metidos naquele imenso salão onde ficava a redação - que era a metade da garagem da TV Caxias – nós, eu e o Britto Jr (outro repórter) pudemos aprender tudo o que era possível na profissão. E, mesmo quando a gente cometia algum erro, ainda que fosse grande, ele assumia tudo e nos orientava sobre o que fazer para não mais errar. O Otaviano era muito especial. O Britto logo em seguida alçou voo para São Paulo, onde se deu muito bem e eu também segui meu caminho, segura e competente, esculpida por conta dos seus ensinamentos. Desde que saí de Caxias nunca mais o vi, mas ele mora dentro do meu coração.  Nesse ano em que celebro os 40 anos dessa minha prática no jornalismo, eu o reverencio: meu mestre muito amado. 

Obrigada por tudo e tanto. Te amo!!!