Alzheimer/Velhice

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quero de volta o futebol e que se dane o capital

Que absurdo!!!

Sou apaixonada por futebol. Desde pequena vivo essa beleza de estádios, vestiários, gols, campos mal cuidados e homens correndo atrás da bola. Quando criança, era a mão firme do meu pai que me levava para o velho estádio do Internacional de São Borja, onde aprendi o beabá deste esporte tão lindo. Encantavam-me os dribles incríveis, a ginga, o passe bem feito, o cabeceio, a bicicleta, o ataque cheio de alegria, o gol. Hora de êxtase. Nunca me importei muito com quem ganhava, mas com a beleza das jogadas. Eu as via como uma dança, uma espécie de balé do qual emanava uma magia sem fim.

Por ser fã do meu pai meu caminho natural acabou sendo o Grêmio, time do seu coração. Mas a minha mãe era louca pelo Inter e, com ela, acompanhava também as partidas do colorado porque, afinal, o que valia mesmo era o jogo em si. Raras são as emoções tão abissais como a de um estádio lotado na hora do gol. Talvez uma passeata de luta seja o que mais se assemelhe.

Há 24 anos vivendo em Florianópolis enveredei para o lado do continente, e meu time do coração é o Figueirense, o qual acompanho com fidelidade canina. Cubro-me com o manto alvinegro, durmo com o travesseiro alvinegro, minha bolsa tem a cor do figueira, enfim, essas coisas que só quem morre de paixão pela bola explica. É, porque duvido que possa haver alguém que consiga definir porque amamos esse e não outro time. Sei lá, não importa.

O que quero falar mesmo é que essa paixão está perdendo sua graça. Outro dia, do nada, percebi isso. Assistia ao jogo do Botafogo com o Internacional e me liguei que a gente não pode mais andar por aí com a camisa do time do coração. Porque ela não existe mais. Agora, o que cobre o corpo dos jogadores é um painel de propaganda. A camisa do meu Figueira estampa um imenso “Thashibra”. Imaginem que eu vou andar por aí com isso no peito. Impossível. A desgraça do capital consegue nos roubar até isso.

A camiseta do Botafogo me pareceu um absurdo: nela gritam João Fortes e Guaraviton. Mas o que é isso? A do Inter e a do Grêmio ostentam o nome do Banrisul e até o timão virou agora Neo Química. E, imaginem vocês, a gente ter de ver a do “mais querido” com um imenso Batavo. É o cúmulo! Cada torcedor acaba sendo propagandista de um produto o qual nem escolheu. A camisa não é mais o manto sagrado do amor incondicional. É outra coisa. É painel, é propaganda de algo que se usa, que se come, ou sei lá o quê.

Penso que deveria haver um grande movimento de retomada de nossas camisetas, como elas são, com as cores originais, sem nenhuma propaganda oportunista se colando a ela. Os cartolas que inventem outras formas de ganhar dinheiro, mas não peguem aquilo que é a identidade da nossa paixão. Quem sabe, nesse movimento, não se poderia também fazer retornar o bom e velho futebol, da arte, alegria, do drible sapeca, da alegria.

É isso! Quero de volta o futebol e a minha camiseta, sem máculas. Que se dane o capital!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Antropóloga volta ao Cinespaço Beiramar


Que não viu o filme belíssimo do Zeca Pires, A Antropóloga, agora poderá curtir ainda na telona. É que o filme voltou para o cinema no Cinespaço Beiramar, depois de uma temporada de sucesso logo depois do lançamento. Como acontece com a maioria dos filmes nacionais, o projeto do cineasta catarinense entrou em cartaz e ficou pouco tempo, apenas dois meses. Na verdade, por conta do sucesso de público ele até durou bem mais do que a maioria dos filmes brasileiros, mas ainda não foi suficiente para que toda a gente pudesse curtir. A temporada começou nesta sexta-feira, dia 28, sempre às 18h50min, na Sala 5.

Agora, com o retorno à tela grande, mais pessoas poderão vibrar com a beleza da história passada na histórica comunidade da Costa da Lagoa.O enredo envolve um antropóloga portuguesa que se depara com toda a magia da ilha, e que fica dividida entre a ciência e que não se explica pela racionalidade moderna.

O filme nos carrega para toda a atmosfera da vida profunda desta ilha de Florianópolis, com sua cultura centenária, o culto ao mágico, a presença poderosa das mulheres que dominam as plantas e a arte de curar. Especial atenção à atuação do ator local Eduardo Bolina, que faz o pescador. A cena em que ele é levado pela bruxas tende a se tornar uma cena clássica no cinema catarinense. É de uma beleza alucinante. Nada mais justo a um ator que tem batalhado muito para se afirmar na sua própria terra.

Sobre o Zeca Pires não há muito o que dizer. Ele é o nosso cineasta mais querido, sempre batalhando pelo cinema catarinense. Com esse longa ele se afirma na história local, não só como um diretor de qualidade, mas como um homem que, podendo enveredar pelas trilhas do sucesso fácil, prefere contar de seu mundo, às vezes não tão fácil de se entender.

A Antropóloga é um filme que todos os catarinenses deveriam ver.

Mais informações e fotos no site:www.aantropologa.com.br

Babe: