Alzheimer/Velhice
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segunda-feira, 10 de junho de 2019
O mundo livre
Nos Estados Unidos um professor universitário está sendo processado pelo estado por ter oferecido água, comida, roupa limpa e uma cama a alguns migrantes na cidade de Ajo, estado do Arizona. Para o governo, Scott Warren cometeu crime ao ajudar as pessoas e pode pegar até 20 anos de prisão. Segundo a organização "No more Deaths" (Não mais mortes), que dá apoio aos migrantes na região, nos últimos 15 anos mais de três mil pessoas encontraram a morte no deserto do Arizona, tentando chegar aos Estados Unidos, atraídas pela promessa de "oportunidades". Warren, que é professor na Universidade do Arizona e ativista dos Direitos Humanos, foi preso em janeiro de 2017, quando a polícia fez um arrastão nos acampamentos das organizações humanitárias e o encontrou, ajudando a dois migrantes. Em todo o país, organizações de direitos humanos se movem para impedir a condenação de Scott, coisa que pode abrir um precedente gravíssimo no país. No chamado mundo livre, solidariedade humana é crime.
Jornalismo e parcialidade
O jornalista Mauro Santayana, no fantástico livro "Repórteres" organizado por Audálio Dantas conta que certa feita, fazia uma matéria sobre figuras importantes da cidade e, com medo de ser parcial, contra eles, consultou um colega de jornal, o José Calazans Filho, que o aconselhou: "Se você não conseguir ter uma visão muito clara da situação e não tiver tempo para investigar a fundo, fique com a parte mais débil. A injustiça contra o forte, mesmo que detestável, como toda a injustiça, é melhor do que a injustiça contra o fraco. O forte consegue restabelecer a verdade e recuperar a credibilidade. O pobre, ao perder a reputação, desgraça-se para sempre". Essa lição dada a Mauro tomei para mim. Sempre do lado do mais fraco. Sempre. Mesmo na dúvida, sempre com o mais fraco.