Alzheimer/Velhice

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A luta dos atingidos por barragem

Entrevista com Neudicléia de Oliveira, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Ela fala sobre a possibilidade do fim do licenciamento ambiental para as grandes obras, a luta dos atingidos e a necessidade de uma mídia alternativa.


quinta-feira, 26 de maio de 2016

Blogueiros divulgam carta de Belo Horizonte



A Carta de Belo Horizonte foi votada e aprovada no último dia do 5o Encontro de Blogueiros e Ativistas Digitais, 22/05, realizado em Belo Horizonte. Mais de 400 pessoas, de 23 estados do Brasil;

Leia o documento na íntegra.

CARTA DE BELO HORIZONTE

Nós, blogueir@s e ativist@s digitais, reunidos em Belo Horizonte, de 20 a 22 de maio de 2016, manifestamos nosso repúdio ao governo ilegítimo que se instalou no Brasil no último dia 12.

Sem crime de responsabilidade definido, conduzido pelo corrupto Eduardo Cunha e sob a chancela de um STF acovardado, esse impeachment é manifestação clara de nova modalidade de golpe já executada em Honduras e no Paraguai.

Não por acaso, a velha mídia cumpriu papel central na escalada que levou Temer e tucanos ao poder - sem passar pelas urnas.

 A Globo, a Veja e seus sócios menores no oligopólio midiático deram cobertura a ações ilegais do juiz Sergio Moro que foram fundamentais para a condução do golpe. A Globo e seus sócios menores ajudaram a arregimentar multidões que, em nome do combate à corrupção, saíram às ruas para pedir a derrubada de um governo eleito por 54 milhões de votos.

Chama atenção que os principais jornais do mundo - mesmo aqueles de linha conservadora - tenham noticiado o óbvio: o que se passa no Brasil é um golpe. Chama atenção também que os jornais, rádios e TVs do Brasil se desesperem quando mostramos o óbvio na internet: o governo Temer é ilegítimo e fruto de um golpe.

Desde nosso primeiro encontro de blogueir@s, em 2010, temos reforçado a necessidade de enfrentar o oligopólio midiático que - sob comando da família Marinho - ameaça a Democracia brasileira.

Foi o movimento de blogueir@s e ativist@s digitais que consolidou a ideia de que a velha mídia no Brasil cumpre o papel de PIG (Partido da Imprensa Golpista). Os governos Lula e Dilma, infelizmente, subestimaram a ameaça dessa máquina midiática a serviço do conservadorismo.

Nós, ativist@s digitais e blogueir@s, reafirmamos que estamos diante de um golpe parlamentar, com forte apoio jurídico-midiático, e que tem como objetivos: tirar direitos trabalhistas, reduzir os programas sociais, esmagar os movimentos sociais e sindicatos, atacar a liberdade da internet e a comunicação pública, além de destruir e entregar as principais empresas estatais brasileiras e especialmente os recursos do Pré-Sal, recolocando o Brasil na órbita dos Estados Unidos.

É um golpe conduzido por corruptos que nem disfarçam seu viés conservador, ao formar um ministério interino em que não há nenhuma mulher, nenhum negro, nenhum representante do povo trabalhador.

Diante dessa ameaça à Democracia, aos direitos sociais e que põe em xeque até mesmo a idéia de um Estado Nacional autônomo, consideramos que são ações prioritárias no próximo período:

a) combater nas ruas e nas redes o governo ilegítimo; não reconhecemos Michel Temer como presidente do Brasil; ele é um traidor e um golpista a serviço das elites, nada mais e nada menos que isso;

b) apoiar as ações que permitam o retorno ao cargo de Dilma Rousseff, a única presidenta legítima do Brasil;

c) manifestar nosso repúdio à intervenção ilegal dos golpistas na EBC (Empresa Brasil de Comunicação), exigindo o cumprimento integral das regras que levaram à criação dessa instituição que (apesar de suas limitações) é símbolo de construção democrática na comunicação;

d) denunciar o ataque à Cultura e aos direitos sociais, apoiando as ocupações das sedes do IPHAN e da FUNARTE e participando da resistência contra o governo golpista;

e) denunciar o caráter machista e preconceituoso de um governo ilegítimo que expulsa as mulheres do centro do poder, tratando-as como “segundo escalão” da sociedade;

f) apoiar todas as ações nas redes que permitam furar o bloqueio midiático, dando ampla cobertura às manifestações contra o governo golpista;

g) denunciar a onda de perseguições aos blogueir@s e ativistas digit@is; deixamos claro que um dos objetivos do governo ilegítimo é priorizar a comunicação chapa-branca, favorecendo a Globo na distribuição das verbas públicas e usando dinheiro do contribuinte para salvar organizações moribundas como a editora Abril e o ex-Estadão;

h) fortalecer o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), participando e ajudando a dar visibilidade às lutas desenvolvidas pelo Fórum; apoiar e participar, nos estados, dos comitês locais do FNDC, integrando assim a blogosfera e o ativismo digital às ações concretas de luta por mais diversidade e pluralidade na mídia;

i) denunciar ao mundo, através de textos traduzidos em vários idiomas, o caráter corrupto do governo Temer, que tem ao menos 7 ministros investigados pela Justiça e nomeou vários aliados de Cunha para postos chaves;

j) mostrar que mulheres, jovens negros, trabalhadores que lutam pela Reforma Agrária e povos indígenas são as vítimas mais imediatas da escalada autoritária;
k) lutar contra o desmanche dos programas sociais - indicando que o governo ilegítimo significa ameaça frontal ao Bolsa-Família, ao Minha Casa Minha Vida e a programas públicos de Educação e Saúde, tendo como centro a ideia de privatizar universidades e reduzir o papel do SUS;

l) resistir ao desmonte da Previdência Social, à terceirização e às mudanças nas leis trabalhistas já anunciadas pelo governo golpista;

m) denunciar as intenções autoritárias do novo Ministro da Justiça, um homem que transformou a PM de São Paulo em polícia política;

n) denunciar a presença, no STF e no TSE, de juízes que atuam como militantes partidários, apontando a ação nefasta de Gilmar Mendes;

o) lutar pela universalização do acesso à internet, e combater i) o desmonte da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), ii) os ataques ao Marco Civil da Internet, iii) os projetos aprovados na CPI dos Crimes Cibernéticos, iiii) e a imposição de limites à franquia dados;

p) denunciar ao mundo que as famílias que controlam jornais, TVs, rádios e portais no Brasil são beneficiárias de contas suspeitas em paraísos fiscais, conforme apontado nas investigações do “Swissleaks” e do “PanamaPapers”; são parte do sistema corrupto de poder que tenta se perpetuar sob a presidência de Temer;

q) somar esforços com movimentos de ativistas digitais na América Latina, para denunciar que o golpe no Brasil é parte de uma estratégia de recolonização de nosso continente; a maior prova disso é a nomeação de José Serra, conspirador parceiro da Chevron, para chefiar o Itamaraty; é preciso deixar claro que o golpe faz parte, também, de uma estratégia para desestabilizar os BRICS, que movimentam 46% da economia mundial;

r) lutar contra as tentativas de entregar o Pré-Sal às multinacionais do petróleo e denunciar as negociatas privatistas de Temer, Serra e Moreira Franco;
s) apoiar os esforços da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, com vistas a mobilizar os trabalhadores na nova fase de enfrentamentos que se abre.

Não daremos trégua à Globo, a Temer, aos traidores que se dizem sindicalistas, nem aos tucanos e empresários da FIESP - que agiram como patos a serviço do golpismo.

Resistiremos nas ruas e nas redes!

Viva a Democracia!


Ditadura nunca mais!

Blogueiros pautam a mídia

Entrevista com Aparecido Araujo Lima, o Cidoli, da Coordenação do Quinto Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais, acontecido em Belo Horizonte. Ele fala sobre a importância da blogosfera e da resistência ao golpe.


quarta-feira, 25 de maio de 2016

A juventude e a mídia popular


Entrevista com Gabriel Lopo, blogueiro de Montes Claros, interior de Minas Gerais, realizada durante o Quinto Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais. Ele fala sobre a importância do espaço digital como lugar da informação que verdadeiramente interessa à maioria.


segunda-feira, 23 de maio de 2016

Blogueiros e ativistas digitais fortalecem a luta na rede


















O Quinto Encontro Nacional e Blogueiros e Ativistas Digitais em Belo Horizonte aconteceu em meio a muitas turbulências. A primeira delas, positiva, foi a provocada por uma multidão que, aproveitando a presença da presidenta Dilma no encontro, decidiu realizar um grande ato em frente ao hotel Othon Palace, onde acontecia o encontro, para se solidarizar com ela e denunciar o golpe. A manifestação gigantesca, organizada pela Frente Brasil Popular de Minas Gerais, não pode passar despercebida. Assim, a abertura do evento acabou sendo também um grande ato de denúncia do golpe que está em curso no Brasil.

A segunda rugosidade veio pela imprensa, que divulgou a informação sobre a negativa da Caixa Federal em manter o apoio que já havia sido acordado com a organização. Ora, a CEF é uma entidade pública que tem uma política de apoio à eventos a qual qualquer entidade pode pleitear. E foi o que foi feito. Um contrato foi firmado, e a organização cumpriu todas as cláusulas, logo, não aceitará quebra no contrato. A informação foi considerada uma retaliação por parte do grupo que está interinamente no governo contra os ativistas que tem sido críticos ao golpe.


Mas, apesar da indignação, o Instituo Barão do Itararé e o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, organizadores do encontro, não se intimidaram. Foram à luta e garantiram com os sindicatos, centrais e movimentos sociais as condições para receber os quase 500 inscritos que participaram ativamente das atividades. 

E o que se viu nos três dias de debate foi a vitória do trabalho coletivo, com uma mescla de gente de 23 estados do país interessada em conhecer cada um e cada um que anda por aí, escrevendo e disseminando informação, para além da gosma da mídia comercial. Blogueiros que são jornalistas, blogueiros que não são jornalistas, ativistas de todas as idades e profissões que, indignados com a lógica de propaganda, manipulação e desinformação, decidiram usar as ferramentas da internet para fazer uma guerrilha informacional.


Pessoas como Ronaldo Alves, que enfrentou 40 horas, de ônibus, desde Teresina, no Piauí, sem dinheiro e sem nem saber como voltaria, ou Gabriel Loppo Silva Ramos, um jovem de Montes Claros que passou o chapéu na cidade para viabilizar a viagem, foram os extremos num grupo apaixonado pela escrita e absolutamente necessitado de dizer essa palavra que não encontra morada na grande mídia. Talvez por isso que as sessões de debates e conversas tenham estado sempre cheias e sem a habitual disputa para ver quem tem a melhor proposta.


O encontro de blogueiros teve essa coisa única. Não foi uma disputa de aparelho, nem guerra de partidos, nem um jogo sobre quem é mais inteligente. Tampouco houve cobranças sobre aqueles que estavam ali defendendo Dilma ou os que insistiam na crítica. Foi um espaço de conversa real, na qual as divergências foram apontadas sem dedo em riste ou caras enfastiadas. Cada fala, na mesa ou na plateia, aparecia como um ponto a mais na grande teia de solidariedade, partilha e comunhão comunicacional que estavam todos dispostos a construir. As pessoas estavam interessadas em saber como sobreviver a onda fascistizante que varre o país, como garantir recursos para sobreviver com blogs críticos, como escrever sem dar espaço para judicialização, como narrar a vida com competência e como construir uma rede de apoio e socialização da informação.

Gente de Roraima, do Amapá, de Ceará, do Maranhão, dos rincões mais afastados do Brasil profundo que, nos seus espaços geográfico resiste, muitas vezes solitária, e que veio buscar essa coisa boa que é se sentir parte de algo grande, transformador e generoso.

Nas falas, a certeza de que a blogosfera, o espaço do ativismo digital, teve papel fundamental na denúncia do golpe ocorrido no país. “Nós estamos criando um novo tipo de jornalismo horizontal, viral”, afirmou Laura Capriglione, do Coletivo Jornalistas Livres. “Estamos contando o país desde os nossos celulares e temos de centrar fogo na credibilidade. Esse é o nosso desafio. Checar, checar e divulgar só a verdade, mas sem se fechar num gueto. Temos de chegar longe, ter estratégia de rede, não falar apenas para nós mesmos”.

