Alzheimer/Velhice
sábado, 9 de julho de 2011
Facundo Cabral, vive para sempre
Dignidade
A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades. Minha luta é igual à de milhares de professores da rede pública. É um combate pelo ensino público, gratuito e de qualidade, pela valorização do trabalho docente e para que 10% do Produto Interno Bruto seja destinado imediatamente para a educação. Os pressupostos dessa luta são diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE. Entidade empresarial fundada no final da década de 1980, esta manteve sempre seu compromisso com a economia de mercado. Assim como o movimento dos professores sou contrária à mercantilização do ensino e ao modelo empreendedorista defendido pelo PNBE. A educação não é uma mercadoria, mas um direito inalienável de todo ser humano. Ela não é uma atividade que possa ser gerenciada por meio de um modelo empresarial, mas um bem público que deve ser administrado de modo eficiente e sem perder de vista sua finalidade.
Natal, 02 de julho de 2011
Prezado júri do 19º Prêmio PNBE,
Recebi comunicado notificando que este júri decidiu conferir-me o prêmio de 2011 na categoria Educador de Valor, “pela relevante posição a favor da dignidade humana e o amor a educação”. A premiação é importante reconhecimento do movimento reivindicativo dos professores, de seu papel central no processo educativo e na vida de nosso país. A dramática situação na qual se encontra hoje a escola brasileira tem acarretado uma inédita desvalorização do trabalho docente. Os salários aviltantes, as péssimas condições de trabalho, as absurdas exigências por parte das secretarias e do Ministério da Educação fazem com que seja cada vez maior o número de professores talentosos que após um curto e angustiante período de exercício da docência exonera-se em busca de melhores condições de vida e trabalho. Embora exista desde 1994 esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora comprometida com o movimento reivindicativo de sua categoria.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Quando a política é pequena
Na sua coluna no jornal Notícias do Dia - Florianópolis deste 8 de julho, o jornalista Carlos Damião emite opinião sobre o movimento grevista dos professores da rede estadual e destaca no seu texto que o motivo da continuidade da greve é a partidarização da direção dos sindicatos de servidores públicos e de outras categorias, e cita explicitamente o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina. Em defesa da verdade, os jornalistas diretores da entidade convidam o colega para comparecer ao Sindicato para dialogar, conhecer melhor e compreender como funciona a organização sindical e o motivo da sua existência, assim como as lutas diárias em defesa dos direitos dos trabalhadores, tema tão ausente na maioria dos meios de comunicação. Ao colunista, a liberdade de dizer e manifestar a sua opinião é líquida e certa, porém o Sindicato dos Jornalistas não pode deixar passar o momento sem afirmar, publicamente, que o comentário não só distorce a realidade como provoca, no conjunto dos leitores, uma interpretação equivocada do que seja a verdade. O Sindicato dos jornalistas é, sim, 'aparelho', mas 'aparelho' de luta dos trabalhadores em defesa dos seus direitos!
Nenhum ser humano é ilegal
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Olívio Dutra, um cara bom!
Os desafios dos trabalhadores públicos
Para marcar o Dia Nacional de Luta dos Trabalhadores Públicos Federais o comando de greve dos trabalhadores da UFSC promoveu nesta terça-feira (05.06) um debate buscando envolver as três esferas do serviço público, na tentativa de refletir sobre a conjuntura nacional e os desafios colocados para os trabalhadores. Participaram representantes dos sindicatos estaduais e federais. Os municipários não vieram.
O primeiro a falar foi o representando do ANDES (Associação Nacional dos Docentes) , Paulo Rizzo. Segundo ele, também entre os professores já começa a se registrar alguns levantes, como é o caso da UFRJ, Pernambuco, Tocantins, Pelotas e Santa Maria. Nestas universidades já tem professor parado, discutindo reajusta salarial e melhorias na educação. “Para vocês terem uma ideia, hoje, 40% dos nossos vencimentos são gratificações”. Paulo Rizzo acredita que houve alguns avanços no que diz respeito a uma proposta de unidade entre os trabalhadores públicos, mas entende que isso ainda não tem sido suficiente para impulsionar uma luta conjunta.
Rizzo mostrou que o governo de Dilma Roussef já começou com problemas, na medida em que anunciou um corte de 50 bilhões, logicamente se refletindo nas áreas estratégicas como saúde, educação e alimento. Os juros das dívidas, que comem bilhões e bilhões do orçamento seguem sendo pagos religiosamente. Por outro lado esse governo segue os exemplos do anterior: é autoritário e não negocia com os trabalhadores. Inventaram a estratégica proposta da “negociação permanente”, que é de fato permanente, não levando a lugar algum.
O professor elogiou os trabalhadores técnico-administrativos que saíram na frente e que seguem fazendo uma luta de resistência contra a privatização do HU, pela contratação de pessoal e contra a privatização da Previdência. “A gente sabe que a greve não é uma coisa que se faz pelo desejo dos dirigentes. Ela vem quando as condições estão dadas. E agora vocês e nós estamos sem saída. A inflação está aí, come nossos salários e temos de lutar. Na verdade, estamos em luta para recuperar o que já tivemos. É mesmo uma batalha de resistência”.
Caio Teixeira, representante dos trabalhadores do judiciário (Sintrajusc), contou sobre como anda a luta de sua categoria, que já fez duas greves nos últimos anos, sempre buscando manter as conquistas, resistindo. Agora, nesse momento, parte da categoria está parada, Santa Catarina ainda não aderiu. A luta é pelo Plano de Cargos e Salários, no mesmo diapasão da dos técnicos-administrativos da UFSC. Segundo ele, o orçamento da União explica um pouco sobre o dinheiro que falta aos trabalhadores e lembrou que é preciso sempre ter em mente que o que acontece é uma luta entre o serviço público e o mercado. A disputa está nesses dois pólos. “Hoje, 45% do orçamento da União vai direto para o setor privado, via pagamento da dívida pública, fora o que sai indiretamente. São 200 bilhões ao ano de aumento na dívida pública”.
Caio lembrou que aquilo que seria a mais-valia do trabalhador público é o que escorre para a mão do empresariado capitalista, seja via juros, ou outras formas. Um exemplo é que acontece nesse momento quando um banco de desenvolvimento social do país (o BNDES) tira dos seus cofres mais de quatro bilhões para comprar ações dos negócios de um único empresário, Abílio Diniz, para que ele possa realizar uma fusão que promete engolir centenas de pequenos comerciantes. “O que temos de ver com os negócios do Abílio Diniz? Por que temos de pagar para ele ficar mais rico?”. Assim, Caio parabenizou a greve dos trabalhadores da UFSC dizendo que não há vergonha alguma em lutar por salários, porque aquilo que não vem para os trabalhadores públicos nunca é repassado para outros trabalhadores, que ganham menos, mas sim para os empresários. “O que temos de fazer é manter a resistência, como se ela fosse esse fogo que não pode nunca se apagar. Porque é com a nossa resistência que vamos quebrar a lógica do capital”.
Antônio Battisti falou representando os trabalhadores públicos estaduais. Segundo ele, todos estes levantes de resistência dos trabalhadores tem uma ligação comum. São pautas que se opõe aos planos de ajustes fiscais que se mostram em nível mundial. A luta pelo HU, contra a privatização da Previdência, pela valorização do serviço público está visceralmente ligada ao que acontece hoje na Grécia, na Europa e no mundo árabe. As propostas do sistema financeiro como as de manter juros altos e aumentar superávits primários são as mesmas em todo o mundo. “Aqui também se luta contra elas, vocês estão lutando, os professores estaduais estão lutando, o judiciário está lutando. É a mesma luta”.
Diz Battisti que a crise do capital mundial já consumiu mais de 30 trilhões de dólares, reforçando-se com a crise nos EUA que jogou milhões de famílias na rua e segue agora tomando conta da Europa e da África, sempre sacrificando os mais pobres. Aqui no Brasil o governo entra nessa mesma lógica, cortando na carne do povo enquanto segue beneficiando gente como Abílio Diniz. Ao mesmo tempo se ampara na Lei de Responsabilidade Fiscal para dizer que não há recursos para os trabalhadores. “Essa lei é um ataque aos serviços públicos. Temos de derrubá-la. A saúde, por exemplo, tem 80% dos gastos no setor de pessoal, porque é de gente que se precisa para cuidar de doentes”.
Battisti acredita que esse movimento de resistência levado hoje pelos trabalhadores, e que ainda é incipiente, precisa crescer. Segundo ele não dá para deixar na mão de gente como Sarney e Collor o destino da reforma fiscal, por exemplo. “Nós precisamos de uma nova Constituinte, que mude tudo. Essa deveria ser a luta”.
Em linhas gerais os três palestrantes convergiram na ideia de que os trabalhadores precisam resistir e fazer lutas. Isso é certo. Mas, por outro lado, mais do que resistir os trabalhadores deveriam ter um projeto minimante unificado de país. Na Grécia temos visto, praticamente todos os dias, desce há mais de três anos, manifestações gigantescas dos trabalhadores, lutas renhidas, confrontos com a polícia e mesmo assim, dia após dia, o parlamento grego segue legislando contra a maioria da população. Por que esse parlamento não cai? Não seria porque não há um projeto de país que pudesse unificar todas as forças em luta? O mesmo se dá aqui no Brasil.
Nos últimos anos – patrocinados pelo governo de Luis Inácio – os movimentos sociais e sindicais foram se domesticando, cooptando, aceitando cargos e benesses. Alguns lutadores chegaram a assumir o comando dos mal fadados fundos de pensão. Tudo isso frustra e causa desconfiança entre os trabalhadores.
Hoje existem lutas se fazendo no país, é um fato. Mas elas acontecem de forma isolada, sem conexão, como se não fizessem parte da grande luta contra o capital como bem lembrou Batistti. Um exemplo disso foi a proposta de mudança no Código Florestal, defendida pelo PC do B e pelo PT, partidos que se dizem de esquerda. A maioria do movimento sindical deixou a luta a cargo dos indígenas e ribeirinhos, sem compreender que essa era uma luta de todos os trabalhadores. Poucos são os jornais sindicais que conseguem sair de seu umbigo, mostrando as ligações que existem entre as demais lutas que se travam no país. Há uma grande fragmentação e muito pouca conversa no sentido de constituir outra vez uma proposta mínima que unifique os lutadores num projeto maior, de nação ou de país.
Mais do render loas aos que resistem, os movimentos sociais e sindicais deveria ter como compromisso expor cada vez mais as contradições do capital, estabelecer as ligações que as lutas isoladas têm com a grande batalha contra o sistema capitalista e forçar a ruptura com tudo isso de forma unificada. Sem uma unidade verdadeira, para além dos partidos que hoje já não representam mais os desejos da maioria, não haverá avanços significativos. O que se pode conseguir são passos adiante, muito pontuais e desconectados da verdadeira luta que teríamos de travar: a luta unificada contra o sistema capitalista para que venha, de vez, a sua destruição.
Dilma se nega a negociar com trabalhadores e ainda tripudia
Espera-se que os trabalhadores reforcem o movimento de greve. Na UFSC a assembléia que discute o assunto será nesta quinta-feira, às 14, no RU.
Ricaço cara-de-pau
Luciano Huck é condenado a pagar R$40 mil por cercar de boias sua casa em Angra dos Reis - do UOL
A juíza da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis, Maria de Lourdes Coutinho Tavares, condenou o apresentador Luciano Huck a pagar R$ 40 mil por cercar de boias a faixa costeira ao longo de sua casa na Ilha das Palmeiras, em Angra dos Reis, sem autorização ambiental, “sob o propósito de exercício futuro de atividade de maricultura”.
Huck é alvo de uma ação do Ministério Público, que sustenta, no processo, que a motivação da colocação do cerco "é outra que não a atividade de maricultura, ou seja, a maricultura seria um instrumento, um pretexto para legitimar a pretensão não acolhida pela lei, de apoderamento de bem de uso comum do povo".
Ainda de acordo com o processo, se Luciano descumprir a ordem, terá de pagar uma multa de R$1 mil por dia. O MPF já havia emitido uma recomendação para que o apresentador retirasse o cerco até conseguir a autorização para o exercício da maricultura e que, após a autorização, "as boias sejam colocadas de maneira que não prejudiquem o trânsito de embarcações, não causem dificuldade para a aproximação da Ilha das Palmeiras e não provoquem a sensação de que aquele espaço público foi delimitado para uso privado."
Procurada pela reportagem do UOL, a assessoria de imprensa de Luciano Huck disse que o apresentador frequenta há mais de dez anos e apoia projetos de desenvolvimento da região. "Huck acredita que a maricultura é uma atividade que pode ser muito desenvolvida e tem um projeto tramitando no Ministério da Pesca e Aquicultura já aprovado pelo Ibama. Não concorda com a decisão e os advogados irão recorrer", disse a assessoria.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Carta ao comandante Chávez
Por Raul Fitipaldi
Meu companheiro, sabe, andei meio bravo com você nos últimos tempos: algumas deportações que não entendi, alguns amigos seus colombianos que não me agradam. Enfim, todos temos o direito sagrado ao dissenso. Falar-nos cara a cara faz parte do mundo livre que queremos você e eu.
Nestes dias você anda complicado de saúde, cuidou do seu espírito revolucionário e não do seu corpo. Por isso os criminosos refestelam-se, se lambem as feridas de tanta derrota que você e seu povo têm lhes impingido. Muitos companheiros fazem um histórico da sua obra, que não entra em livros enormes; que dizer em pequenos artigos? Os jornais da direita aplaudem seu mal-estar, os da rebeldia estamos meio apequenados, assim, com algo de tristeza e medo. Mas, medo por que?
Olhe sua América Nossa, a de Bolívar, San Martín, Artigas, Sandino, Juana Azurduy, Alfaro, Manuel Rodríguez, Morazán e El Che. Olhe a América de Fidel e Chávez cumpa, olhe bem! Tá levantada, tá enérgica, tá lúcida, tá em movimento, tá abraçando a todos os povos pobres do mundo em estado de libertação! Descem de novo dos morros caraquenhos para resgatar seu comandante os fazedores da Revolução Bolivariana – que nunca saberei que seja muito claramente, mas isso porque sou algo ortodoxo, tal vez. Essa revolução que somou-se à cubana e faz comer, ver, ler, trabalhar e sonhar com esperanças em outro mundo possível, não só para a América Nossa como para todo o mundo. Você sempre esteve e estará à frente da nossa marcha, com o teimoso Fidel, com as massas anônimas do Che.
Você não precisa voltar à condução, porque você não saiu nunca da condução. E nunca sairá da condução, porque o mando que entregamos os povos para você exercer tem 520 anos de lutas, conquistas, vidas e esperanças. Os filhos da Abya Yala, as crias pobres da Europa, os afrolivres do mundo, os heróicos trabalhadores pelos que lutou Ho Chi Minh, todos estamos seguindo sua palavra histórica, sua luta titânica, seu amor imenso pelo Povo.
Meu companheiro, não queria hoje falar de política com você, para isso estão meus bons amigos e colegas venezuelanos que nos mantém informados o dia todo sobre a Pátria de Bolívar. Queria lhe expressar que numa perdida ilha do Atlântico, ao Sul do Brasil, Desterro (Florianópolis, seu nome ingrato), onde publicamos páginas e páginas sobre as lutas das gentes pobres, de todo mundo, onde estamos virtualmente embarcados numa Frota a Gaza, onde abraçamos a cada amanhecer as resistências dos povos, a de Honduras em especial, acumulamos horas e horas de aprendizado com seu Alô Presidente, com seu ALCARAJO!, com sua saga humana ímpar que nos ensina para onde ir, e como ir.
Hoje, os jornalistas alternativos, os veículos da comunicação livre do povo, estamos com os olhos em você, com as mãos estendidas a Havana, para lhe dizer: – Passe cumpa, aqui, na casa dos pobres em luta, você não precisa pedir licença, e vá dizendo algo, que sua voz é um hino à liberdade!
domingo, 3 de julho de 2011
Milhares em luta no Chile
Uma marcha partiu da Praça Itália até a Praça dos Heróis, encabeçada pela Confederação de Estudantes de Chile, pelo Colégio de Professores e pela Central Unitária de Trabalhadores.Ocorreram também manifestações em Arica, Iquique, Antofagasta, A Serena, Coquimbo, Valparaíso, Concepção e Valdivia, entre outros pontos da geografia chilena.O objetivo principal dos mobilizados é organizar a construção de um projeto de educação garantida constitucionalmente como um direito social universal em todos seus níveis e sobre a base de um sistema de educação pública, gratuita e de qualidade.
Os organizadores contaram com uma resposta em massa à convocação do que identificam como um desemprego cidadão e social pelo apoio a cada vez maior de amplos setores ao que começou como um movimento da comunidade educativa."Esperamos uma grande quantidade de pessoas, quiçá mais que a última jornada", disse o presidente do Colégio de Professores, Jaime Gajardo, em alusão à manifestação do passado 16 de junho, quando marcharam mais de 100 mil chilenos pela Alameda e outros 100 mil em diferentes cidades do país.Gajardo ponderou o alcance da demonstração e convidou a somar-se a ela a todo mundo social, político, eclesiástico e parlamentar "porque aqui há um tema que nos interessa a todos e é transversal: recuperar a educação pública para Chile".
Alicia Lira, presidenta do Agrupamento de Familiares de Executados Políticos, manifestou o apoio das organizações defensoras dos direitos humanos aos protestos contra a mercantilização da educação."Para nós para além de lutar pela verdade e a justiça, nos interessam as políticas de país, nos interessa a educação que precisam nossos jovens", assinalou Lira.Forças da esquerda chilena como o Partido Comunista, o Partido Esquerda Cristã de Chile, Juntos Podemos Mais e o Partido do Socialismo Allendista participaram da marcha.Participaram também os prefeitos da zona sul de Santiago, a Associação Nacional de Empregados Fiscais, a Associação Chilena de Bairros e Zonas Patrimoniais, os servidores públicos da Saúde Municipal, a Frente Ampla da Saúde Pública e a Coordenadora de Pais e Apoderados, grupos ambientalistas como Ação Ecológica e Patagônia sem represas e trabalhadores e servidores públicos do Ministério de Educação.