Desde las mesas del Centro Sócio-Econômico/UFSC
Alzheimer/Velhice
▼
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Liberdade de expressão - um falso problema
A passagem de uma
opositora do regime cubano pelo Brasil tem deixado um rastro de manifestações
sobre a questão da liberdade de expressão. Reconhecidamente paga por instituições
ligadas ao mercado capitalista, que insiste em recuperar a ilha para sua
órbita, a jovem cubana faz as vezes de embaixadora da "liberdade e da
democracia", contando ao mundo sobre os problemas do regime cubano e do
que chama de "completa falta de liberdade de expressão" no país.
Isso, por si só já coloca uma questão: se ela pode falar ao mundo sobre o que
considera ruim em Cuba e se pode manter um blog na rede mundial de
computadores, como a liberdade estaria sendo negada? Contraditório.
Mas, outros elementos
podem ser apontados nessa "batalha" da cubana por liberdade que
inclui, inclusive, a defesa do bloqueio comercial ao seu país, o que, em última
instância significa o uso da censura, nesse caso econômica. Ou seja. Para os
opositores do socialismo ela pede liberdade, para os que acreditam no regime,
censura. Nada de novo nesse pantanoso campo da chamada "liberdade".
Ao que parece, a liberdade só vale para quem compartilha do mesmo pensar.
Isso pode ser
comprovado com a observação da vida real. Ao longo da história humana, a
expressão sempre foi livre. O que tinha entraves era a publicidade que se
poderia dar a essa expressão. Quando não havia escrita, o alcance das ideias
era muito restrito. No máximo, uma pessoa poderia subir num monte e falar à
multidão. Assim o fizeram os profetas, os líderes rebeldes, os filósofos. Mas,
como sempre, essas expressões estavam subjugadas ao poder de plantão. A pessoa
podia falar, mas tinha de arcar com as consequências. E se o que a pessoa
falasse fosse contra o poder instituído, haveria de provar o gosto amargo da
punição. A história está repleta da história de grandes oradores que tiveram
sua cabeça cortada por dizerem o que o poder não queria que fosse dito. O que
parece regra geral é que o sistema político ou de poder em vigor sempre se
protege. E, a opinião pública é um espaço importante de batalha. Assim, é nesse
campo que muitas vezes se travam as lutas mais ferozes.
Como dizia Gerge
Orwell, no seu prefácio da Revolução dos Bichos, nada pode ser mais perigoso do
que uma opinião pública bem informada. Assim, não é novidade que qualquer
sistema busque controlar a informação. Quem não se lembra da famosa frase do
então ministro Rubens Ricúpero, chamado de sacerdote do Plano Real, durante o
governo FHC, para quem era lícito informar ao público apenas o que interessava
ao governo. Falando com um repórter, sem perceber que estava sendo transmitido ele afirmou: "Eu
não tenho escrúpulos. Eu acho que é isso mesmo: o que é bom a gente fatura, o
que é ruim a gente esconde".
Aquilo que o ministro
singelamente revelou parece ser uma verdade que muitos pretendem seja universal.
A crítica e autocrítica surgem como práticas de "anormais", de poucos,
e sempre vêm acompanhada de represálias, punições, censuras. Nesse sentido,
exercer a tão propalada liberdade de expressão, sendo crítico, é sempre um
risco, seja onde for.
A China
Visitei no início
desse ano a China, um país que agora está frequentemente na mídia por seu
acelerado crescimento econômico. Em 2010
o PIB chinês cresceu 10,4% e, em 2011, embora tenha caído, ficou entre as
maiores taxas do mundo, 9,4%. Há um desaquecimento agora em 2013 por conta da
crise europeia, mas, ainda assim, há quem diga que as coisas voltam a crescer
ainda esse ano. O PIB do ano passado ficou em 8,28 trilhões de dólares. É a
segunda economia do mundo, perdendo apenas para a dos Estados Unidos e
representa 15% de toda a economia mundial. Ali é um bom espaço para observar
esse fenômeno chamado "liberdade de expressão" que todo mundo já
deveria saber é coisa bem diferente de "liberdade de imprensa". A
primeira é o direito de dizer, e a segunda é o de publicar.
O que pude observar na
China é que houve um tempo em que não se podia sequer dizer, se isso
significasse dizer contra o regime. Isso vale para a época em que mandavam os
imperadores, no curto período da República e também para o período comunista
iniciado em 1949. Mas, ainda assim, havia aqueles que expressavam sua opinião,
sempre pagando o preço que o poder instituído impunha. A rebeldia é coisa
atávica, recorrentemente aparece naquele que não aceita aquilo que é. Hoje, na nova China, que se abre para o mundo
capitalista e cresce como fermento, a liberdade de imprensa é totalmente
restrita. As publicações comerciais estão proibidas de fazer crítica. Mas,
ainda assim há as que criticam. Das 10 mil publicações periódicas que circulam
no país, poucas são as que tecem alguns comentários críticos acerca do
epidêmico processo de corrupção que vive o país. Essas notícias são
razoavelmente aceitas porque há o interesse do Estado em mostrar que está
combatendo a corrupção. Mas, se as críticas forem mais profundas, "o bicho
pega", como foi o caso do jornal cantonês Southern Weekly que, em janeiro desse ano, ao
publicar um editorial que denunciava a censura praticada pelo governo junto a
imprensa, imediatamente sofreu intervenção, sendo alguns de seus redatores
presos. O assunto correu pela cidade e chegou a juntar mais de 300
manifestantes em frente ao semanário em apoio ao jornal. Também eles foram
reprimidos e 12 pessoas acabaram presas acusadas de subversão.
Na televisão, que
chega a oferecer 100 canais, as notícias seguem o diapasão daquilo que
interessa ao governo. O que fervilha por debaixo do tapete está fora do foco.
Durante 15 dias observei uma única reportagem acerca da criminalidade. Nada é
veiculado sobre as máfias, o trabalho infantil, a prostituição. O que não
significa que as pessoas na rua não falem e não saibam o que se passa. Ainda
que com certos cuidados os chineses com quem conversei falaram sobre esses
temas e fizeram suas críticas. "Aqui não temos acesso ao facebook, nem ao
twitter e há páginas que não são liberadas para nós. Assuntos como a rebelião
dos estudantes na Praça Tiananmen em 1989 e a chamada revolução dos jasmins,
que aconteceu agora há pouco, não podem ser acessados. Só vocês, lá fora, podem
saber. Mas as informações saem, de alguma forma saem e circulam aqui". Ao
mesmo tempo em que dá a informação, a jovem trabalhadora justifica: "É
forma que o governo tem de manter a ordem". Dentro do país funciona um
sistema semelhante ao facebook, chamado de "kuku". Por ali, grande
parte dos chineses que tem acesso às novas tecnologia se comunicam de forma
quase frenética. Mesmo andando pode-se ver as pessoas clicando nos seus celulares
de última geração. "A gente sabe que não pode falar certas coisas pelo
kuku, mas de alguma maneira as notícias se espalham", conta uma
trabalhadora do comércio.
Cuba
Em Cuba o sistema de
imprensa atua da mesma forma que nos países capitalistas. O que é de domínio do
governo repassa a visão do governo. O espaço para críticas é bastante reduzido.
Por outro lado, o cerceamento da informação não é, em absoluto, igual ao da
China. O que ocorre é que, por conta do bloqueio imposto pelos Estados Unidos,
o sistema de informação não tem a agilidade nem a velocidade que se vê no mundo
capitalista. O acesso à internet ainda é lento porque os provedores que dominam
as infoestradas são de empresas estadunidenses, logo, não atuam na ilha. Ainda
assim as pessoas tem acesso e, hoje, podem entrar em qualquer página, mesmo as
que fazem crítica ao governo, como é o caso da página da cubana que circulou
pelo Brasil.
A centralidade do
controle sobre a mídia impressa também se dá em função da própria situação de
país bloqueado. A falta de papel, de tinta e de renovação nos parques gráficos
foi reduzindo o número de jornais em circulação. Hoje, o Gramna é o único de
circulação nacional, embora existam outros menores, nas províncias. O rádio
ainda é o meio mais importante de comunicação, e desde o início da revolução o
governo incentivou a população a participar, a ajudar na construção do novo
país. Assim que, em Cuba, não há quem não reclame o tempo todo de tudo. A
crítica parece ser um elemento constitutivo da população, logo a liberdade de
expressão é fato consumado. Mas, ao contrário da China, os problemas do país
são discutidos abertamente por todos, nas assembleias de bairro e inclusive na
mídia. O que não significa que não haja represálias contra o que o sistema
considere "perigoso" ao regime. De qualquer sorte, hoje, na ilha,
alguns movimentos de oposição já se expressam publicamente sem censura, como é
o caso do movimento das "mulheres de branco" ou pessoas que,
individualmente, teçam críticas ao governo, como a blogueira que visitou o
Brasil.
Com a abertura
econômica iniciada na década de 90, as coisas vêm mudando no que diz respeito à
modernização das comunicações. A entrada de divisas permite algumas melhorias mas,
como todo o sistema, o cubano também se protege, daí algumas restrições que as
autoridades consideram necessárias para proteger a revolução da influência da sedução capitalista. Ainda
assim, os cubanos têm acesso não só à sedução como à defesa do sistema
capitalista, todos os dias, através do meio que é mais democrático na ilha: o
rádio. Para se ter uma ideia, conforme o jornalista cubano Tubal Paez, existem
mais de 35 emissoras emitindo sinais desde a Flórida, com conteúdo contrário ao
governo e ao socialismo, desde o triunfo da revolução. E, como vimos, o governo
já não impede o périplo propagandista de críticos do sistema pelo mundo afora. Aos
cubanos, em maior ou menor medida - por sua proximidade com os Estados Unidos e
o ataque implacável do sistema capitalista para que a ilha volte a ser "o
quintal" dos EUA - sempre esteve aberto o canal com a promessa capitalista
de "democracia". Até agora, a população decidiu pelo seu modelo de democracia
e pela manutenção das conquistas da revolução.
Brasil
E já que andamos
circulando por vários espaços, vamos falar da nossa aldeia. Poderíamos dizer
que aqui temos completa liberdade de expressão? E a liberdade de imprensa? Os
meios de comunicação privados - dominados por quatro famílias e uma igreja - só
publicam o que lhes interessa. Exatamente como acontece no chamado "mundo
livre", os Estados Unidos. Qualquer outra voz que destoe do discurso
definido pelo sistema capitalista é varrida do jornal ou da tela da TV. Não há
espaço para a voz crítica. Quando ela aparece é unicamente ritual, para dar uma
aparência de democracia. Um bom exemplo local é o caso dos ataques aos ônibus
em Santa Catarina. Como apareceram as vozes críticas da ação governamental? Em
frases soltas, desconectadas, em entrevistas editadas e manipuladas, sendo
chamados de terroristas, baderneiros, aproveitadores. A "democracia"
da mídia capitalista é pura ilusão, como já muito bem demonstrou Noam Chomsky
num clássico estudo sobre os meios de comunicação dos Estados Unidos. Ou
seja, o sistema capitalista também se protege. Repetindo Orwell, a opinião pública
bem informada é perigosa. O que resta então de liberdade de expressão? Os
blogs, as páginas na internet, as conversas pessoais, as reuniões nos
sindicatos, nas associações. Qualquer crítico do sistema capitalista sabe que
pode sofrer represálias, sanções, censura. Desde Jeremias (na antiga Judéia)
que gritar do alto das montanhas contra o poder é coisa arriscada. E, no "mundo
livre" essas represálias se concretizam na falta de emprego nos meios
convencionais, no estrangulamento econômico, na inclusão em listas
"vermelhas", nas ameaças e até no assassinato. Vejam o exemplo do
jornalista Lúcio Flávio, perseguido e ameaçado constantemente por suas denúncias
sobre desmandos, corrupção e violências praticadas pelos poderosos da Amazônia.
Foi processado, condenado e sobre ele pesam multas altíssimas, visando
destruí-lo economicamente. Ou Chico Mendes, assassinado por criticar a
exploração da floresta. Ou Irmã Doroty, assassinada por defender a reforma
agrária. E tantos outros, milhares, que todos os dias são censurados no seu
direito de fazer a crítica. Alguém poderia dizer que não é o Estado quem
promove essas mortes e essa censura. Sim, é. O poder que domina o Estado faz
cumprir, o Estado aceita. Tudo é um conluio.
É certo que esse é um
tema complexo, sobre o qual muitas outras coisas poderiam ser aportadas, mas
essas breves linhas são apenas para trazer à tona a reflexão de que existe a
aparência das coisas e as coisas mesmas. A mídia comercial brasileira tem
mostrado a blogueira cubana como a paladina da democracia. O que é uma meia
verdade. Fragmentos da aparência. Ela é uma propagandística de um modo de vida
que o sistema capitalista quer que seja universal: liberdade para o capital.
Não importa se isso for trazer miséria, fome, abismo social, criminalidade,
violência, medo. Ela é só mais uma num universo de tantos que nos chegam
diariamente na tela da TV ou no jornal. A diferença, que a torna tão especial,
é que ela faz isso desde Cuba, a pequena ilha que resiste há 60 anos,
inventando novas formas de organizar a vida. Com seus erros e acertos, mas
autônoma, sem se render ao modo homogêneo e excludente imposto pelo
capitalismo. Tem ela direito de fazer isso? Tem! Ela não deve gostar de viver
num país onde o supérfluo não é garantido porque, antes, é preciso garantir o
básico a todos e não só para alguns. Ela deve ter sonhos que o capitalismo lhe
acena como possíveis, como vamos saber? Disse numa entrevista que quer ser dona
de um jornal em Cuba. Vaya.. é um bom
sonho, parecido com o meu. Haverá de encontrar financiadores. Seria até bom que
tivesse para vermos como funcionaria lá a "liberdade de expressão".
A nós cabe refletir
sobre nossa realidade, sobre nossa liberdade, antes de ficarmos a apontar para
as travas nos outros lugares. Onde podemos nos expressar publicamente, sem
cortes, manipulações, desvios e alterações? Na Globo? Na Record? Na Band? Na
Folha de São Paulo?
A Venezuela e um possível caminho
O que me ocorre pensando sobre os problemas de
cada sistema de governo e poder é que essa linha entre a liberdade de expressão
e a liberdade de imprensa é sempre muito tênue e de difícil manobra. Cada
sistema tem seus argumentos para defender a censura, a punição aos críticos, a
manipulação das informações. Fica então a pergunta: o que fazer? Como agir de
forma a permitir que a liberdade de expressão encontre espaço na livre
publicação. A Venezuela de hoje é a que me parece estar mais próxima da solução
desse imbróglio. Lá, houve uma revolução, chamada bolivariana, muitas coisas
forma mexidas desde a estrutura. Lá, discutiu-se e aprovou-se uma lei das
comunicações que garante aos movimentos sociais espaços reais de expressão,
através não só dos meios públicos que foram criados, como também na exigência
de que esses conteúdos sejam veiculados nos meios privados. O que isso significa?
Que lá, apesar de ainda existirem meios privados de comunicação que são
poderosos e que travam uma batalha feroz contra o governo Chávez, eles são
obrigados por lei a divulgar conteúdo produzido pelos movimentos organizados.
Ainda não o fazem, mas chegarão a isso. E o governo, pelo seu lado, aceita a
presença e a crítica dos opositores. Não é algo que aconteça sem conflito. Pelo
contrário. A luta de classes que se expressa real e concreta na revolução bolivariana
aparece no campo da comunicação também. É uma batalha cotidiana.
A diferença é que a
população venezuelana tem acesso as várias visões da realidade. Pode ligar a
televisão e ver a posição dos opositores do governo, pode ver novelas,
programas imbecis como os que temos na TV brasileira, enlatados. Mas, também
pode ver, através de canais abertos, a visão do governo, via meios estatais, e
a visão dos movimentos comunitários organizados, através dos meios públicos. Ou
seja, a pessoa tem acesso a vários ângulos dos fatos. Pode, nesse recorrer
entre as versões, formular livremente a sua opinião.
É um caminho em
construção. Nada está dado. A revolução bolivariana avança e retrocede, e isso
ocorre justamente porque estão em disputa na sociedade diversas visões sobre
como organizar a vida. É um revolver cotidiano nas certezas. Isso pode ser ruim
para quem quer ficar no poder, mas também pode ser bom. Significa que tanto
povo como governantes precisam ficar atentos, vigilantes. É a chamada
"democracia participativa", coisa que dá trabalho, é difícil, exige
muito compromisso, mas parece ser o melhor caminho nesse tão fechado jeito de
fazer comunicação que tem sido modelo no mundo.
As opções da China, de
Cuba, do Brasil, dos Estados Unidos, da Venezuela são as opções que foram
possíveis num determinado momento histórico, com determinadas forças sociais e
econômicas. Cada país precisa encontrar as melhores formas de garantir a
liberdade de expressão e de publicação das ideias. Essa é uma tarefa
gigantesca, passível de erros, o que não significa que não deva ser
empreendida. Nós, no Brasil, ainda temos muito que andar nessa estrada de
liberdade. Muito que andar...
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Jornadas Bolivarianas de 2013 discutem os Megaeventos Esportivos
Já está
tudo pronto para a nona edição das Jornadas Bolivarianas, evento anual do
Instituto de Estudos Latino-Americanos (Iela), que acontece de 9 a 12 de abril
de 2013, no Auditório da Reitoria da UFSC. O tema desse ano são os Megaeventos
Esportivos, buscando refletir os impactos e as consequências desse tipo de
proposta uma vez que o Brasil sediará tanto a Copa do Mundo em 2014, como as
Olimpíadas em 2016.
Foi em
função dessa realidade que o IELA decidiu trazer para o debate o esporte, que
aparece hoje como um dos maiores eventos de massa da modernidade. Estima-se que
as Olimpíadas e a Copa do Mundo de Futebol sejam assistidas por mais de 4
bilhões de pessoas, ou seja, mais da metade da população planetária; portanto, esses
eventos a se realizarem no Brasil, trarão para o país e para todo o continente
latino-americano, antes, durante e após sua realização, muitos desafios,
problemas e implicações culturais. Por conta disso, o Iela incorpora esse tema
na sua discussão anual e traz pesquisadores e estudiosos de países que já foram
sede de eventos semelhantes para discutir criticamente como vai ser o processo
de preparação desses "acontecimentos" e qual o legado que eles realmente
deixam aos povos.
Estimam-se
gastos na ordem de mais de 200 bilhões de reais para a realização da Copa do
Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Brasil, produzindo impactos
significativos sobre as atividades econômicas, sociais, culturais e
educacionais não só no país como em toda a América Latina. Também já se sabe
que 60% desse valor - ou mais - serão suportados pelo Estado Brasileiro nas
esferas municipal, estadual e federal. No rastro dessa sangria de recursos
públicos, os governo prometem melhorias que, ao final, acabam não acontecendo.
Exemplos como a Grécia, China e África do Sul ainda são bem recentes.
Estruturas imensas foram criadas para abrigar Olimpíadas e Copa do Mundo, e
hoje estão abandonadas. O famoso estádio Ninho de Pássaro em Pequim, que tanto
furor causou pela beleza e magnitude, está fechado há mais de ano, sem que nada
aconteça lá dentro. Dinheiro queimado.
Segundo
o presidente do Iela, que é professor de Educação Física, Paulo Capela, os megaeventos
Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas acabam aparecendo como formulações
econômicas produzidas para o enfrentamento da crise pela qual passam os estados
nacionais capitalistas e que começam também a ser adotados como forma política
de estado em países empobrecidos e emergentes. "Diante da incapacidade do
estado capitalista de atender de forma equânime a todas as populações nacionais
constituintes de suas cidades, este mesmo estado promove entre elas, em razão
da escassez de recursos públicos, acirradas competições. Essa lógica
aparentemente produz algumas ilhas de modernidade, mas de forma geral empobrece
os países-sede desses eventos, promovendo o subdesenvolvimento, ou seja, mais
pobreza sistêmica".
E é
para entender melhor os processos que são gerados com a lógica dos megaeventos
que as Jornadas Bolivarianas oferecem à comunidade universitária e ao público
em geral, de forma gratuita, debates com nomes renomados no mundo esporte, que
buscam compreender os impactos gerados por essas formulações econômicas
chamadas de "megaeventos" que muito mais visam lucros para muito
poucos do que a saudável promoção do esporte.
No
Brasil, tudo já está girando em torno desses dois eventos. Desde a compra de
televisores até as falsas promessas de melhorias nas cidades. Por isso, debater
sobre eles e construir uma proposta de cunho popular para o esporte é tarefa do
pensamento crítico, elemento básico do trabalho do Instituto. O Iela traz
estudiosos da África do Sul, México, Uruguai, Equador, Cuba, assim como
importantes pensadores do esporte em nível de Brasil como Juca Kfouri, Fernando
Mascarenhas, Marcelo Proni e Nilso Ouriques. Veja a programação e participe do
debate. Com conhecimento de causa e informação de qualidade os brasileiros
poderão encontrar outras saídas para a prática de esportes.
IX Jornadas Bolivarianas
Megaeventos Esportivos -
seus impactos, consequências e legados para o continente latino-americano
9 de abril de 2012
- Noite
– Aud. da Reitoria – UFSC
18:30 –
Abertura oficial das VII Jornadas Bolivarianas
19:00 – Conferência de
abertura: Os
Megaeventos Esportivos: Impactos, Consequências e Legados para o Continente
Latino-Americano
Conferencista: Jaime Breilh/ Equador - Doutor e
Diretor da Área de Saúde da Universidade Andina Simón Bolivar. Coordenador do
Global Heach para a América
10 de
abril de 2011
- Manhã
– Aud. da Reitoria
9:00 – Conferência: O Estado, os
Movimentos Sociais, as Políticas Públicas de Esporte e Lazer e os Direitos
Sociais frente aos Megaeventos Esportivos
Antonio Becali Garrido, Reitor da Universidade de
Ciências de la Cultura Física e Esporte - Cuba
Fernando Mascarenhas UNB, Brasília, Brasil
- Tarde
– UFSC e Hall da Reitoria
14:30 – 18:00 – Apresentação de Trabalhos
- Noite
- Aud. da Reitoria
18:30 - Conferência: A
Mídia, o Jornalismo Esportivo e a Cobertura dos Megaeventos Esportivos
Juca Kfouri - São Paulo
Maurício Mejía - México
11 de abril de 2012
- Manhã
– Aud. da Reitoria
9:00 – Conferência: Acumulação do capital e megaeventos esportivos
Nilso Ouriques - Unoesc/ Brasil
Marcelo Proni – Unicamp/Brasil
- Tarde
– UFSC e Hall da Reitoria
14:30 – 18:00 – Apresentação de Trabalhos
-
Noite
19:00 – Conferência: Tema: Cidades, Cidadania, Participação Popular e os
legados dos megaeventos esportivos
Eddie Cottle - África do Sul - Autor do livro South
África`s Wold Cup: A Legacy For Whom? (Copa do Mundo da África do Sul: um
legado para quem?)
Raumar Rodrigues Gimenez – Universidade Republica do
Uruguai
12 de abril de 2012
- Manhã
9:00 - Mesa redonda: O
impacto dos megaeventos e a alternativa nacional-popular
Todos os palestrantes
Todos os palestrantes
iela@iela.ufsc.br
48.
37216483 - 99078877