Nas rodas de conversa, momento estratégico de pequenos grupos no qual todos têm a possibilidade de expor suas ideias, ficou claro que o trabalho do ativismo digital não pode ficar apenas na denúncia do golpe, mas também avançar para a construção de uma soberania na comunicação, coisa que obviamente precisa passar também pela construção de uma outra forma de estado, de organização da vida. Sem a luta concreta na vida, não adianta a luta digital. Há que transformar o Estado para que se tenha também uma outra comunicação, tudo está ligado. E nós, jornalistas – ou comunicadores populares - temos a obrigação de ser o elemento crítico, que narra e desvela a realidade.

O Quinto Encontro dos Blogueiros e Ativistas Digitais terminou com a certeza de que é preciso reunir as pessoas e provocar o conhecimento entre elas. Uma vez feito o contato pessoal e afetivo a possibilidade da formação da rede é bem maior. Também produziu a Carta de Belo Horizonte que repudia o governo ilegítimo hoje no Brasil, faz uma breve análise de conjuntura e aponta eixos de luta na política e na comunicação.

Foi formada também a comissão nacional que tratará de organizar o sexto encontro para daqui a dois anos. Enquanto isso, a luta seguirá, fortalecida e permanente.   

Menção especial aos incansáveis Altamiro Borges e Aparecido Araújo que, com especial carinho e afeto garantiram a expressão de todas as vozes. É assim que se avança!

Dilma participa do encontro de blogueiros em BH

 
 
 















Na sexta-feira, dia 20, a frente do tradicional hotel Othon Palace se encheu de gente. As pessoas foram chegando ainda de tarde, alertadas para o fato de que a presidenta Dilma Roussef estaria ali, para o encontro nacional de blogueiros e ativistas sociais. Quando a noite chegou, banhada por uma enorme lua cheia, já era uma multidão. Num caminhão de som, uma a uma foram falando as lideranças sociais, sindicais e políticas, denunciando o golpe que retirou a presidenta do governo. “O que estamos vivendo é um golpe, sim. Não há como negar. Não há crime cometido por Dilma”.
Eram pouco mais de sete horas quando ela chegou ao hotel. Passaria adiante, na direção da abertura do encontro. Mas, foi impossível. As ruas estavam tomadas por  milhares de pessoas aos gritos de “fica, querida”. A presidenta chorou. Então, falou às gentes: “Eu quero dizer para vocês que eu não vou ficar escondida no palácio da Alvorada. Eu vou resistir ao golpe. Serei uma zeladora da democracia”.
No encontro de blogueiros, Dilma escutou antes a fala da representante dos ativistas- Secretária-Geral do Barão de Itararé e Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Renata Mielli - que fez uma dura crítica ao governo do PT no quesito comunicação. “Ao longo de todos os anos que ficou no poder o PT não enfrentou a batalha contra o monopólio. É necessário que haja um compromisso real com a mídia alternativa, sindical e ativista”. A presidenta falou por uns quarenta minutos, nos quais explicou aos presentes todo o processo que levou ao impedimento e reiterou sua posição no sentido de resistir ao golpe. Apesar de outros políticos do PT que falaram no ato terem feito um “mea culpa” sobre a comunicação, Dilma não se deteve nesse tema.
De qualquer forma, os blogueiros e ativistas deram seu recado. Caso o golpe seja superado e a presidenta volte ao governo, será fundamental que mude seu comportamento com relação à mídia alternativa popular. Mas, não só. Também será preciso fortalecer a EBC e apostar na criação de veículos de comunicação públicos e comunitários. Hoje, os comunicadores estão comprometidos na luta contra o golpe e as diferenças se esboroam diante de uma situação que é muito grave. Por outro lado, há a clareza por parte de todos de que muita estrada ainda será preciso ser palmilhada para se chegar a uma situação satisfatória para as mídias alternativas e populares.
A quinta edição do Encontro Nacional dos Blogueiros e Ativistas Digitais foi organizada pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, pelo Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais e pela Comissão Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais.